O prazer e a dor são coisas ambíguas, mas também podem se tornar extremamente relativos, andando de mãos dadas, como aquelas pessoas velhas que são inimigos por uma vida toda e no final das contas nenhuma delas se lembra a real razão por terem brigado, simplesmente continuam a travar uma batalha pelo orgulho ferido. Este é o prazer e a dor, ambos duelam por seu espaço, e às vezes eles resolvem dar as mãos e saírem andando. Tornando-se a combinação perfeita, dolorosamente prazeroso, tudo aquilo que causa a dor geralmente vem acompanhado do prazer, ou tudo aquilo que dá prazer pode ser dolorido.
Esse não era o caso de Erzébeth Pansy, tudo o que ela sentia era uma dor continua, sem fim, sem cessar e sem pausas interruptas. Após contar precisamente mil trezentas e sessenta e sete gotas pingando em algum lugar daquele abrigo anti-bombas embaixo da floricultura de Charlie ela simplesmente resolveu parar de contar, e se entregou de completo para a dor.
A principio o pânico e o medo que ela sentia por Charlie a havia deixado entorpecida, tudo o que sua mente mutilada conseguia projetar era a decepção e o fracasso. A decepção de ter enganado e enrolado o homem que ela deveria perseguir e prender e por quem fatidicamente acabou se apaixonando e o fracasso por falhar profissionalmente em sua missão. Agora ela estava praticamente nua, ou se vestia alguma coisa não sabia dizer, amarrada em uma maca de hospital, e mutilada física e mentalmente. O pior abuso que Charlie poderia cometer com ela não era o físico e sim o emocional.
Pansy não sabia dizer a quanto tempo exatamente ela estava naquela situação, ela tentou desesperadamente calcular o tempo pelo som da torneira pingando naquele cômodo, mas era difícil se manter sana naquela situação, poderiam ser dias que ela estava lá embaixo, como poderiam ser apenas algumas horas. A mulher tentava lutar por sua sobrevivência mental ''ele pode acabar com meu corpo, mas não pode machucar minha mente'' foi o que ela havia pensando inicialmente quando acordou amarrada naquele lugar, obviamente foi um grande engano da parte dela pensar isso.
Primeiro ela foi submetida ao falatório sem fim do homem, contando sua infância desgraçada, uma tentativa desesperada de justificar o monstro que ele havia se tornado, mas aparentemente para ele aquilo era absolutamente normal, afinal de contas, quem nunca empurrou a mãe em um poço na infância e não jogou a culpa em um jardineiro, não é mesmo?
Enquanto o pânico e a tormenta a corroíam por dentro, Charlie ainda não satisfeito resolveu violar Pansy física e emocionalmente, possuindo-a a força de todas as maneiras, enquanto ela observava tudo àquilo como uma telespectadora a distancia, vendo alguém violar seu corpo. Pansy não conseguia mexer os dedos dos pés, ela também não se atrevia, sabia que estavam todos quebrados, e provavelmente iria perdê-los se continuassem por muito tempo sem os cuidados necessários, enquanto ele apertava seus dedos com um alicate, tudo o que ela pensava era nos momentos felizes de sua vida, sua infância com seus pais e sua irmã, seu trabalho em Washington, e a brincadeira de casinha que era para ser uma missão de trabalho que ela vinha desempenhando nos últimos meses com Charlie, todas suas memórias eram tentativas desesperadas e frustradas de se livrar da dor excruciante que sentia naquele momento, mas ela não tinha autocontrole o suficiente para isso, apenas absorveu cada osso de seus dedos dos pés quebrarem lentamente, Pansy começou a levar em consideração que talvez o som de gotas que ela ouvia era o seu sangue escorrendo no chão, e não alguma torneira.
Era como pequenos grãos de areia se esvaindo em uma ampulheta, ela sentia a vida saindo lentamente de seu corpo, á abandonando na escuridão com sua alma danificada, enquanto ela era insultada pelo homem que julgava amar, de todos os xingamentos existentes (que era uma lista extremamente extensa) ele a violentou outra vez, desta vez com um arame farpado. Pansy não fazia idéia de como era sua situação intima, mas ela não ousava fazer qualquer movimento com o corpo, ou a dor latejante poderia piorar e a abrir no meio. Ela sentia o sangue escorrer entre suas penas, até secar e formar uma crosta, todas suas necessidades fisiológicas foram privadas de serem feitas adequadamente, tudo o que ela sentia vontade de fazer tinha que ser deitada, sob seus próprios excrementos. A situação era intensamente humilhante, ela se sentia grata por Charlie não estar lá para vê-la daquela maneira. Aparentemente ele havia a esquecido lá embaixo, talvez a tenha deixado para morrer, Pansy pensou por uma fração de segundos se ele a deixaria agonizando até a morte, mas provavelmente voltaria para atormentar-la. Ela não comia nem bebia nada, sentia os lábios secos e rachados mesmo com a boca tapada pela fita isolante, e sabia que estava com algum tipo de hemorragia, pois não tardou muito até ela começar a dormir com poucos intervalos de tempo e é claro a delirar.
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O Mais Belo Espinho De Sangue
Mistero / ThrillerErzsébeth Pansy é uma agente pouco convencional do FBI, ela segue suas próprias regras e tem um mórbido gosto viciante por coisas ilegais. O FBI descobre que um serial Killer tem tirado o sono de todas as mulheres da Califórnia, pois ele tortura sua...