Filha

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Durante a gravidez, todas as emoções são elevadas ao extremo.

Agora por exemplo, eu sentia que precisava de uma massagem respiratória para ter o ar novamente...minhas gargalhadas poderiam ser ouvidas do outro lado do residencial.

Motivo? Hélio e Lucas estavam há quase duas horas montando (tentando) os móveis no quarto do meu filho.

-Pelo amor de Deus Hélio, como engravidou a Bia? Capaz que foi por inseminação, já que na prática é lento demais.- confesso estar com a bexiga estourando e tremendo de rir a cada troca de farpas entre os dois.

Vi um pedaço de caixa voar e acertar em cheio a cabeça de Hulk.

-Nossa, não deveria ter acertado aí, vai destruir o único par de neurônios que têm.- Hélio rebateu estressado, limpando o resquício de suor que escorria por sua testa.

-Rapazes, trouxe limonada.- consegui me recuperar e entregar o refresco para eles.

-Beatriz, você é um anjo, não merece essa anta.

-Obrigada Lucas, mas a gente não escolhe quem ama né?

-Hey amor, assim me magoa.- Hélio entrou na brincadeira, vindo até mim e depositando um estalado beijo em minha bochecha. Confesso ter me distraído com seu suor e o cheiro  que já estavam me dando idéias nada inocentes.

Era impressionante como meu olfato mudou.

Desde que descobri a gravidez, os perfumes de Hélio eram proibidos em casa, meu estômago embrulhava só na menção deles, mas já seu cheiro natural parecia ser a fragrância mais perfeita já criada.

-Adoro seu cheiro.-falei enquanto mordiscava sua orelha.

-Adoro sua boca em mim.

-Ouuuu que pouca vergonha é essa no quarto do meu moleque? Parem de poluir isso aqui.- Hulk disse enquanto enchia novamente seu copo com o suco.

-Seu? Até parece que vou te deixar muito perto dele, se bem que no início terão a mesma mentalidade.

-Ahhh fala sério Hélio...- e começaram a pequena discussão novamente.

Decidi sair dali antes que precisasse ir ao hospital por tanto rir. Pelo visto, meu raio de sol nasceria sem um quarto pronto, maldita hora que permiti que os dois organizassem tudo.

Conferi as horas pelo meu relógio, vendo que Zé estava pra chegar.

Estranhei muito o fato dele ter me ligado mais cedo querendo conversar comigo, Hélio não quis me adiantar o assunto, dizendo que seria melhor quando estivéssemos todos  juntos.

Estava apreensiva, tinha se passado duas semanas desde o incidente com Tânia, que permanece internada na clínica.

Não recebi e nem quero saber sobre o estado dela, tentando evitar o máximo de preocupações pelo resto da minha gravidez.

Procurando não pensar ser esse o motivo, minha segunda opção era algo relacionado a Alice, durante esse tempo eu vi ela apenas por duas vezes, ao que parece ela estava tendo uma emergência no trabalho e talvez até precisaria se ausentar da cidade, só espero que esteja tudo certo com o relacionamento dos dois.

A campainha tocou me alertando sobre a chegada de Zé.

-Boa tarde Bia, como está?-ele me cumprimentou com toda sua polida educação.

-Estou muito bem Zé, entre.- cedi passagem para ele, que entrou carregando um envelope.

Escutei passos na escada e me virei vendo Hélio descer apressadamente. Se cumprimentaram e logo nos acomodamos em minha sala.

Meu Vizinho BombeiroOnde histórias criam vida. Descubra agora