A necessidade é algo complexo, ela começa crescendo gradativamente, corroendo por dentro, primeiro começa como um comichão, algo insignificante, uma picadinha de mosquito, sim sua presença é notada, mas ela é ignorada, não passando muito tempo a coceira aumenta, o que antes era algo insignificante se torna significativo de alguma forma, vai aumentando com o passar do tempo, como quem não quer nada a necessidade aparece se esgueirando pelas beiradas, se escondendo no escuro, farejando que a vontade precisa, fazendo-a aumentar, e uma coiceirinha insignificante se torna uma úlcera latejante, pulsando sobre a pele, inchada, pronta para estourar e arrebentar a qualquer momento e o que era antes apenas uma vontade, um pensamento fútil se torna uma necessidade irremediável, inadiável, ela precisa ser preenchida, precisa ser atendida, ela grita, berra ensurdecedoramente, ela precisa ser ouvida! Não deixe a necessidade bater a sua porta e ir embora, pois ela não irá, ela deve ser ouvida e principalmente obedecida.
Os movimentos eram contínuos, quase que como ensaiados, um vai-e-vem que se repetia há alguns minutos, deliberadamente, para frente e para trás, um balanço forte e precipitado, continha fúria, desejo e acima de tudo a necessidade. A pressão aumentava, a adrenalina começava a fluir preenchendo as veias de todo o corpo. Seus cabelos longos e ruivos se movimentavam, balançavam com o vento que entrava da janela, a ruiva se retorcia e requebrava, ela sabia o fazia, e desenvolvia a performance com destreza. Seus cabelos ruivos caiam em cascata pelas costas, ondulados e vermelhos, uma cor definitivamente perigosa.
A ruiva gemia, gemia de maneira alta e exagerada, Charlie levantou a mão e tapou a boca dela, os sons estavam começando a irritá-lo, tirando-o o de seu transe interno. Ela longe entendeu que era para ficar quietinha e não falar nada, ações falavam mais alto que palavras ou sons. De toda maneira seria impossível manter algum diálogo com a mulher de cabelos vermelhos, ela dominava a cama e não o idioma que Charlie falava, seu dialeto era inteiramente húngaro e ele apesar de todos os anos vivendo nessa terra distante ainda não tinha domínio absoluto sobre ele.
A prostituta húngara dançava no colo de Charlie, de costas para ele, ele não queria ver o rosto dela, não queria observá-lo e perceber que tudo aquilo não passava de uma farsa, portando, ele jazia deitado na cama e ela sentada em cima dele de costas, tudo o que ele podia ver e tudo o que ele queria ver eram aqueles longos cabelos ruivos.
Seu membro estava ereto, seus olhos estavam fechados, e a fêmea desempenhava seu papel, Charlie tirou as mãos suadas da boca dela e as apoiou nos quadris esguios da mulher, suas costas, assim como o resto do corpo era manchados pelas sardas, uma característica singular da ruivas naturais, mais uma coisa que estragava a imaginação do homem, sua Erzsébeth não era ruiva natural, definitivamente não. Mas tudo o que ele tinha naquele momento era uma mulher que ele encontrou rondando perto da ponte do Danúbio, Charlie fora extremamente exigente quando disse que queria a prostituta ruiva, ele precisava dela, a necessidade falava mais alto.
De olhos fechados, enquanto estocava dentro da mulher, sentindo a quentura interna dela em contato com seu corpo, Charlie Bloson sabia que aquilo não lhe era motivo de orgulho, muito pelo contrário, era algo ultrajante e extremamente desconcertante e constrangedor, procurar auxílio a uma mulher da vida, uma mulher que vende o corpo a estranhos por dinheiro, ele não se orgulhava de ter pagado por sexo, e ele era completamente ciente que poderia ter a mulher que desejasse, afinal de contas, sem falsa modéstia ele sabia que era considerado um homem extremamente atraente, porém não, esse não era um risco que ele podia correr, não poderia manter um relacionamento, não podia nem tentar se dar ao luxo de fazer isso, já que dá última vez as coisas deram errado, ele não queria proximidade, não queria intimidade, queria apenas sexo, queria sua Erzsébeth de volta, queria tê-la em seus braços, e também queria tirar a vida de alguém, queria sentir o sangue pulsando em suas mãos, a luz da vida se apagando, e ele queria ser o causador.
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O Mais Belo Espinho De Sangue
Mystère / ThrillerErzsébeth Pansy é uma agente pouco convencional do FBI, ela segue suas próprias regras e tem um mórbido gosto viciante por coisas ilegais. O FBI descobre que um serial Killer tem tirado o sono de todas as mulheres da Califórnia, pois ele tortura sua...