Capítulo 05

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Dominik Leopoldo

Peguei minha peça de roupa, seguindo para o banheiro dos empregados. Não quero que a moça acorde e pense algo de errado. Tento apagar tudo o que sinto em meu peito. Mas essa dor. A dor horrível de perca e imensa.

Faço tudo devagar. Não tenho pressa, pelo o que minha irmã disse talvez essa moça nem acorde agora. Depois de um bom banho, visto as peça que trouxe. Vestido, sigo para cozinha atrás de comer alguma coisa.

A adrenalina me deu fome, coisa que a muito tempo não tinha. Fiz um lanche rápido e fácil. Meu corpo cobra o dia de hoje. Já que minha cama esta ocupada, prefiro dormir no sofá ao lado da mesma.

Aos poucos, deixo o sono me levar. Não sei quanto tempo passei apagado, mas acordo com gemidos de agonia. Abro os olhos quase no susto. É tudo novo, até outra pessoa em minha casa e principalmente em meu quarto.

Remexo-me no sofá, ficando sentado. Os seus gemidos continua, por impulso, fico de pé indo em direção a moça deitada em minha cama. Ela se mexe, quase se debatendo. Tenho receio de aproximar.

Mas deixo o receio de lado quando escuto ela falar palavras por cima de palavras. Isso me assusta, porque até então, não sei o que aconteceu com ela, fora a batida que a mesma sofreu.

- Não.. você prometeu cuidar de mim... prometeu.. por favor não me deixe...

Fala deixando as lágrimas caírem. Chego mais próximo vendo o quão molhada ela estava. Ponho minha mão em sua testa, sinto uma descarga constatando o quanto ela esta quente. Merda. Só faltava isso agora.

Sem saber o que fazer e medidas tomar. Pego o telefone, disco o numero de minha mãe. Essa é a segunda vez que preciso dela.  por ser de madrugada, ela demora em atender.

Quando atende é meu pai que responde do outro lado da linha. Falo para ele mais ou menos o estado da moça. Ele assim como minha mãe, cuidou de nós e sabe como baixar a febre.

Explicou, sobre toalhas e o contra gotas ao lado da cabeceira que minha irmã deixou. Caso a febre não diminuísse, era só retornar que minha mãe ia resolver. Desliguei apresado, fui para o banheiro em busca de algumas toalhas.

Molhei como meu pai informou. Voltei ate onde a mola esta, colocando uma sobre sua testa. Outra em seu colo. Para facilitar, adicionei a quantidade de gotas no copo de agua, com ajuda de uma seringa, abri sua boca despejando o liquido em sua garganta.

Troquei quase cinco vezes as toalhas umedecidas, até constatar que sua febre tinha baixado. Como é de família a teimosia, coloquei um termômetro lá marca 36° uma base normal de temperatura.

Pego tudo que usei, coloco no cesto de roupas sujas. Agora sim estou cansado demais. Puxo o travesseio, ajeitando no sofá. Deito-me na posição que possa olhar caso precise de minha ajuda novamente.

Lentamente caio em sono mais que profundo. Sem esquecer de pronunciar as palavras que todas as noites digo em voz alta. Por toda minha vida. MEUS TRÊS ANJOS DE LUZ.

Cecile

Sinto como se um caminhão tivesse passado por cima de mim. Tudo em meu corpo dói, o que mais dói é minha cabeça. Imagens dos motoqueiros nos seguindo vem com tudo.

Eu te amo, dito aos meus irmãos, eu correndo eles correndo para cada um se salvar. Tento me mexer,  o movimento faz com que um gemido saia de meus lábios.  Meu deus.. será que eu morri e estou no purgatório?

Até um apertar de mãos dói. Se eu morri, espero que meus amigos tenham sobrevivido. Tento mais uma vez mexer meu corpo. Aos poucos, consigo abrir os olhos. Mas uma grande claridade atinge, fazendo com que eu os feixe novamente.

Tento fazer a mesma coisa quase cinco vezes. Até ter coragem de abrir por completo. E quando faço isso, me assusto com o que vejo. Um quarto amplo com moveis escuros, de paredes claras em algumas partes.

Céus... como Leleca fala. Estou na divisa só pode. Olho em volta prestando atenção no tamanho da cama onde estou deitada. Fico surpresa. devagar mexo meus braços e pernas. Claro que dói na mesma hora.

Puxo a coberta, sentido falta da calça que estava vestida. Olho para meu corpo vendo que estou com uma camisa que nunca poderia ser minha pelo tamanho dela em meu corpo. Nervosa, tento procurar com o olhar meus pertences. Não são muitos mais são meus.

De repente travo. Vejo um homem muito grande deitado em um minúsculo sofá. Olho para ele e para meu corpo. Ponho a mão na boca, com os lábios tremendo. Não pode ser!

Será que ele é um dos caras? Meu deus... ele fez algo comigo, por isso a dor em meu corpo? Nervosa o suficiente saio da cama, a ponta pés sem fazer barulho. Já que não vi nada o que é meu, vou sair assim mesmo.

Olho mais uma vez para seu rosto gravando, caso ele me ache na rua e eu possa fugir antes que ele me veja. Corpo musculoso, barba bem feita. Cabelos negros, pele moreno claro. Isso Cecile. Já copiou bem direitinho agora vamos antes que ele acorde eu descubra o que ele fez.

Sigo para suposta porta do quarto. Tremula, coloco a mão no trinco da porta. Estou quase abrindo quando escuto uma voz poderosa e rouca atrás de mim.

- Onde a moça pensa que vai, saindo de fininho da minha casa?

É agora Cecile, que será o seu fim. Retiro minha mão do trinco ficando travada no mesmo canto.

- Eu não sei se você entende de educação, pois bem. A minha criação diz que, quando se fala com uma pessoa, é falta de educação a mesma ficar de costas para que vos fala. Então vire-se, gosto de falar olhando nos olhos.

Santo expedito das causas impossíveis, ajudai-me neste momento de aflição.

- Preciso repetir moça? – já que é o meu fim. Viro de cabeça baixa. Aos poucos, levando encarando seu rosto. Ele esta sentado com um dos cotovelos no joelho, com uma mão, coça sua cabeça como se isso fosse a coisa mais natural possível.

Então por sorte ou azar, encaro seus olhos negros sem nenhum pingo de brilho. Como se vivesse em plena escuridão. Porque eu sei? É o mesmo olhar que eu vejo quando encontro um espelho em minha frente.

Consequências de uma vida.Onde histórias criam vida. Descubra agora