Capítulo 21 - Certezas e Incertezas

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A certeza e a incerteza são coisas ambíguas, mas que andam de mãos dadas como melhores amigas. Elas sempre estiveram lado a lado uma da outra, crescendo no interior, mas para poder ter certeza precisa passar pela incerteza. Pansy não queria chegar à certeza, ela estava muito bem com a incerteza, obrigada.

Talvez os instintos de Erzsébeth Pansy sempre a alertaram desde os primórdios sobre a real natureza de Charlie, mas ela resolveu fechar os olhos e aceitar a versão ''light'' que ele oferecia a ela, afinal ela havia encontrado o amor no lugar mais inusitado.

Ela nunca havia visto o verdadeiro Charlie, nunca o tinha visualizado nem sequer imaginado como ele se comportaria em sua natureza própria até o dia em que eles receberam a visita inesperada da tia dele. Charlie estava consternado, transtornado e fora de si, a tamanha violência que ele empregou quando a empurrou no chão, a ferocidade com que ele gritava com aquela mulher, quando ele pulou no pescoço dela, Pansy não tinha mais certeza se realmente conhecia aquele homem, por uma fração de segundo, ela se lembrou do comportamento dele, na noite em que ele matou Richie. Ela finalmente tinha entendido que quando aquele homem era empurrado até o limite ele se transformava em uma besta, que ela não queria enfrentar. Ele era tão lindo e ao mesmo tempo tão perigoso Pansy sentia que estava se aproximando demais do sol.

No momento em que aquela mulher havia saído da casa, era como se uma nuvem finalmente tivesse saído da frente do sol, aquela senhora tinha uma presença pesada, e obviamente ela exercia um poder muito negativo sobre Charlie, a tensão era evidente. Assim que ela deixou a casa, Charlie se arrependera amargamente de ter empurrado Pansy com tamanha violência.

— Me perdoe, me desculpe me desculpe, me desculpe, me desculpe não queria te machucar! — Seus olhos verdes estavam marejados.

—Charlie não, tudo bem. — Ela disse se afastando dele, não tinha certeza se queria receber o toque dele naquele momento— Eu estou bem, só bati o quadril nada demais, você está bem?

—Sim, Deus! Aquela mulher só sabe infernizar a minha vida, Scarlett! Juro que eu não tive a intenção de te machucar.

—Por que você mentiu para mim a respeito da sua mãe, Charlie? — Ela perguntou, e Charlie parecia desesperado para procurar uma desculpa convincente.

—Essa mulher, tia Vivien, ela me criou depois que minha mãe morreu e... Eu não quero falar sobre isso, eu apenas quero esquecer que fui criado por ela, e tudo o que ela infligiu em mim e... Eu nunca a considerei o suficiente para mencioná-la para você. —Charlie era tão correto para falar, ele era tão educado, polia as palavras antes de utilizá-las com um nível de formalidade e tamanha calma que era surpreendente.

Pansy se aproximou dele, e colocou a mão no rosto dele.

—Me desculpe, eu apenas queria conhecê-lo Charlie, você é tão distante de mim, que às vezes eu não sei quem é que tá na minha frente, eu queria poder entender o enigma que é Charlie Bloson.

—Eu já disse você nunca quer saber quem as pessoas são verdadeiramente, isso pode ser... Perturbador, saber o que elas pensam e o que elas fazem, às vezes é melhor conhecer apenas o lado bom delas. —Ele disse olhando para o vago.

—Não Charlie, eu quero conhecê-lo, eu quero entendê-lo, eu o quero cem por cento para mim, ou você se entrega por completo ou não se entrega, eu estou aqui por você. —Pansy sabia que aquelas palavras soavam verdadeiras e elas eram.

—Não Scarlett, você não sabe o que fala, acredite em mim, você não vai gostar de saber sobre tudo. Veja isso. — Ele tirou a camisa e se virou de costas, Pansy pode perceber as inúmeras cicatrizes que ele tinha nas costas, ele havia dito que as adquiriu quando caiu em uma cerca de arame farpado na infância. — Aquela mulher fez isso Scarlett, quando um homem é posto a prova, coisas ruins podem acontecer.

O Mais Belo Espinho De SangueWhere stories live. Discover now