Capítulo 62

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A fé não é visível aos olhos.

Dia Seguinte

Ainda não era manhã quando despertei sentindo grande dificuldade para respirar, mas sem demora me socorreram. Além desse incômodo, aos poucos comecei a sentir dores que se tornavam intensas com o passar dos segundos, tudo começou a ficar pior de repente. Meu momento de tranquilidade havia se esgotado e um novo dia se iniciava da pior forma possível. Após receber uma dose de morfina para a dor, não pude perceber mais nada além de passos e falas preocupadas dos meus pais, me concentrei apenas em melhorar com a ajuda da morfina.

Quanto mais as horas passavam e o efeito diminuía mais as dores tornavam a ficar fortes, pior eu sentia meu corpo, talvez nunca o tenha o sentido tão ruim. Não satisfeita com o que já havia tomado de medicação, cheguei a pedir por mais, mas não podiam me aplicar outra dose em tão pouco tempo, era muito perigoso, eu precisava aguentar, cabia a mim resistir. Tudo que eu queria era não sentir nada, logo dores como aquelas me deixavam alarmada e me traziam à tona sentimentos que detestava sentir. Mais algumas horas haviam passado e eu já não aguentava mais, já haviam feito de tudo para me dar um alívio e não havia sido suficiente, eu estava numa situação que ninguém podia ajudar mais e essa sem dúvidas é uma das piores sensações que alguém pode sentir. Chorei pela dor, por mim, pela minha vida e por ódio do câncer, fisicamente e mentalmente esgotada desejando o fim daquele sofrimento como jamais um dia.

Meu Senhor, não tem visto o que estou passando? Por que deixa que esse mal me aflija e me tire a coisa mais preciosa que tenho que é a vida?_chateada e chorosa questionei a Deus em pensamento, sem necessariamente esperar por uma resposta. Ao menos me dê a força de que preciso para resistir hoje, pois está sendo um dos dias mais difíceis que eu já vivi.

Quando Nicolas chegou e me viu daquela forma logo o seu sorriso sumiu.

Nicolas: o que aconteceu meu amor? por que está chorando?

Marcele: hoje não está sendo um dia fácil pra ela Nicolas_disse minha mãe respondendo por mim e logo começou a chorar também, porque sentia pena de me ver daquele jeito e não poder fazer mais do que me olhar

Nicolas: oh minha flor, eu odeio ver você assim, está sentindo muita dor?_questionou e eu consenti. Vai passar, vai ficar tudo bem_disse meigo e carinhoso

Marcele: está aliviando?_questionou minutos depois quando percebeu que eu estava ficando mais calma

Isabella: muito pouco_digo fraca, quase como um sussurro e de olhos fechados

Marcele: logo vai passar meu amor

As horas passavam devagar, eu queria que aquele dia acabasse logo e ele estava apenas começando. "Nada como um dia após o outro" eu dizia a mim mesma em pensamento, depositando esperanças de uma melhora no dia seguinte e esperei por ele pacientemente.

Ficar bem, às vezes, não é algo que depende de nós, certamente. Por que se dependesse de mim eu estaria bem e nesse momento estaria em qualquer outro lugar do mundo, menos nesse quarto. Mas estou aqui, presa numa cama sendo definhada por essa maldita doença e mal posso suportar tudo que sinto.

Consegui dormir parte do tempo, mas quando acordava era um tormento só, me fazia desejar a morte ao mesmo tempo em que a temia. O restante do dia foi ainda mais desanimador, com uma exaustão absurda, dores que não cessavam, uma respiração sufocada e no cair da tarde já nem estava mais sentindo os meus pés. Lembro de ouvir a voz de Dr. Sebastian bem distante, tanto que nem pude compreender. Quando abria os olhos as coisas pareciam tortas, as palavras se embaralhavam na minha cabeça, era difícil até mesmo pensar sentindo tantas coisas. Nem mesmo percebi quando Nicolas voltou para me visitar já pela tarde, estava totalmente alheia de hora e o que se passava ali ao redor.

Quando Vem De Deus É Diferente [ Amor, Fé & Superação ]Onde histórias criam vida. Descubra agora