#9

1.6K 249 158
                                    

Kihyun negava todas as vezes que Minhyuk batia à porta.
Estava abraçado à Hans, que vez ou outra o tentava morder. Respirou fundo, olhou para o animal e depois levantou o olhar, encarando seu reflexo no espelho.

E se Kihyun não se parecesse com Yunseo?

Changkyun o teria salvo?

Quando Minhyuk desistiu de tentar pedir permissão para que entrasse, o ambiente ficou em um completo silêncio, e aquilo reconfortou Kihyun.
Hans desvencilhou-se do carinho de Kihyun e desceu da cama, indo em direção à porta. O cão arranhava a madeira, demonstrando que queria sair.
Kihyun suspirou e levantou-se da cama, caminhou lentamente até a porta e a abriu, tendo uma silhueta à sua frente bem reconhecida.

— Hyungwon — o de fios rosados murmurou. Hyungwon esforçou-se para dar seu melhor sorriso.

— Posso entrar? — Kihyun devia admitir que tinha um pouco de medo do outro; ele tinha um olhar amendrontador. O mais baixo assentiu, ainda relutante, e Hyungwon deu um passo para dentro do cômodo. Examinou-o do começo ao fim até arrastar a cadeira da escrivaninha e sentar-se ali, de modo a observar Kihyun fechar a porta e sentar-se de pernas cruzadas na cama — sobre o que aconteceu há pouc... — Kihyun limpou a garganta antes de o interromper.

— Vamos deixar isso de lado.

— Você planeja ir embora? — a voz de Hyungwon estava mais grossa que o normal.

— Traveler é o único lugar que tenho, não posso ir à lugar algum — Hyungwon abaixou a cabeça ao rir.

— Não sei o que foi aquilo lá embaixo, mas espernear não adiantará, Kihyun — o mais alto levantou-se e colocou as mãos nos bolsos. O outro o seguiu com o olhar — Chang não salva qualquer um, e se eu fosse você, eu me sentiria sortudo por ter sido salvo por um Lim.

Kihyun não sabia o que fazer, então apenas assentiu antes que o quarto fosse deixado por Hyungwon.
Molhou os lábios e deixou que suas costas colidissem com o colchão macio.

[...]

2:00AM, South Korea.

Kihyun acordou no meio da noite com sede.
Mesmo com preguiça, Kihyun espreguiçou-se e se levantou. Foi até a porta, a abriu e desceu a escada silenciosamente. Vez ou outra, o medo de escorregar naquele vidro assustou o coração de Kihyun.
Com dificuldade, tateou a parede até que encontrasse o interruptor e o ligasse. Suspirou de alívio quando o primeiro andar estava claro. Andou até os fundos, abriu o armário, retirou um copo de vidro e o preencheu com a água gelada do filtro — a bebendo em seguida.
Deixou o copo na pia e saiu dos fundos, encontrando o escritório aberto de Lim Changkyun. A luz amena dava a percepção de que o tempo havia congelado, e, inconscientemente, Kihyun andou até a entrada da sala.

Era como se algo o puxasse para lá.

Kihyun tocou o batente da porta antes de entrar e começar a observar as estantes de livros enormes, com alguns troféus e fotos ao lado.
E foi com um pigarreio que Kihyun voltou à si: Changkyun estava de braços cruzados, com um sorriso bobo nos lábios, escorado ao batente da porta, apreciando Kihyun e sua audácia.
O de fios rosados rapidamente se curvou, pedindo desculpas pela intromissão, e Changkyun riu baixinho antes de se aproximar dele. Kihyun levantou seu corpo e encarou Changkyun.

"Se eu fosse você, eu me sentiria sortudo por ter sido salvo por um Lim."

Kihyun molhou os lábios e seu olhar não se desviou do de Changkyun, que pareceu não estar incomodado com aquela situação.
O de fios de mel mordeu o lábio inferior antes de seus orbes desesperados e escuros passarem por toda a extensão do rosto de Kihyun, que fechou os olhos quando sentiu a mão fria de Changkyun em sua nuca.
O cômodo parecia ficar menor, e Kihyun já estava tendo dificuldades para manter-se de pé. Lentamente, Changkyun colou sua testa na dele e deixou que suas respirações quentes se misturassem.
E foi nesse momento que Kihyun sentiu cheiro de álcool. Para ser mais preciso, whisky.

REISENDER 「 Changki, 2Won 」Onde histórias criam vida. Descubra agora