-...e então na hora que ele foi descer do mastro, esqueceu de segurar firme e caiu.-a gargalhada de Renata preencheu a sala enquanto terminava de contar mais uma das inúmeras proezas que os novatos faziam no quartel.
Era sexta-feira, véspera do meu aniversário.
Estavam reunidas para uma noitada de garotas, eu, Renata, Carmem, Carol minha secretaria do Grande Shopping e sua namorada, todas no apartamento de Alice.
Olhei para ela que me deu um sorriso e continuou a prestar atenção (ou fingir) nas histórias de Renata, mas a verdade é que eu sabia o quanto os pensamentos dela estavam longe, e que desde que descobrimos a verdade, há um mês, ela nunca mais deu um sorriso sincero com sempre dava.
Nem com toda a minha criatividade eu conseguiria imaginar tudo o que aconteceu.
Alice era uma agente da Polícia Federal, que a anos investigava meu pai, José Sanchez, por inúmeros crimes. E um dos planos para a investigação era infiltrar uma agente, que entrou pelo lado mais inesperado, se tornando companheiro do filho do criminoso.
Mas como ela mesma havia falado, cometeu o pior erro naquele plano, se envolveu afetivamente com ele e com todos nós.
Eu pude ver nos olhos dela o quanto estava arrependida de ter escondido a verdade, o quanto se importava com a segurança e a consideração de todos nós, abdicando o trabalho que desde muito nova se empenhou para conseguir alcançar o respeito de todos dentro da Polícia. Mas foi tarde demais para ter o perdão de José F.
Eu não a julgava, de forma alguma poderia imaginar o conflito interno que ela passou durante todo esse tempo. Independente de tudo, eu a perdoava pela minha vida e principalmente pela vida de meu filho.
Não a excluídos do nosso ciclo, ela era uma grande amiga, e todos ainda queriam por perto, todos...menos quem realmente importava, José F.
Após ela ter contato toda a verdade naquela noite, ele simplesmente se levantou e foi embora. Sem demonstrar raiva, rancor, mágoa, apenas se fechou, o que acredito ser o pior. Podia ver o lado dele também, foi de certa forma enganado pela mulher que amava e se não bastasse, a mesma tinha matado sua irmã, que era responsável por todo o meu tormento.
Tânia havia sido enterrada, eu não compareci na cerimônia, não teria psicológico para tal, foram apenas José F, Hélio e Lucas, os dois últimos apenas para dar apoio ao amigo.
Desde então, Ali estava morando sozinha, mas ainda sim perto de nós.
Foi ideia de Renata nos reunirmos hoje e amanhã irmos passar o dia em um SPA.
Ela exigiu isso na verdade, alegando que eu precisava ter um tempo com elas, já que desde o ocorrido eu só ficava grudada nos homens da minha vida.
Mas quem poderia me julgar, com tudo o que passamos, ficar o máximo juntos era o mínimo com algo ainda tão recente.
A noite foi agradabilíssima, e o dia no SPA estava sendo muito melhor do que eu imaginava, realmente precisávamos daquele tempo.
-Você está perfeita minha querida, agora falta só o vestido.- o maquiador disse após terminar mais uma das exigências da Renata. De acordo com ela, todas merecíamos sair de lá arrumadas, cabelo, unha, maquiagem e roupa. Confesso que estava adorando esse dia de princesa.
-Uau. Vocês estão maravilhosas.- exclamei ao ver Alice com um vestido verde delicado e Renata em um rosa.- Pra que essa arrumação toda hein?
-Hoje é um dia especial para você, já que está radiante, teremos que tentar ficar a altura.- Renata falou enquanto caminhava até mim com uma caixa nas mãos.- Aqui, presente do bombeirão.
Meus olhos brilharam ao olhar o conteúdo.
Era o vestido mais lindo que eu já tinha visto. Todo branco e longo de renda, com um leve corte em V no decote, aberto nas costas, e com caimento perfeito, havia uma fenda de cada lado na altura do joelho, o deixando mais charmoso.
-Meu deus, esse bombeirão tem bom gosto mesmo.- uma das moças do salão exclamou.
Me olhava no espelho me sentindo mais linda do que nunca, uma maquiagem clássica e discreta, marcando todos os meu traços, meu cabelo solto e em ondas, com duas tranças simples ao alto da cabeça, uma de cada lado.
Ri ao perceber que estava toda clássica e angelical.
Depois do salão, seguimos direto para minha casa, eu já estava morrendo de saudades de Hélio N desde que as meninas me roubaram ontem a tarde, me deixando longe deles, por uma boa causa.
O carro parou a dois quarteirões do condomínio, me deixando confusa.
-Bia, confie em nós, você vai amar.- Alice disse se aproximando de mim com uma venda.
-Se for uma festa surpresa, vai destruir minha maquiagem. - elas riram e trocaram um olhar cúmplice.
-Sua maquiagem, mesmo à prova d’agua será destruída de qualquer forma.
Senti o carro se movimentando novamente e pouco tempo depois parando. A porta do meu lado abriu e senti mãos masculinas me ajudar a sair do carro.
-Me acompanhe senhorita.- ri nervosa ao escutar a voz de José F.- Segure isso com cuidado.- tentei decifrar o que estava segurando, seria flores?!?! Minha audição estava aguçada, eu escutava vozes e uma melodia calma ao fundo com minha música favorita: Kiss from a rose.
A venda foi tirada lentamente do meus olhos, olhei ao redor para me adaptar vendo rostos conhecidos e felizes me encarando.
Via a decoração das mais variadas flores e cores, aos meus pés um tapete vermelho que me levava até meu bombeiro que segurava nosso inquieto menininho no colo.
Minhas mãos tremiam quase que derrubando o que agora descobri ser um buquê, meus olhos já se inundando de lágrimas, minha pulsação acelerada ao notar o que estava acontecendo.
Era a melhor surpresa da minha vida.
Eu iria casar com o meu vizinho bombeiro.
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Meu Vizinho Bombeiro
Romantizm"Terrivelmente sedutor...esse era Meu Vizinho Bombeiro." - Bia. "Não tenho medo de me queimar, só não suporto perder você, minha Fênix." -Hélio. Completamente opostos. Intensidade a primeira vista, mas tudo em excesso faz mal...será? Faíscas saem a...