Capítulo três

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Cecile

O dia esta sendo bem revolto. Muitos corpos espalhados ao relento. Um grupo de pessoas, trouxe comida, agasalhos, até mesmo algumas mantas. O mesmo grupa da igreja, que nus da o sopão a noite, veio com mais pessoas.

Ficamos no lado opostos. Uma senhora, veio próximo onde estamos, oferecendo algo para comer. Aceitamos, além do cansaço a fome é maior. Ganhei uma manta, água, leite e pão.

Vários repórteres, com suas câmeras, filma a chacina. O corpo de Boreu, não está entro os outros. Choro por não ter cumprido a promessa que foi feita. Ele era nosso protetor e agora, o que será de nós.

Um grupo de criança, canta uma musica que escutávamos nas missas de domingo no enternado.

Segura Na Mão de Deus

Padre Marcelo Rosi

Se as águas do mar da vida quiserem te afogar
Segura na mão de Deus e vai
Se as tristezas desta vida quiserem te sufocar
Segura na mão de Deus e vai

Segura na mão de Deus, segura na mão de Deus
Pois ela, ela te sustentará
Não temas, segue adiante e não olhes para trás
Segura na mão de Deus e vai

Se a jornada é pesada e te cansas da caminhada
Segura na mão de Deus e vai
Orando, jejuando, confiando e confessando
Segura na mão de Deus e vai

O Espírito do Senhor sempre te revestirá
Segura na mão de Deus e vai
Jesus Cristo prometeu que jamais te deixará
Segura na mão de Deus e vai

Aos poucos, todos os moradores de rua, acompanha o cântico. As lagrimas, banha os rostos de todos ali. O sofrimento é imenso. E cada vez que cantava, é como escavar meu coração dolorido.

Pela uma escolha que não foi minha. Não pedi para vim ao mundo, se vim? Acho que tenho algum proposito. Leleca é a que sofre mais. Essa não teve chance de conhecer ninguém de sua família.

Seu único irmão, era usuário de drogas. Estava devendo ao traficante, sem ter dinheiro para pagar a divida, veio matou todo mundo. A sorte de Leleca, foi sua mãe. Que antes me morrer a protegeu com seu corpo.

Desde de bebe, era criada pelas irmãs. Assim como eu, não tinha para onde ir, ficamos unidas.

- Come um pouco Joca. Não se sabe, se a noite vamos comer. – falo.

- Por isso que vou guardar um pouco, tenho medo que eles voltem Ceci. – suspira.

- Guarde meu pão. A gente divide mais tarde. – fala Leleca.

- Tudo bem. Cada um, guarda um pouquinho. – assim foi feito.

Pela tarde, fomos ao abrigo para tomar banho. Uma vez no dia, tínhamos esse prazer. Ou na madrugada, tomar banho na fonte sem os policias por perto. Não estava lotado, acho por causa das doações na praça.

Muitos, vive como nós, sem teto dependendo da ajuda dos demais. Ninguém tem coragem de dar emprego, para quem mora na rua. Por isso pedimos. Sei ler, escrever, e me saio até bem em matemática.

Meu sonho é poder entrar em uma faculdade, ser alguém importante na vida. ajuda quem tem menos do que eu. Lavo minhas roupas deixando no varal. Fico pastorando para ninguém levar.

As 18 horas, é servido o lanche no abrigo. Fomos para fila pegar leite e bolacha. No pátio central do abrigo, tem uma televisão velha. Nela passam as noticias do dia, mas o plantão nunca para, sempre com novas noticias.

- queria fazer alguma coisa, mas como? Estou na merda do mesmo jeito. Faço um rabo de cavalo em meu cabelo, nem sei quando o cortei. Era sempre assim, minha amiga cortava o meu e eu o dela.

- Onde vamos dormir hoje? – eu mesma me pergunto.

- Sinceramente, não sei Joca. Não quero ficar perto daquela matança. Não me conformo da morte do nosso irmão. E ali não quero ficar. – falo sincera.

- A não ser, se fomos um pouco para entrada da cidade. Lá não tem muito movimento. Tem arvores que podemos nos esconder. – solta Leleca.

- é melhor que ficar aqui. – completa Joca.

Sem ter por onde correr, aceito a opção dada por Leleca. Pego nossas coisas, as roupas estão um pouco úmidas, melhor que suja. Conseguimos um saquinho, para guardar os pães de mais cedo.

As ruas de Monte negro, são esquisitas a noite. As 20 horas, não tem um pingo de movimento. A parte que estamos indo, é mais deserta. Aqui é onde as pessoas com mais condições vivem.

Continuamos com a caminhada, até começar a cair pingos de chuva. Apresamos o nosso passo.

- vamos gente, falta pouquinho. – vejo a distancias entre as casas, querendo crer que realmente falta pouco com essa louca fala.

Dói os meus pés, minhas pernas. A chuva aumenta, deixando minhas roupas pesadas, não ajudando com a minha caminhada. Escutamos barulhos de motos na estrada, baixamos a cabeça, com a intenção de ninguém mexer coma gente.

Mero engano, um grupo de motoqueiros com mascaras no rosto, nota nossa presença.

- Olha o que temos aqui? Um bando de trombadinhas, o que fazemos com os trombadinhas? – pergunta entre risadas.

- Metemos o cacete. – outro grita.

O desespero toma conta, olho para as duas pessoas, que conheço toda minha vida. falo em sussurro.

- Amo vocês. – depois de pronunciar grito.

- Corre..

Cada um corre para a direção oposta. Deixando os motoqueiros com ódios. Aceleram as motos, em nossa direção. Joca, corre para rua oposta. Leleca, entre mato a dentro. Eu? Saio correndo no meio da avenida.

Eles se espalha para pegar a gente. O medo é tão grande de morrer , que esqueço da dor que estou sentindo em meu corpo. Consigo passar por duas ruas, desviando das latas de lixo.

Mas o mascarado, continua a me seguir. Sem ter escapatória, atravesso a avenida sem olhar para os lados. Estou passando no cruzamento, quando vejo flash de luzes em meus olhos. Não a tempo de desviar da luz. Sou recebida pela pancada.

Arremessando meu corpo ao outro lado

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Arremessando meu corpo ao outro lado. Sinto minha cabeça bater na pista. Algo quente escorre pelo meu rosto, deixando meus olhos pesados, caindo em total escuridão.

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