Saudades

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― O que foi dessa vez?

— Só uma perguntinha, quanto tempo Natanny vai ficar aqui em casa?

— Que tipo de pergunta é essa?

— Uma pergunta normal ué... Ela já viu você, já conheceu a Jasmim, já invadiu o nosso espaço, já sabe a onde a gente está e já pode nos incomodar sempre que quiser mas agora ela tem a sua vida profissional e um noivado para resolver!

― Sam, ela não vai se instalar aqui na nossa casa e ficar para sempre se é isto que está pensando... ― James, eu tenho o direito de querer estar bem na minha própria casa e a Natanny não está me deixando ter esse direito.

― Ela não está fazendo nada, são as suas implicâncias e pensamentos do passado que te impedem de notar isso!

― O quê? Você ouve as bocas que ela me manda? Ainda a pouco tempo deu pra falar do Stev e nós sabemos muito bem o que levou à morte dele...

― Tudo bem, ela as vezes fala demais e as vezes tem comentários um tanto desnecessários mas... ― Tipo 90% das vezes que ela abre a boca!

― Mas você tem que entender que ela se esforça... também foi difícil pra ela adaptar-se com tudo!

― Meu amor eu compreendo isso tudo e estou me esforçando a 100% para sermos uma família super normal e termos uma melhor relação mas as vezes fica difícil... ― Não se esqueça que você também tem andado muito estressada nesses dias por conta da gravidez, Sam!

― Eu? Estressada?
Você quer me ver estressada James? Olha que eu ainda não fiquei realmente estressada!

― É claro que não quero, querida... mas a culpa não é sua, eu sei que isso tudo é da gravidez...

― Da gravidez? Sério James? Você alguma vez ficou grávido para saber?

― Está vendo? Já está alterada!    ― James você não vai querer me ver alterada... agora me deixe em paz, por favor... eu quero dormir!

― Não vai jantar meu bem? ― Pergunta assustado. 

― Me ouviu dizendo que quero jantar?

― Está bem, não te incomodo mais... ― Responde indo embora me deixando finalmente em paz... 

Eu não sei se era implicância da minha parte mas as vezes parecia que a Natanny fazia de propósito só para me atingir mas a cara dela parecia de arrependimento, se calhar o James tem mesmo razão, talvez eu estou demasiado  nervosa por conta da gravidez e não notei a forma como venho tratando os outros, se calhar deveria baixar mais a guarda e não estourar a paciência muito rápido se não nunca teremos paz dentro de casa e eu e ela nunca iremos nos entender, se eu quero ser uma boa... madrasta, fico com náuseas só de pensar nisso... mas se eu quero ser uma boa madrasta eu tenho de ser paciente até conseguir me habituar com a Natanny de volta nas nossas vidas...
Saio do banheiro me preparando para ir dormir quando alguém bate a porta:


— Quem é?  

― Sam... é a Natanny, posso entrar?

― Ah não, essa não! — Digo baixinho... ― Claro... entre! ― Digo ignorando os meus pensamentos...

― Eu só vim pedir desculpas... você sabe que eu não sou a pessoa mais discreta, as coisas escapam da minha boca sem eu me aperceber!

― Tudo bem Natanny, eu não fiquei chateada com você, só por favor não volte a tocar no mesmo assunto, você sabe que a morte do Stev não foi fácil para mim!

― Fique tranquila que eu não volto a pisar na bola...

― Okay!
...Natanny, você tinha dito que... os meus pais se mudaram pra Londres... você não sabe mais nada sobre eles?

― Não, desde que eles foram embora nunca mais voltaram... mas li numa revista que eles estavam em Londres, foi por isso que falei!

― E... a galera da escola?

― Estão todos bem... A Liz, como você já deve saber, está fazendo o doutoramento na Bélgica, a Holy está trabalhando na empresa dos pais e já está preparando as coisas pro seu casamento, Sindy se mudou pra Manchester com... o Noah!

— Então eles chegaram a fazer as pazes...

— Parece que sim, nunca vi casal mais confuso que aqueles dois!

— Confusos ou não eu desejo à eles toda a felicidade do mundo, do mesmo jeito que eu sou aqui com o seu pai!

— ...você não sente saudades de casa?

— Esta é a minha casa agora! — Digo.

— Claro mas... da sua real casa onde você passou maior parte da sua vida...

― As únicas coisas que eu sinto saudades são das meninas, da Liz e da Holy... as vezes me apetece apanhar o primeiro voo e ir ter com elas mas do resto eu nem me importo... nunca estiveram realmente por perto então não tem como eu desenvolver algum tipo de sentimento de querer ter de volta! ― Desabafei. 

― E dos seus pais...?  
Você tem saudades deles ou só perguntou para saber se eles ainda se importam com você?

― Eu... sinceramente não sei... as vezes me dói saber que não lhes tenho por perto do jeito que eu tanto sonhei mas depois caio na real e penso que foi melhor assim sendo que eles nunca me apoiaram ou se esforçaram para estar presentes nos momentos mais importantes da minha vida, na verdade eu sinto que eles nunca quiseram realmente saber de mim, então eu também não quero saber deles... as vezes ficar longe é a melhor opção, mesmo gostando da pessoa, se ela não nos faz bem não é certo lhe manter por perto...

― A vida nem sempre é como queremos né?   

― Mas o passado ficou pra trás e ambos quisemos assim... Vida nova, histórias novas e eu estou muito feliz com a minha!

― Isso mesmo!

— Até você está iniciando uma história nova... quer me contar desse cara do anel? Eu acho que você chegou a me falar dele... o cara de California, certo?

— Esse mesmo, quem diria que uma paixão das férias se tornaria num amor que vai me levar pro altar...

— Está assustada? Nervosa com isso tudo?

— Um pouco mas sempre sonhei com o momento que teria alguém só para mim, teria o meu espaço onde pudesse fazer o que quisesse, apesar de nunca querer me prender a alguém... eu sinto que me encontrei dentro dele!

— ...posso lhe fazer uma pergunta? Mas não me leve a mal... só me responda se quiser...

— Okay!

— ...como foi ficar esse tempo todo sem o seu pai por perto?

— Eu tenho de admitir que durante esse tempo o meu ódio por você só aumentava porque eu sentia que você era a culpada pela ida do meu pai, eu me senti traída, abandonada, sempre pensei que seria a morte que iria me separar do meu pai e do nada aparece uma garota... mais nova que eu e me rouba do meu pai, foi o pior momento da minha vida e eu espero não passar por isso nunca mais...

— Eu nunca quis separar você do seu pai, eu... — Sam, eu já sei dessa história, eu já sei o que vai dizer... já passou e o mais importante é que pude sentir o abraço dele e saber que ele está bem... nem que tenha sido pela última vez!

— Mas... ― Não se preocupe... está tudo bem, e se você me dá licença eu vou ver se precisam da minha ajuda na cozinha!

― Okay... ― Respondo e ela rapidamente vai embora...

O melhor amigo do meu pai 2. EM REVISÃO!!!Onde histórias criam vida. Descubra agora