O quarto todo girava, em um escarlate que girava sem parar, de um lado para o outro, aos pequenos e tímidos passos ela avançava, colocando as mãos tremulas na parede, estava sóbria e consciente como nunca se sentira antes. Os sentimentos são inexplicáveis confusos, cheios de altos e baixos, só são bons quando machucam se não doem não são verdadeiros. Havia lutado bravamente contra o desejo, deixando a razão predominar, mas sabia que isso era impossível, o desejo a rasgara ao meio, saindo dela como uma besta, á ferindo em mil pedaços e se entregando a loucura, altos e baixos. Ela havia chegado ao topo, e caído dele até o fundo, o alto se fundira com o baixo, tornando tudo apenas um abismo infinito. Sentou se na beirada da cama, fitando o objeto que estava em cima da cômoda, ele continuava lá, intacto e fechado, uma simples caixa de madeira, cor de mogno, imaculadamente polida, lixada e envernizada, ela se levantou, rastejou até a caixa, abrindo-a. Era como voltar no tempo, o cheiro impregnou o quarto, o aroma tomou conta de tudo, dançando em seus pulmões, cheirava tão bem. Delicadamente ela tirou o que tinha dentro da caixa e aproximou do peito, apertando-o contra si, olhou-se no espelho, não reconhecia a imagem refletida, não acreditava no que tinha feito a figura a olhava novamente, aqueles grandes olhos cor de âmbar, a fitavam com desaprovação, a ponte fora cruzada, não podia ser queimada, não existiam mais altos e baixos, ela estava perdida, novamente.
''— Ninguém nunca... Chega tão fundo dentro de você como eu chego... Querida.''
O som do telefone caindo no chão despertou Erzsébeth Pansy do seu estado de transe, aquela voz ecoava dentro de sua cabeça, ela não poderia esquecer aquela voz aveludada, rouca e grossa, não era um timbre, era um rosnado, era feroz, e a pessoa que a ligara era Charlie Blosson.
—Não... Não... Não... Não, pode ser! —Era tudo o que ela conseguia balbuciar, Pansy deitou-se novamente na cama em posição fetal, não era possível, como aquele homem descobrira onde ela estava? Como ele conseguiu seu número? Ele provavelmente sabia onde ela morava, e não demoraria muito para bater em sua porta. O mais perturbador não era Charlie visitá-la, era ela querer que ele viesse e logo.
Pansy enrolou-se na coberta, até cobrir sua cabeça, aquilo não podia estar acontecendo, uma aflição passou por sua mente, se ele viesse atrás dela, seria para terminar o que tinha começado, não seria? Os vermes brancos e rastejantes conhecidos como lágrimas involuntárias escorriam por sua face, ela faziam cócegas enquanto escorriam, ela começou a gargalhar, estrondosamente e descontroladamente, aquilo era uma grande piada, ela estava literalmente fodida.
Ela não podia passar o resto da vida se escondendo, e se ele viesse atrás dela, era bom fazer o serviço direito, pois ela não iria dar uma segunda chance. Pansy se levantou e foi até a cômoda, onde guardava sua calibre 38, a carregou e colocou na parte de trás da calça, desde que se mudara para a Hungria ela não ia a lugar nenhum sem a maldita arma, se ia ao supermercado a levava na bolsa, andava com passos largos na rua, olhando para os lados e para trás, preparada para qualquer momento que Charlie pulasse de trás de um arbusto para emboscá-la, ela iria estourar os seus miolos. Ou agarrá-lo, ela ainda não sabia em qual ordem iria fazer isso.
Olhou para o relógio, já era quase cinco da tarde, Roger iria chegar a qualquer momento, ela se sentia um pouco mais segura com o amigo ao seu lado. Para passar o tempo, e se distrair ela pegou o laptop do amigo, e foi visitar alguns sites aleatórios da internet, um pouco de distração não faria mal, manteria a mente longe de confusões. Empertigou-se na cama, uma pontada de leve a pegou por baixo, o maldito Húngaro mascarado a havia deixado dolorida, Pansy gostava de pensar que o tinha deixado com dor também, pois pela primeira vez na vida ela não se sentiu um brinquedo nas mãos de um homem, e sim o contrário.
Enquanto navegava pela internet, um alerta apareceu na tela, era um email para Roger, Pansy foi fechá-lo, mas acabou abrindo-o acidentalmente ''merda de computador moderno'' ela pensou, estava prestes a fechar quando um nome chamou sua atenção.
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O Mais Belo Espinho De Sangue
Mistério / SuspenseErzsébeth Pansy é uma agente pouco convencional do FBI, ela segue suas próprias regras e tem um mórbido gosto viciante por coisas ilegais. O FBI descobre que um serial Killer tem tirado o sono de todas as mulheres da Califórnia, pois ele tortura sua...