- Eu estava pensando uma coisa. – Comecei antes de me levantar. – Eu não sei, queria saber se você quer sair comigo hoje. – Perguntei reunindo toda minha coragem. Por um momento ela ficou apenas me analisando. Podia jurar que aqueles segundos eram horas.
- O que você quer fazer? – Perguntou um tempo depois, quando ela finalmente falou pude sentir o ar que estava preso em meus pulmões serem liberados.
- Jantar.. – Falei receosa, nunca fomos de sair para jantar quando namorávamos, sempre fazíamos isso em casa então agora queria que as coisas fossem diferentes pelo menos uma vez. – Eu passei em um novo restaurante que fica na Miami Beach a gente pode ir lá..
- Pode ser. – dei um sorriso fraco. – Hoje que horas vamos? Não vamos conseguir fazer tudo hoje.
- Posso passar 21 horas na sua casa. – Chamei a responsabilidade e ela gostou concordando. – Podemos ficar aqui até por volta das cinco.
- Você trabalha até que horas amanhã? A gente pode terminar logo isso. – Voltou a olhar para tinta. – Se quiser eu posso te ajudar com tudo. – Sabia que não era apenas pela ajuda e sim porque ela queria se ocupar o dia inteiro para não lembrar da sua avó.
- Estou com poucas coisas para fazer esses dias, meio dia estarei livre. Caso queira podemos vir e comer por aqui mesmo. – Já que ela quer minha companhia vou tentar ficar a mais próxima possível.
- Está ótimo então. – Falou sorrindo e eu concordei.
Depois disso não conversamos mais, fiz o que ela pediu e comecei a colocar alguns jornais pelo chão, da cozinha, ela falou que vai ser o primeiro cômodo que vamos pintar.
Estava radiante, como se estivesse visto um passarinho verde, na verdade vi uma linda mulher de olhos verdes. Não consigo explicar como amo Lauren, a cada dia acordo sentindo mais amor por essa mulher.
Posso passar anos separada, mas sempre esse sentimento vai continuar ali crescendo cada vez mais. Logo ela apareceu na cozinha me fazendo parar meu monologo mental.
- Pronta para começar? – Ela estava incrivelmente animada para bagunçar tudo aquilo, podia sentir. – Hora de se divertir. – Não esperou que eu respondesse e colocou o balde de tinta ao meu lado. – Eita que estou ficando velha.
- Eu posso ver seus olhos brilhando para sujar toda minha cozinha. Já estou cansada apenas de te olhar com esse balde e essa animação. – Debochei. – Você está com fome? Acho que posso pedir uma comida para a gente.
- Meu deus Camila. – Gargalhou e eu não entendi. – Acabamos de chegar, você á está com fome? Só fala de comida.
- Comida é o combustível do nosso corpo, mas se está reclamando eu não vou pedir para você. – Vi ela abrir a boca para falar e comecei a andar em busca do meu celular.
- Eu quero também. – Reclamou e eu ignorei apenas para pirraçar. – Eu estou falando sério Camila, eu estou com fome, se você comprar apenas para você vai ter que dividir comigo.
Eu já ia comprar para ela, mesmo sem perguntar o que ela queria, ia pedir o mesmo que o meu, não sou nem louca de comprar apenas um, para ter que dividir, conhecendo bem Lauren sei que ela comeria mais que eu do meu próprio lanche.
(...)
Estava mexendo no meu telefone e apareceu um anuncio que me fez abrir um sorriso largo. Um show da Lana del Rey acaba de ser anunciado, vai ser semana que vem aqui em Miami, sei o quando Lauren ama então acho que seria uma boa ideia.
Aproveite que ela estava distraída mexendo nas tintas e peguei meu cartão sorrateiramente sem que ela visse e me fizesse perguntas. Estou me sentindo um jovem garoto que está quebrando as regras pela primeira vez.
Nunca fiz uma compra tão rápida como agora. Foram menos de quatros minutos para comprar os dois ingressos, acho melhor não falar agora que comprei, antes de ir buscar ela para nosso jantar, vou passar e retirar os ingressos. Quando estiver em mãos convido. Depois que os sanduiches chegaram comemos entre alguns comentários e risadas leves. Aquilo estava bom demais para ser verdade e eu tinha muito medo. Ainda estava com medo de fazer algum tipo de comentário que deixasse ela desconfortável.
A tarde passou rápida. Lauren estava aplicada a pintar toda a cozinha e sala, na verdade não fiz praticamente nada, apenas pintava os cantos em volta as janelas, enquanto o trabalho pesado ficou com ela. Cerca de quatro horas da tarde ela pediu trinta minutos para uma meditação do processo de luto.
Respeitei esse momento e deixei ela sozinha na sala, fui para cozinha que por sinal já estava quase seca. Os armários já estão postos então decidi arrumar algumas coisas que minha mãe tinha me presenteado para a cozinha.
Depois de um tempo ordenando tudo, achei que já havia passado tempo suficiente, então voltei para sala. Ela estava brincando com os dedos, o que me deu a entender que já havia parado de meditar.
- Ei.. – Falei me sentando ao seu lado e fazendo ela me olhar. – Você está bem? Quer conversar? Posso te ouvir. – Demostrei que ela poderia confiar em mim, ela deu um sorriso fraco em resposta. – Quero um sorriso sem ser forçado.
- Desculpe.. – Se lamentou antes de respirar fundo. – Isso tudo é difícil, ela morreu, Antonella não fala mais comigo. – Segurei para torcer a cara ao ouvir o nome. – E eu agora estou aqui sentada no chão do seu apartamento
- Eu sei que é complicado. – Concordei. – Você está sentindo um milhão de coisas eu posso ver isso em seus olhos, eu sinto o mesmo. – Falei um pouco mais baixo quando ela me olhou. – Eu quero que você me permita cuidar de todas essas feridas.
- Mais feridas se abriram. – Falou se levantando e eu não entendi muito bem do que ela estava falando. – Eu acho melhor eu ir para casa tudo bem? – Queria gritar para ela ficar mais algo me dizia que ela precisava daquilo então mesmo relutante com tudo aceitei.
- Você tem certeza disso? – Me levantei também e ela concordou. – A gente ainda vai sair hoje? Por favor diz que sim.
- Vamos, você pode passar na minha casa daqui umas cinco horas. – Peguei meu celular no bolso vendo que era quatro da tarde, ela assentiu me fazendo dar um sorriso triste. – Não me olhe assim.
- Não estou te olhando diferente. – Retruquei. – Só queria ficar aqui contigo. – Confessei. – é muito ruim te ver ir embora.
- A gente vai se encontrar daqui cinco horas. – Disse e pegou sua bolsa. – Eu que sou a depressão em pessoa então pare com essa cara.
- Eu queria ficar o tempo todo com você. – Falei antes de abraçar seu corpo afundando meu rosto em seu pescoço e roubar uma risada dela. O cheiro mais gostoso do mundo é o dessa mulher – Não ria de mim. – Falei afastando um pouco para encarar seus olhos. Com nossos rostos praticamente colados.
- Você é uma desgramada. – Sorriu antes de negar. – Me causa uma montanha russa de sentimentos. Fica me provocando o tempo inteiro.
- É porque você me ama. – Disse sem rir e ela parou a brincadeira. – Eu posso ver que você me ama. – Falei mais baixo encostando nossas bocas. – E você nesse exato momento está querendo me beijar.
Ela abriu a boca para responder mas não esperei ela falar alguma abobrinha, juntei nossos lábios rapidamente e pedi passagem para minha língua, senti meu contrair quando as duas se tocaram, em um movimento lendo, uma brincadeira como duas velhas conhecidas, em surpresa ela começou a sugar minha língua para sua boca, me fazendo estremecer. Que maldita mulher. Devolvi dando uma leve chupada que vez a gemer, suas mãos que estavam apenas segurando minha cintura foram cravadas me fazendo rir dentro do beijo.
Quando soltei sua língua ela voltou a me beijar com sede. O ar estava começando a faltar quando separei nosso beijo e distribui alguns selinhos. Eu sabia que ela estava me olhando, mas continuei com os olhos fechados.
- Pode ir agora. – Sorri abrindo os olhos.

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Destiny
Fanfictionre·des·co·brir. (re- + descobrir) verbo transitivo Tornar a descobrir.