Capítulo 27 - O Acerto

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O entardecer se aproximava, o sol tocava as paredes de tijolo encobrindo tudo com a tonalidade quente e alaranjada um crepúsculo de cores, a sombra escura refletia no chão do homem parado de pé encostado na parede com um pé apoiado nela e o outro descansando no chão, Charlie Bloson fumava um cigarro, ele particularmente não tinha o hábito de fumar, tampouco gostava de cigarros, mas a ocasião exigia que ele fumasse, afinal de contas ele precisava de um fundamento.

O rapaz estava atrasado, mas não era de se admirar isso era o que se esperava de viciados, eles faziam suas próprias regras e não respeitavam horários. O botânico sabia que ele ia quase todos os dias para aquele beco onde ele comprava a heroína, após observar ele nos últimos dias Charlie descobriu os hábitos peculiares do outro homem. Tudo fora muito fácil não necessitou muito esforço, Charlie apenas tinha ido ao beco algumas horas antes e encontrado o traficante, ele era um homem magricela, com uma penugem que seria um crime chamar de barba e uma touca, ele perguntou avidamente á Charlie o que ele queria comprar, e com apenas um golpe do canivete afiado na barriga do traficante Charlie o tirou do caminho, pegou as drogas necessárias, e se livrou do corpo, depositando-o em uma lixeira próxima, agora era só esperar que um de seus clientes mais fiéis aparecesse.

Charlie estava ficando impaciente, o cheiro do cigarro o estava dando dores de cabeça, mas ele sabia que tinha que continuar no aguardo se quisesse concluir seu plano. O rapaz fora um grande empecilho em sua vida e ele estava ciente disso, desde o dia do incêndio da floricultura, quando ele ouviu o barulho de tiros e sorrateiramente subiu ao andar superior e viu seu assistente Alfredo caído no chão e o homem de cabelos longos parado com a arma em punho e um olhar vitorioso, Charlie deduziu que ele não foi lá para matar Alfredo e sim ele.

Com muita sorte Charlie conseguiu escapar pelos fundos da floricultura, enquanto todos estavam preocupados demais com o incêndio foi uma ótima distração para que ele saísse daquele lugar, ele não parava de pensar em Erzébeth, e como ela estaria, ele sabia que precisava tê-la de volta, e logo.

Após seguir o cabeludo por alguns dias e fazer algumas pesquisas ele descobriu que o indivíduo não era da polícia ou do FBI, era apenas um fotógrafo, ele não entendia o que aquele infeliz tinha que ir lá e estragar seus planos, o rapaz se chamava Johnny Mills, e ele era uma grande ameaça para Charlie, ele era apenas o começo do plano de eliminação, Charlie tinha assuntos inacabados para tratar, mas antes ele teria que lidar com o fotógrafo viciado.

O homem colocou a mão no bolso e sentiu a seinga, ela ainda estava lá ao aguardo esperando ansiosamente. Charlie jogou a bituca do cigarro no chão e pisou em cima vendo as faíscas se dispersarem embaixo do sapato, ele tirou outro do bolso e o acendeu, deu uma longa tragada e soltou à fumaça, sentiu a nicotina fazendo efeito dentro de seu corpo, ele odiava o cheiro do cigarro.

Uma sombra transpassou os últimos raios solares alaranjados, um homem magro e alto de cabelos longos presos em um rabo de cavalo se aproximava em passos apressados, ele parou próximo de Charlie o fitou surpreso.

—Quem é você porra? Cadê o outro cara? —o homem balançava de um lado para o outro e coçava a barba que apontava com uma mão.

—Ele não veio, mas me mandou no lugar, você vai comprar ou não? — Charlie estava impaciente.

—Você trouxe? É da boa? —Johnny estava desconfiado.

—Não, não, eu vim aqui para dizer olá para você, que merda você tá pensando? É claro que eu trouxe, e é a mesma que o outro cara te vendia. —Charlie sentia uma veia pulsar no pescoço, ele queria grudar aquele sujeito pelos cabelos e bater a cabeça dele contra a parede.

—Então passa logo, cara! —Ele olhava para os lados desconfiado, com medo de ser pego fazendo o que não devia, era tão patético.

Charlie colocou a mão no bolso interno da jaqueta marrom que trajava e tirou a seringa e o vidro que continha a heroína e passou para Johnny que pegou quase levando os dedos de Charlie junto e passou o dinheiro para Charlie, ele sentou em um caixote de madeira que tinha no chão e foi puxando a manga da camisa, Charlie o olhou de soslaio.

O Mais Belo Espinho De SangueWhere stories live. Discover now