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- Karla, por favor me da. – Supliquei com voz de bebê e ela continuava me ignorando.
- Eu te falei, Camila pega uma garrafinha, mas você é muito teimosa, agora fica com sede. – Ela realmente não vai me dar?
- Karla, você está negando água. Água. – Ela continuava sem ligar. – Eu faço tudo o que você quiser, apenas um gole.
- Que chatice. – quase jogou a garrafa mas não liguei muito. Sorri convencida desfrutando aquelas gotas de esperança.
- Como as pessoas amam o hawai? Que calor, não é possível viver por mais de algumas horas aqui. – devolvi a agua me abanando.
- Mila. – Ela parou me olhando. – Você mora a alguns meses em New York, se acha agora a que foi criada no frio? Me economiza.
- Morar em NY não tem nada haver, mas eu não consigo mais viver no calor. – continuei apenas para provocar.
- Chegamos. – O garoto falou parando o carro, mostrando uma estrutura simples com algumas pessoas ao lado de fora. – Parece que estão chegando pessoas novas. Mahalo pela companhia.
- O que é Mahalo? – perguntei saindo do carro ao lado da minha irmã.
- Quer dizer obrigado. – se adiantou e eu arqueei as sobrancelhas, como ela sabe? – eu li aquela revista do avião. – Neguei com a cabeça, agradecendo mais uma vez o garoto.
Nossa única bagagem era cada uma com uma mochila nas costas, a cada passo que dava para aquela grande propriedade parece que toda minha coragem ia saindo do corpo a cada passo.
Karla andava como em uma passarela, cheia de alto confiança, nesse momento me sinto no colegial ao seu lado, o patinho feio, essa sempre foi uma vantagem da minha irmã mais velha, mesmo se ela estivesse fora da sua zona de conforto ela não deixava isso a mostra.
Quando estávamos já na porta uma mulher com traços asiáticos veio até minha irmã e começaram a conversar, fiquei ali apenas observando, quando menos falar melhor.
Depois de algum tempo de conversa ela explicou onde as pessoas estavam e era ali que poderíamos encontrar Lauren, se despediu e é Karla começou a andar, mas lhe impedi.
- O que foi? – Perguntou confusa, sentia minhas pernas tremerem, não conseguia explicar, não estou preparada para ver ela, se ela estiver me superado?
- Eu não consigo fazer isso. Você pode ir sozinha, eu vejo vocês de longe. – Tentei soar calma, mas meu medo estava bem estampado no rosto.
- Você pediu para eu vir com você. Como eu vou chegar e falar com ela, vou dizer o que? – Ela sabia que eu estava assustada, mas falar com grosseria não estava ajudando nada.
- Eu não me sinto preparada agora, estou com medo, pode fazer isso? Você fala que eu estou aqui e quero falar com ela. – Supliquei e ela ficou me olhando por um tempo.
- Ok, mas fica por aqui, a gente se encontra neste mesmo lugar, eu vou ver como estão as coisas, amanhã a gente volta e você fala com ela o que quer falar ok? – Assenti e ela foi em na direção que era indicada.
Mas o que eu vou falar com a Lauren? Decidi vir, mas eu não consigo imaginar com que cara, eu posso dizer, olha eu acredito que cometi um grande erro, você é o amor da minha vida, e eu me arrependo de ter desconfiado tanto de você.
Estou disposta a fazer de tudo para que nossa relação um dia possa voltar como foi no começo e reparar todos erros, mas eu preciso saber se ela ainda está disposta a ter algo.
Ela está linda, me distanciei um pouco para que ela não me visse, agora Lauren estava ao lado da minha irmã com um sorriso terno, ela veste um vestido bem hippie e está sem maquiagem nenhuma no rosto, completamente linda.
Karla parece explicar algumas coisas para ela que vez ou outra assente e mostra um sorriso sem dentes. Lauren indicou umas mesas para que elas pudessem se sentar.
Andei um pouco para ver melhor elas conversarem, esse lugar tem mais cheio de incenso que o apartamento dela socorro. Eu queria ser um mosquito nesse momento para saber sobre o que elas estão falando.
Pov Narrador.
- Me conta o que você tem feito. – O sorriso da morena parecia mais vivo e Karla ficava extremamente feliz com isso.
- Depois de todas idas e vindas finalmente me acertei com Liam. – Lauren abriu ainda mais o sorriso surpresa com aquilo. Sabia como os dois viviam de idas e vindas nos últimos dias.
- Isso é incrível mas eu sei que você não veio até o hawai para me contar isso, aconteceu alguma coisa? – foi direta ao ponto.
- Aconteceram diversas coisas nos últimos dias, eu achei que era necessário vir aqui conversar com você, tem um lugar para a gente sentar?
- Tem, ali nas mesas, me conta o que aconteceu. Foi o Bart? – mesmo longe ela não esquecia um dia sequer do seu cachorro. – Pode ser direta.
- Aquele gordo está bem até demais. – Sorriu olhando para Lauren, que andava ao seu lado. – Ele está comendo demais, todos dias que ele fica lá em casa faz uma bagunça, dona Sinuhe está ficando louca.
- Ela ama ele. – Riu se sentando. – Eu sei que ela adora quando ele ajuda com o jardim.
- Adora sim. – Falou irônica. – Toda bagunça que ele faz na sala e no jardim, meu pai fala que vai proibir que ele entre na sala, mas ai ele olha para carinha dele lá fora e volta atrás. Mas eu vim falar outras coisas com você. – Ficou um pouco seria e respirou fundo. – Camila foi para Miami.
- Tudo bem. – Tentou manter a calma. – Eu não pretendo voltar para Miami agora, eu não vou incomodar a Camila, acho que poderia falar isso por telefone, não precisava vir até aqui. – Lauren se sentiu magoada por sua amiga fazer isso.
- Não foi nada disso sua doida. – se explicou. – Eu não vim sozinha. – Lauren arqueou as sobrancelhas. – Camila está aqui comigo.
- Ela está fazendo oque? Falar que não me ama? Acredite eu entendi. – riu irônica e começou estralar os dedos em um sinal claro de nervosismo, que não passou desperecido pela amiga.
- Ela quer conversar com você. Acho que a fixa caiu. – Lauren ficou olhando um tempo para mesa e Karla respeitou aquilo, a cabeça dela devia estar uma loucura.
- Talvez nesse momento eu não esteja pronta para falar com ela. - tentou soar tranquila. - eu não estou sendo grossa contigo. Mas realmente encontrei paz nesse lugar.
- Eu te entendo. - Karla pegou nas suas mãos e fez um carinho. - Você antes de ser minha cunhada foi minha amiga, eu só quero te fazer um pedido.
- Qual pedido.
- Escuta o que ela tem para dizer, não faz como ela fez com você, seja superior. Eu tenho certeza que em todo esse tempo que você está passando aqui te fez melhorar ainda mais.
- Eu vou escutar ela falar comigo. - foi sincera, ela queria mostrar que mesmo depois de toda dor não guardava nenhuma magoa.
- Eu queria te fazer uma pergunta. - Não queria ser invasiva mas a curiosidade era maior. Lauren apenas assentiu.
