Amor improvável (Completo)

Capítulo 24

Lillian

Quando Thomaz me contou sobre a possível chance do meu verdadeiro pai ser o Allan, realmente fiquei assustada, todas as lembranças enterradas da minha infância vieram como uma bomba na minha mente, infelizmente eu sentia muita raiva do João e da Ellen, eles nunca foram bons pais e se tive alguma tipo de afeto foi pela baba a Nana, mas por eles.

Analisando tudo o que passei as frases e xingamentos do meu suposto pai João faz muito sentido não ser filha de sangue dele, mas não justifica minha mãe não me defender ou me amar. Sabe o que é pior, eu ter pago um preço alto por um erro dela, ela que foi a culpada em se envolver com outro e eu acabei levando por isso.

Estamos indo ao restaurante e estou bem nervosa, tentei me acalmar falando aquelas coisas para o Thomaz sobre família nossa, mas na verdade eu sinto que tanto eu como o Allan tivemos nossa chance tirada, não podemos nos conhecer antes e talvez, um pequeno talvez nos teriamos sido felizes como pai e filha.

Thomaz me mostra quem é Allan Gusmon e eu quase caiu por perceber como somos um pouco parecidos, os olhos, o formato do rosto, meu Deus, acabo me perdendo na minha analise e quando vejo estou sentada e encarando demais e caiu na real quando ouço sua pergunta.

Allan – Bom, vocês queriam uma reunião para me contar algo importante, e qual seria?

Allan

Sempre fui um homem muito sério e decidido, cometi alguns erros no meu passado, principalmente quando era um adolescente imaturo que acreditava que a vida era linda, afinal eu tinha tudo, era rico, um ótimo pai e uma mãe e só faltava uma garota, sim eu sempre amei a Ellen, e achei que ela me amava também.

Nos conhecemos com 15 anos, ficamos juntos, com o tempo sua família a levou para longe e eu fiquei alguns anos a procurando, afinal juramos amor e eu faria tudo por ela, mas quando a encontrei 3 anos depois, ela estava casada com o infeliz do João Fullen que se achava o deus do vinho, sempre foi arrogante e mal amado, acreditei que Ellen tivesse casado a força e acabei me envolvendo com ela, esquecendo de tudo, de princípios.

Pedi que se separasse, eu a ajudaria com qualquer quesito de dinheiro e poderiamos finalmente ficarmos juntos, eu acreditei nela, mas em alguns dias do nada ela surge falando que não poderiamos mais nos ver, que percebeu que amava o João e era com ele que iria ficar.

Ela acabou comigo, foi fria e direto, e eu fui embora, vim para São Paulo e construir um império, a única coisa que me tirava da tristeza era trabalhar, conquistar mais e mais, nunca mais me envolvi serio com uma mulher, eu tinha raiva e ódio por ter sido enganado e agora com a ligação do Thomaz ouvindo seu nome, quase cai duro e fiquei por um momento destabilizado, tudo voltou, era como se nunca tivesse esquecido meu passado e queria saber com toda minha raiva o que ele tanto queria me contar, porque eu estava com vontade de mata-lo. Levei anos para superar e agora ele vem e tudo volta.

Quando eles chegaram, sim ele e uma linda moça eu praticamente parei e voltei no tempo, ela era muito parecida com a mãe na juventude, linda, brilhante, radiava luz, mas o sorriso era como o meu e os olhos, fiquei a admirando e então fiz a pergunta.

Allan – Bom, vocês queriam uma reunião para me contar algo importante, e qual seria?

Thomaz – Senhor Gusmon, a um tempo atrás descobri que a Lillian é sua filha.

Ele foi direto, não enrolou e eu pela primeira vez não sabia o que dizer, então ele continuou.

Thomaz – Descobri sem querer, quando conheci a Lillian não sabia muito seu passado e então um amigo pesquisou sobre sua família e a muitos segredos enterrados e um deles é você Allan, Lillian também não sabia, contei hoje para ela. Até então foi criada como filha do João Fullen, o qual ela odeia.

Eu a olho com curiosidade e ao mesmo tempo com carinho, será que realmente eu é minha filha, eu que sempre sonhei ter uma família e esse sonho foi enterrado com a raiva que senti pela Ellen ter me abandonado, me destruiu para qualquer relacionamento e os anos passaram e eu só tinha minha fortuna e nada mais, alguns amigos apenas. Uma herdeira, será que finalmente Deus teve piedade de mim e me presenteou com uma herdeira?

Allan – Então, Lillian. A olho nos olhos e ela faz o mesmo, como são lindos, tem uma expressão forte. – O que você acha de tudo isso?

Lillian – Senhor Gusmon, não tenho muito o que dizer, na verdade passei a vida toda acreditando ter um pai miserável, de caracter baixo e maldoso, que me odiava e eu nunca soube o porque, acho que o pior de tudo era minha mãe que nunca me defendeu, eu era culpada por algo que nem sabia e agora tudo faz sentido, mesmo que isso não justifique os anos de tristeza que passei na mão daqueles dois.

Allan – Sinto muito, não fazia ideia que Ellen me escondeu isso. Se não teria exigido os meus direitos e não a deixaria naquela casa. Me conta um pouco da sua vida, gostaria de conhece-la.

Lillian – Com um suspiro ela o olha com os olhos triste nesse momento e faz seu coração de pai bater aflito. – Sabe Senhor Gusmon, não gostaria de lembrar muito daquela vida, aos 10 anos fugi daquele inferno, sem ao menos saber o que fazer direito, morei nas ruas por muito tempo, aprendi a sobreviver, tive sorte de conhecer pessoas que me ajudaram nessa luta e hoje refletindo se não tivesse meu vovô António com certeza não estaria aqui para falar com o Senhor.

Ficamos em silêncio, não sabia mais o que dizer, se eu ouvi direito minha filha morou nas ruas  10 anos? Sendo que ela poderia estar comigo, com certeza sua sorte teria sido outra. Então resolvo mudar de assunto – Me diga o que faz agora então?

Lillian – Hoje eu tenho uma vida muito boa, tenho um noivo o Thomaz e sou uma lutadora de MMA reconhecida, graças ao vovô eu sei lutar como uma campeã e tenho amigos que são como minha família, moramos em Curitiba. E o Senhor?

Fico chocado com a revelação, minha filha está noiva, é uma lutadora? Meu Deus, ela parece tão indefesa, eu fico de boca aberta.

Allan – Ah menina, a única coisa que posso dizer sobre mim é que vivo para dominar o mercado dos negócios é o que me faz sobreviver nessa solidão, não tenho família e pouquíssimos amigos.

Conversamos por horas, mas ficamos de fazer o exame de DNA na segunda-feira, precisamos formalizar isso e eu juro que a Ellen vai me pagar e esse João desgraçado, ele que me aguarde vou tirar tudo dele.

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