Katarina
Entro na sala de aula batendo os pés no chão com toda minha força ,a professora me encara e em seguida encara Ryan logo atrás de mim,me sento na minha carteira e não olho na direção dele,como ele pode fazer isso comigo? Simplesmente ir embora e me deixar sozinha? Sei que tudo que eu estava fazendo era pura birra,mas eu realmente não podia aceitar que ele fosse embora.
- Katarina, por favor!- Ouço Ryan falar quase cochichando e apenas encaro a professora que começa a escrever no quadro.
A aula acaba e ando o mais rápido possível para sair da escola mas Ryan passa na minha frente,paro e começo a chorar e assim como sempre fez ele me abraça ,mas ao invés de beijar minhas bochechas Ryan beija meus lábios.
-Ryan, porque?- pergunto me afastando e enxugando minhas lágrimas.- Você não gosta de mim?
- Kat.Você sabe que te adoro ,mas eu tenho que ir embora !- Ryan se explica me fazendo chorar mais ainda ,aquele que gosta não vai embora ,não te deixa sozinho,empurro seu corpo do meu e corro para frente da escola ,dou graças por Vitor ter chegado mais cedo para me buscar.
- Oque ouve?-Vitor pergunta ao me ver se aproximar do carro ,abro a porta tentando esconder minhas lágrimas ,Vítor da a partida ao notar que não iria responder a sua pergunta.
Na volta pra casa passamos em frente a igreja que estava lotada na noite anterior ,o carro passou rápido que a única coisa que pude ver foi o mesmo rapaz que me encarou ,mas agora ele estava mais formal ,parecia até um homem importante ou até mesmo um pastor.
Seu rosto realmente não saiu da minha memória, algo nele mexeu comigo de uma forma inexplicável, coisa que é estranha pois a única vez que o vi foi ontem ,sinto vontade de chorar ,mas não pelo fato de Ryan ir embora ,na verdade eu não sei ao certo ,mas eu quero chorar e muito.
- Vai ficar ai?- Olho para Vitor que me olha incrédulo ,então olho para fora do carro e vejo que chegamos em casa ,balanço minha cabeça para tentar voltar ao mundo real e saio do carro sem pronunciar uma palavra .
Assim que passo pela sala ouço mamãe e papai conversar na cozinha ,paro de andar rápido e tento ouvir a conversa dos dois .
- Luan! O advogado deixou bem claro que resolveria nosso problema!- mamãe fala parecendo estar nervosa,não sei o motivo de papai querer um advogado mas eu sei que isso não é do meu interesse.
Enquanto a noite cai procuro uma roupa para sair com Vítor ,reviro todo meu guarda roupas até encontar o que eu procurava,meu vestido bege , que além de aumentar meus seios me deixa como se estivesse quase nua.
Tomo um banho e me visto ,calço um salto cor de pele para combinar com o vestido,penteio meus cabelos médios e retoco o batom vermelho vinho.
- Com licença filha. - Papai entra no quarto e se senta sobre a cama. - Você esta linda,bom amanha eu e sua mãe queremos falar com você e com Vitor!
- É sobre o que exatamente?- Pergunto me sentando ao seu lado ,ele segura minhas mãos e sorri fraco, papai é o tipo de pessoa que não gosta de expressar seus sentimentos, já sei a quem puxei , e uma das palavras que ele não gosta de escutar é o nome de Deus , ele não crê que exista um Deus ,um ser que criou o mundo, ele acredita que tudo se criou ,tudo se criou sozinho.
- Nada não querida,conversaremos amanhã.- Papai descansa minhas mãos sobre a cama e se retira ,passo um pouco de perfume e vou até a sala esperar Vítor.
Ando de um lado para o outro com meu salto fazendo um barulho irritante, mamãe e papai jantam quietos fazendo a casa parecer vazia ,gosto dos meus pais ,eles não se metem na minha vida ,nem na do meu irmão, é como se só morávamos nós dois na casa.
- Eu sei que estou lindo!- Vitor surge na sala dando risada e se gabando da sua suposta beleza.
- Vamos logo!- Abro a porta e saio em direção ao carro,assim que entramos Vítor da a partida e
o carro fica em silêncio.Durante o caminho penso em várias coisas,coisas que nunca havia pensado antes ,sinto uma enorme vontade de voltar para casa e me jogar na cama ,meu coração parece estar apertado por algum motivo mas eu não sei bem o que é , permaneço quieta e não digo para Vitor que quero ir pra casa ou ele vai dizer que é frescura minha.
Chegamos na festa e desso do carro antes que Vitor estacione longe da entrada,entro no salão de música e noto que tem mais gente que de costume ,tento dançar mas minha vontade parece passar do nada, vou até o bar e peço uma taça de champanhe,bebo em um gole só e peço outra taça cheia,as pessoas dançam alegres e parece que sou a única que não sorri .
- Oi ,ta sozinha linda?- Um rapaz se senta ao meu lado e pede ao barmen duas doze de tequila .
- Desse geito vai acabar ficando bêbado!- Digo ao rapaz de olhos claros que não para de me encarar .
- Toma,um copo é pra você! - Ele sorri e me oferece outra doze, reviro na boca o mais rápido possível e sinto meu corpo se arrepiar .
E lá se foi uma ,duas três ,quatro e quando menos esperei eu já estava tomando a nona doze,todo meu corpo fica mole e o calor sobe pelo meu corpo,o rapaz me puxa pra perto e me beija ,suas mãos agarram minha cintura o empurro mas ao invés dele cair eu caio de bunda no chao.
- Me solta!- Digo ao sentir suas mãos me puxando do chão,antes que eu pudesse falar algo ele me arrasta até a saída da festa.
O rapaz me puxa pela rua vazia ,ainda consigo ouvir a música atrás de nós, minhas pernas insistem em vacilar na tremedeira ,meu coração acelera de um jeito diferente e o medo toma conta de mim.
- Ei moça, eu quero que você fique quietinha!- O rapaz sussurra ao meu ouvido e sua voz me trás vontade de chorar,olho para os lados e a rua esta deserta ,mas tem algo brilhando no fim da rua,e eu tenho certeza que conheço aquela avenida.
-Socorro!- Grito ao sentir o rapaz rasgando meu vestido,ele me olha feio e me da um tapa que me faz cair no chão de terra. - Por favor,me deixa ir ,por favor .
- Cala essa boca,você tava querendo diversão querida!- Ele retira seu cinto enquanto permanece me olhando nos olhos.
Respiro fundo tentado consertar meu estado ,minha cabeça tem que parar de girar ,o medo toma conta de mim e sinto minhas lágrimas molhar meu rosto.
- Meu Deus,por favor!- Sussurro pra mim mesma,e enxugo minhas lágrimas, o vejo tirando a calça e me levanto de vagar,ele me olha e sorri malicioso,mas volta a tirar as calças,tiro meus saltos e sem duas vezes saio correndo em direção a luz quem vem da avenida.
- Sua desgraçada ! - Ouço o rapaz gritar logo atrás de mim,eu sabia que ele estava correndo atrás de mim,e isso me dava medo muito medo. - Quando eu te pegar vão achar apenas suas roupas!
Assim que chego perto da luz ,vejo que é a igreja que estava lotada,olho para trás e o rapaz ainda corre na minha direção, corro e alcanço a porta de vidro bato sem parar para que alguém abra ,se esta com as luzes acesas alguém deve estar lá dentro ,sinto a mão do rapaz em meu cabelo mas não paro de bater na porta da igreja.
- Socorro! Por favor!- Grito empurrando o menino pra longe ,volto a tentar abrir a porta com meus empurrões, eu nunca fui capaz de falar que creio em algo ,mas meu coração estava acelerado e mau notei o que saiu da minha boca.- Deus se o Senhor me ouve,Por favor me ajuda!
- Não perca seu tempo!- O menino segura em meu braço com força me fazendo chorar ainda mais ,olho para dentro da igreja e vejo alguém se aproximar ,mas antes que eu possa gritar novamente sinto minha cabeça ser socada com força contra a porta de vidro.