Capítulo Quarenta e Cinco

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Christian

Aquele medo em seu olhos me pareceu tão familiar, uma semana já se passou desde que enxerguei aquele medo dentro de seus olhos, mas aquele olhar, aquela culpa, eu me reconheci naquele pivete. 

Meus pensamentos só me levam a isso e tudo que eu quero no momento e esquecer aquele olhar cheio de medo e o de Ana cheio de tristeza. Preciso focar nesse livro, para dar não só a Ana uma alegria, mas também resgatar algo naquele menino, ele não pode se entregar, eu conheço aquele olhar, aquele sentimento de perda, de culpa. 

-- Você está bem? - A voz de Mia me chama atenção. -- Quer dar uma pausa? 

-- Não, precisamos terminar esse esboço de livro ainda hoje! Amanhã temos reunião com a nossa nova aposta de escritora, não podemos decepcionar, não é mesmo? 

-- Não, e não vamos! Mas posso te fazer uma pergunta? - Mia, diz com os lábios em um meio sorriso. 

-- Já não fez? - Digo me levantando e indo até minha geladeira. Olho para o relógio na parede ao lado, ele marca 01:00 PM. 

-- Não, ainda não fim! E aí posso? - Volta a questionar se sentando em uma das banquetas próxima ao meu balcão da cozinha. 

-- Se eu falar que não você vai fazer do mesmo jeito, ou seja... - Dou de ombros, e bebo um grande gole de minha água gelada para ver se esses pensamentos saem de minha mente. 

-- Vou mesmo! E vou logo avisando que são duas. - Minha irmã é mesmo irritante. Mas eu a amo! 

Me sento na banqueta em sua frente, estamos separados pelo balcão. 

-- Você anda tão tenso nesses últimos dias, por quê? 

Solto uma risada fraca.

-- Não é você que diz quê eu ando sempre tenso? - Continuo dando pequenos golinhos em minha água.

-- Não, essa tensão é diferente! Só vejo você assim em uma única época do ano... - Merda, Mia! Obrigada, por me fazer ter certeza sobre o meu medo agora! 

-- Mia, vamos terminar logo esse esboço do livro? - Digo me levantando e voltando pra sala.

-- Não disse, a mesma tensão! Sempre que você fica assim, ou lembra desse assunto você reage assim, como se fosse indiferente a isso. - Finaliza sua fala virando sua banqueta para onde estou.

-- Mia! - Digo e alto e bom tom de maneira firme.

-- Ok, ok... não vou dizer mais nada. Vamos voltar para o livro? - Diz já descendo de sua banquete e voltando a se sentar no tapete do chão da sala, onde estão espalhados todos seus esboços de capas. 

-- Por favor. Quero levar um ótimo esboço para a reunião de amanhã. 

-- Na verdade de hoje, né? - Mia diz apontado para o relógio com em sua mão. -- Isso me lembra, minha outra pergunta! 

-- Fala logo de uma vez Mia... 

-- Tudo bem que a história desse livro é ótima, que realmente acho que encontramos uma nova escritora. Mas por qual motivo você está tão empenhado nesse livro? 

Mia é tão perspicaz que me dá raiva.  

-- Você mesma acabou de dizer, acho essa nova escritora uma grande aposta. Simplesmente por isso! - Evito manter contato visual com ela para que não perceba mais nada. 

-- Ok, vou acreditar que não tem nada a ver com o par de olhos azuis por de trás dessa obra. Afinal, é super normal o Christian Grey, marcar reunião com seus escritores/escritas em seu restaurante preferido e mais de uma vez. 

-- Mia, por favor cale a boca e volte a fazer seu trabalho! 

Ela ri alto e se concentra. Obrigada, Mia por mais uma vez confirmar meus medos! 


***


Na manhã seguinte todos já estão na mesa de reunião, quando chego um tanto quanto atrasado. Me depara com os lindos par de olhos azuis que vem atormentando a minha vida nos últimos tempos sentada ao lado Hall, chamei ele, pois ele que vai cuidar do Market do livro e a partir de agora ele já precisa estar nas reuniões.  

-- Bom dia, a todos! Desculpe o atraso, mas tive que dar carona para Mia. 

-- Mia já está Nova York? - Hall questiona. 

-- Sim, faz algumas semanas e hoje inclusive ela vai participar dessa reunião. - Hall dá um leve sorriso. 

-- Que maravilha! - Ele diz um pouco alegre demais. E todos nós suprimos um riso.

-- Prontinho, peguei minhas pastas e desculpa o atraso. - Mia diz entrando em disparada pela sala. 

Ela se senta na cadeira de frente para Hall e só então nota sua presença. Ambos não falam nem fazem nada, apenas deixam uma tensão no ar. 

Troco um pequeno, mas significativo olhar com Anastásia e isso deixa suas adoras bochechas com um leve rubor.

-- Então, vamos começar essa reunião? Ela promete ser animada... - Digo voltando meu olhar para o centro da mesa. 

Continua...

Não se esqueçam as estrelinhas e comentários! 

Beijos <3 



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