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20:42PM, South Korea.

Kihyun estava cansado.
Cansado de ver pessoas morrerem e ser ameaçado de morte.
O caminho até o Sul nunca foi tão árduo: esgueirou-se incontáveis vezes dos soldados sulistas e desviou inúmeras vezes de sua rota original.
Vez ou outra ouvia o quebrar de galhos e folhas atrás dele, mas apenas ignorou pois julgou aqueles barulhos sem importância.

E esse foi o primeiro erro que cometeu.

Kihyun afastou o galho de uma árvore de seu rosto e avistou uma loja de conveniências. A fachada vermelha desgastada, e o letreiro quase ilegível. Havia poucos carros por perto, e aquilo pareceu estranho para ele.
O Sul nunca o pareceu tão mais agradável que o Norte. Não havia o cheiro de concreto seco para dar dor de cabeça, e pelo visto, não teria de matar ninguém para sobreviver.
Deu o primeiro passo com o pé direito, apenas por precaução.
Parou em frente à porta da loja, recebendo um olhar desafiador do dono. Kihyun observou suas vestes: ainda estava de pijama, com partes rasgadas e sujas. Sequer queria pensar em como estava seu cabelo.
Empurrou a porta de vidro, deu passagem a um cliente que havia acabado de comprar algo e limpou a garganta.

— Eu já não mais ajudo pessoas do Norte — disse rispidamente.

Uma garotinha abriu a porta dos fundos e entregou ao homem uma xícara de café.

— Você também quer uma? — o homem pigarreou e a menina abaixou os olhos. Kihyun sentiu a calma preencher seu corpo.

— Volte para dentro, Jilly — ela assentiu, e, relutante, encarava Kihyun enquanto deixava a parte da frente da loja.

— Está precisando de alguém para tomar conta da loja? — Kihyun reuniu coragem o suficiente para finalmente perguntar algo. O dono da loja bebeu um gole do café e depositou a xícara no balcão. Aproximou de Kihyun e escorou-se na mesa.

— Qual parte de "eu não mais ajudo ninguém do Norte", você não entendeu, criança?

Kihyun odiava quando o chamavam de criança. Tinha quase 20 anos, não era uma criança. Fugiu aquele caminho todo; uma criança não faria isso.
Kihyun suspirou. Não havia outro jeito. Devia sair dali logo.
Assim que girou os calcanhares, uma voz feminina o chamou:

— Fique — Kihyun a olhou. Tão bela, apesar da idade. Ela sorriu para ele. O dono da loja rolou os olhos e terminou de beber o café — Jilly me disse que havia um forasteiro na loja. Fique o tempo que precisar — ela deu tapinhas leves no ombro de Kihyun e sorriu.

Após um longo silêncio, o dono da loja finalmente se apresentou:

— Bem-vindo, criança. Sou Ji Chang. Apenas me chame de Ji.

Kihyun suspirou.

— Yoo Kihyun — apertou a mão de Ji, que forçou um sorriso.

— Venha, está na hora do jantar — a mulher disse — a propósito, chame-me de Lae.

Kihyun assentiu. Um nome diferente. Talvez ela também seja uma forasteira, Kihyun pensou.
Quando atravessou a porta, deparou-se com uma casa enorme: a sala de jantar situava-se à esquerda, a cozinha estava rente à sala de jantar, a sala de estar situava-se à direita, e ao dobrar um dos corredores, localizavam-se seis quartos: um de Jilly, e outro do casal.
Lae ofereceu o quarto ao lado do de Jilly para Kihyun, que o aceitou de bom grado. Ji examinava Kihyun, com medo de que ele se rebelasse e os matasse, de forma a roubar tudo o que tinham.

— Eu não sou uma ameaça, Ji — Kihyun murmurou. O homem mais velho respirou fundo.

— Como está o Norte?

REISENDER 「 Changki, 2Won 」Onde histórias criam vida. Descubra agora