Capítulo 37 - Heroína

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O tempo é algo extremamente relativo. Para alguns ele passa rápido, como milhares de flashs de uma câmera faminta por imagens e para outros pode passar deliberadamente devagar como uma pequena gota em uma torneira, delineando o contorno para cair na pia vagarosamente. Quando momentos felizes de êxtase e alegria são vividos passam rapidamente diante de nossos olhos como um leve piscar, fechando a pálpebra e a abrindo novamente o tempo já passou. Já em momentos difíceis e complicados o tempo passa tão vagarosamente quando um grão de areia caindo em uma ampulheta, um por um se deslocando do topo e caindo em uma imensidão de outros grãos dispersos esperando pelo próximo para completar um ciclo que irá se repetir de novo, de novo e de novo sem fim.

Agora o tempo não existia para Erzsébeth Pansy, ela estava lúcida e sóbria como nunca estivera em anos, mas estava começando a desconfiar que tinha tomado algum entorpecente sem se dar conta pois tudo passava com flashs a sua frente e ela apenas observava indiferente e imobilizada.

Ela não estava inteiramente imobilizada e paralisada apenas pelo medo, mas também fisicamente era impossível de se mexer com os pulsos para trás de seu corpo presos em uma espécie de algema improvisada com um daqueles lacres de fechar embalagens, que depois que é puxado como uma pulseira e bem apertado não dá para soltar mais.

Tudo fora como dito anteriormente muito rápido, Pansy havia chegado em sua casa depois de uma tarde interessante com o homem que tentara matá-la alguns anos atrás e encontrou seu chefe, o Agente Super Especial Bruce Taunt na sua sala apontando uma arma para ela sem mais nem menos, antes que ela tivesse tempo de explicar porque estava toda ensangüentada ficou ainda mais difícil de falar com cara colada ao chão e um pé contra a sua cabeça enquanto ele imobilizava suas mãos com a ''algema'' e a jogava no sofá sem nem lhe dar o direito de explicação, o que era ultrajante e uma espécie de invasão de privacidade. Por um breve momento ela pensou em chamar Roger, porque nada daquilo fazia sentindo, o fato de seu chefe estar a prendendo sem nenhum motivo aparente, mas então ela se lembrou que ele tinha voltado para os Estados Unidos á mando do mesmo homem que a estava prendendo ''injustamente'', e foi então que as peças começaram a se encaixar...

Antes que ela tivesse tempo de argumentar á sua defesa um homem alto, barbudo e ensangüentado entrou correndo no seu apartamento o que não ajudou muito sua situação. Charlie sempre tinha que aparecer nos piores momentos e por um instante ela pensou que se o tivesse esfaqueado no apartamento dele muita dor de cabeça poderia ter sido evitada.

Mas era tarde demais para reclamações, Taunt sacou sua arma e apontou contra a cabeça de um Charlie confuso e assustado que continuava fitando Pansy com um olhar questionador, exigindo saber o que diabos estava acontecendo, enquanto ela ficava imóvel observando a atônita sem proferir uma palavra. Taunt obrigou Charlie a se ajoelhar lentamente no chão e antes mesmo que ela pudesse piscar Charlie estava algemado (com uma algema de verdade) prendendo ambas as mãos atrás do corpo, mas com a algema também presa ao aquecedor no chão, que eram algumas grades de ferro que estava desligado deixando o ambiente ainda mais frio.

Taunt olhava para ambos presos, Pansy com os pés e as mãos imobilizadas sentada no sofá e Charlie preso ao aquecedor no chão com uma espécie de orgulho no rosto, como se tivesse prendido o próprio Al Capone.

—É muito errado que eu ache meio divertido vocês dois aí presos? — Taunt disse com uma falsa modéstia.

—Mas que porra é essa? Eu exijo saber o que está acontecendo Taunt, porque eu estou amarrada nessa merda de sofá? — Pansy vomitava as palavras com rapidez, enquanto Charlie a fitava em desaprovação balançando a cabeça negativamente.

—Você se acha muito espertinha não é mesmo Pansy? — Ele disse se sentando no sofá ao lado dela. — Por quanto tempo você realmente achou que poderia manter esse seu... Romance e achou que o FBI simplesmente iria fechar os olhos para o que está acontecendo? — Taunt tinha um cheiro forte de alguma colônia cara que cheirava á álcool puro e ele também tinha um leve aroma de fumo. — Sinto te informar mas seus planos foram por água a baixo.

O Mais Belo Espinho De SangueWhere stories live. Discover now