Quase o fim

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Perdi as contas de quantas vezes eu fui ao banheiro desde que levantei, Hélio Neto espremia cada vez mais minha bexiga, mas jamais reclamaria, pois isso era um sinal de que ele estava crescendo sempre mais forte e saudável.

Ao sair da cabine do banheiro me encaro no espelho, minha barriga muito proeminente de 5 meses destacada pelo vestidinho de alças florido que usava, deixando evidente meus seios que estavam extremamente mais avantajados, ri lembrando de Carmem dizendo ‘’Quanto mais crescerem mais alimento terá pro nosso bombeirinho’’, fora isso meu corpo continuava o mesmo, só os inchaços nos pés que começavam a dar sinais, mostrando que eu estava ficando bem maior.

Suspirei, querendo que Hélio estivesse aqui para acompanhar todas as minhas mudanças e meus desejos malucos no meio da madrugada.

Queria que ele estivesse para ver seu sorriso triunfante de quando tive a confirmação que estava esperando nosso meninão, o qual cruel a vida estava sendo por me tirar essa oportunidade, minhas memórias foram me levando para a pior noite de minha vida...quando eu acordei no hospital, há quase 3 meses.

*flashback on*

Meus olhos demoraram a acostumar com a claridade, pisquei várias vezes para me situar, meu corpo dormente, minha boca seca, uma sensação estranha em meu estômago.

-Beatriz Alencar, consegue me ouvir?- me virei em direção a voz masculina, encontrando um médico que aparentava uns 40 anos.

-Sim, o que aconteceu?- falei estranhando minha própria voz, tentei me levantar com cuidado, mas meu braço praticamente preso por uma sonda.

-Cuidado Senhorita, você está bem fraca.

-Bia graças a Deus você acordou.- Alice veio correndo em minha direção me abraçando.’’ Aiii’’ pensei quando senti seu aperto forte demais em meus músculos doloridos.

-Alice o que houve?- ainda mais confusa, sem conseguir organizar meu pensamentos.

-Qual a última coisa que você lembra?- o médico respondeu por ela.

-De estar em casa, comendo um lanche que o Hélio mandou... é isso? Eu passei mal com o lanche?

-Bia, não foi o Hélio quem mandou, aliás ainda não descobrimos quem foi, mas a questão é que estava envenenado.- Gelei.

Pude escutar pelos aparelhos minha pulsação aumentando, minhas mãos automaticamente migraram para minha barriga.

-Meu bebê?- sussurrei com medo da resposta.

-Você e seu bebê tiveram sorte, muita sorte, na verdade a substância encontrada no seu organismo era um sonífero muito potente e que em doses elevados pode ser abortivo, você teve um sangramento que conseguimos conter, terá que ter cuidados redobrados, realizar ainda mais exames  e tomar várias medicações para limpar seu organismo, fortalecendo o feto. Mas tenho a certeza que ficarão bem, sem nenhuma sequela.

Confesso ter prestado atenção apenas na parte de que ficaríamos bem, fechei os olhos abraçando ainda mais minha barriga lisa, e rezando para que tudo continuasse bem.

-Hélio, onde ele está? Deve ter ficado maluco, deveriam avisar que já acordei.- falei já ansiosa para ver meu bombeiro e garantir a ele que estava bem. Alice e o médico se entreolharam, um arrepio ruim passou por mim.

-Onde está Hélio?- perguntei novamente.

-Bia...- Alice começou cautelosamente- Você está aqui a três dias, não apenas pelo envenenamento, mas também por causo do incêndio.

Meu Vizinho BombeiroOnde histórias criam vida. Descubra agora