E se eu estiver errado?
Eu estive enganado desde o início
E se eu estiver errado?
Era uma fisgada mortal que subia e descia, repuxando a pele que estava em chamas. Como se mil formigas lava-pé estivessem dilacerando o seu braço. A dor era excruciante e não tinha fim, Charlie Bloson tentou se acomodar, mas foi uma péssima idéia, pois o braço que estava atado atrás das costas com uma algema voltou a gritar pelo buraco de bala ainda mais.
Para ajudar ele ainda tinha que lidar com a dormência de seu abdômen onde um taser tinha disparado choques diversas vezes, um só teria doido o suficiente, mas depois da terceira vez que Bruce Taunt tinha apertado a arma de choque Charlie tinha parado de contar. Ele não precisava olhar para saber que a pele logo estaria com uma bola roxa-esverdeada no lugar onde sofrera os choques, Charlie sentia como se tivesse levado uma mordida de um par de dentes naquele local.
A situação não era a mais favorável, ele sabia que a qualquer momento o FBI entraria naquela sala e tudo o que ele tinha evitado por boa parte de sua vida viria à tona: ir preso. Charlie tentou respirar fundo, mas isso só fez com que suas costelas doessem se ao menos ele pudesse soltar os braços não seria difícil sair dali.
Fugir aparentemente não era uma opção viável, no começo ele tinha achado que aquilo era algum plano de Erzsébeth Pansy de prendê-lo que tinha cansado de ficar blefando, mas aquilo não devia ser atuação, ela estava tão apavorada quanto ele e se não estivesse ela era uma ótima atriz e Hollywood com certeza estaria a perdendo.
Pela primeira vez em muito tempo Charlie estava experimentando alguns sentimentos inesperados como o medo, ele não sentia isso há muitos anos. Um lampejo de desespero estava começando a passar pelos seus olhos. Isso era tudo, era o fim e ele estava condenado. Sua testa começou a ficar quente, ele não sabia se estava com alguma febre ou nervoso mesmo, pois a temperatura estava bem baixa naquela sala, então provavelmente não estava suando de calor.
O tal agente do FBI ficava a maior parte do tempo no telefone gritando ordens para alguém, cuspindo enquanto falava. Se não estava atormentando os outros no telefone e usando a palavra ''incompetente'' ''mova essa sua bunda gorda para cá logo!'' que Charlie podia jurar ter ouvido a repetição dessas palavras inúmeras vezes em um pequeno intervalo de tempo, ele estava torturando Charlie e Pansy mentalmente. Seria muito mais fácil se ele levasse todos presos logo e parasse de ficar esfregando na cara de Charlie que ele era um ser humano desprezível (nas palavras de Taunt) e fazendo jogos psicológicos com Pansy. Nem Charlie era tão cruel assim. Bom, talvez ele fosse, mas isso não vinha ao caso.
Apesar de ser o fim da linha e isto estava evidente, Charlie não estava pronto para se entregar para um tirano do FBI sem nem ao menos mostrar um pouco de força, ele tinha que trabalhar a cabeça e pensar logo em uma maneira de sair dessa situação. Tudo o que ele precisava era se soltar daquelas algemas, mas não conseguia fazer nenhum movimento com o ombro esquerdo baleado. Isso fez com que Charlie lembrasse outra coisa: Taunt possuía uma arma, e se ele conseguisse se soltar antes de poder ficar de pé Taunt estaria metendo uma bala entre seus olhos, ou pior: no seu outro ombro.
Era definitivamente um beco sem saída, mas Charlie se negava a ficar parado esperando ser jogado em um carro forte do FBI, então ele começou a olhar em volta, ser se conseguia achar alguma coisa, nem que alcançasse com os pés e fizesse algum tipo de milagre para se soltar.
Observou o perímetro, era uma sala comum, dois sofás brancos, Pansy sentada também presa em um deles, o outro vazio, Taunt tinha levado sua mala dali, provavelmente ali dentro deveria ter alguma coisa para ele se soltar, mas isso era apenas uma dedução. Uma mesinha de centro vazia. Uma televisão e um assassino de mulheres preso ao cano do aquecedor no chão de madeira. Nenhuma chave dando sopa, nenhum grampo pra ser usado pra abrir a algema, nenhuma arma para ele usar contra Taunt.
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O Mais Belo Espinho De Sangue
Mystère / ThrillerErzsébeth Pansy é uma agente pouco convencional do FBI, ela segue suas próprias regras e tem um mórbido gosto viciante por coisas ilegais. O FBI descobre que um serial Killer tem tirado o sono de todas as mulheres da Califórnia, pois ele tortura sua...