Capítulo 57

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Isabella: apesar de às vezes chorar tanto, sentir medo e até parecer negativa, no fundo eu ainda tenho esperanças, porque entreguei tudo nas mãos do Senhor e tenho esperado nele, o que vem pela frente, independente do que seja, quero que meu coração esteja tranquilo. Eu tenho me esforçado muito pra ser forte e corajosa

Nicolas: você tem sido, você é a garota mais forte que eu já conheci em toda a minha vida_beijou minha testa carinhosamente sorrindo pra mim, poxa como o sorriso dele era lindo. Minha princesa mais linda, eu amo muito você, muito

Isabella: amo muito você também e a minha gratidão a Deus por tê-lo colocado em minha vida é maior que esse mundo, assim como o meu amor_digo e nos beijamos

Nicolas: vou deixar você dormir agora, fica com Deus

Isabella: você também, ore por mim

Nicolas: sempre, sempre meu amor

Depois da porta se fechar, tomei o comprimido de dormir, e ao deitar novamente pensei em orar a Deus antes de apagar.

Meu amado Deus, Santo e Poderoso, como trilhar esse caminho tem sido árduo e doloroso, sei que tu sabes o quanto meu coração tem se angustiado, nos últimos meses tudo tem se resumido a uma luta estafante que tem me arrancado um pouco de vida a cada dia que se passa. A minha alma, Deus, se desfalece num mar de abatimento sem fim, me ajude a ser forte, me ajude a resistir, pois há momentos em que me perco e desejo desistir, fugir, tudo o que penso e sinto é: "não aguento mais". Mas então mesmo sem ânimo, mesmo sem forças eu continuo a seguir, pois o Senhor com teu imenso e indescritível amor logo vem e me sustenta. Me perdoe se algumas vezes eu agi com falta de fé e não consegui ver luz no fim do túnel. Quando tudo em mim for dor e aflição apenas me acolha em teus braços, me console e me faça confiar no cuidado que tens sobre mim, pois tudo isso já te entreguei.

Se estes forem os meus últimos dias, não quero ser morada do desespero, que o teu espírito Santo me conforte a alma, acalme o meu coração amedrontado e magoado e espante todo mal que tem me rodeado. Espero em ti que um dia todo esse sofrimento tenha fim, seja com morte ou a vitória sobre ela, que a tua vontade seja feita, porém meu Senhor antes peço-te que olhes para o meu interior e veja o quanto clamo por vida. Enquanto isso, meu querido Deus, quero saber aproveitar o que me resta, quero enxergar beleza em tudo a minha volta, quero amar e ser amada, quero sorrir, quero fazer coisas que não tive tempo. Pra finalizar essa oração, peço-te que a paz do Senhor venha de encontro a mim e a todos que têm se sentido triste pelo que tem me acontecido, nos dê a força de que precisamos e tome conta de todos os meus dias. Amém.


Dias depois

Lá estávamos nós abatidos e temerosos, porém dispostos a iniciar mais um ciclo no tratamento, só não contávamos que desta vez seria tão diferente.

Após o término da primeira semana de tratamento no hospital, eu fiquei tão mal que não consegui ir para casa, minha respiração não era a mesma, o corpo tremia de tanta fraqueza, queda de pressão, febres repentinas, sem falar em outros sintomas tão terríveis quanto, ir para casa na condição que eu estava era incontestável, totalmente fora de questão.

11° dia no hospital, 3° dia na UTI

Quando meus olhos se abriram, ainda que de forma tão discreta, percebi que estava na UTI, não se ouvia nada além do barulho dos aparelhos. Meus olhos lacrimejaram logo, pois me dei conta de que mais que nunca as coisas estavam muito ruins.

Eu já havia sentido muito medo antes, mas naquele dia especificamente eu nunca havia sentido um medo tão avassalador. Estava atarantada, sem saber se era dia ou noite, há quantos dias ou horas estava lá. Pela primeira vez vi que meus pais não estavam ao meu lado, talvez tivessem ido ao banheiro ou tomar um café, mas me entristeci e chorei por me sentir sozinha e mais ainda por não conseguir chamar por ninguém devido a tamanha fraqueza que sentia. Não conseguia mover um dedo, nem sequer os olhos conseguia deixar aberto por muito tempo, minhas pálpebras pareciam pesar quilos e a dor que comecei sentir pouco depois era alucinante. Se a morte viesse naquele momento me buscar eu não hesitaria em lutar contra, eu me deixaria ir sem impedimentos, pois me parecia mais confortável que todo aquele sofrimento, era tanta dor que me assustava.

Uma enfermeira finalmente apareceu, tentei dizer que estava com dor, ela ficou me olhando confusa, mas por conta do rosto banhado deve ter imaginado o motivo, ela verificou o oxigênio, pressão e quando acabou, tentou me acalmar.

- Fica calminha tá Isabella, está tudo bem, o médico já vem ver você_olhei o nome em seu crachá e ela se chamava Luciana

Assim que ela saiu meus pais finalmente apareceram, o que me aliviou muito, mas um fato me chamou a atenção, a feição péssima que estavam, era evidente que haviam passado noites de sono e estavam claramente esgotados.

Lorenzo: oi meu amor, você acordou_segurou minha mão e beijou minha cabeça

Marcele: como está se sentindo?_questionou-me, mas não pude responder

Dr. Sebastian surgiu no quarto sem demora acompanhado de duas pessoas, me esforcei o máximo que pude para fazê-lo perceber que eu estava com muita dor e graças a Deus ele entendeu e me passou morfina, era a única coisa que estava me aliviando nos últimos dias em que estive por lá. Pouco distante da cama enquanto os enfermeiros preparavam a medicação, ele conversou com meus pais, que uma hora e outra me olhavam desanimados, ele dizia coisas que infelizmente não conseguia ouvir, mas certamente não era nada bom.

Quando ele saiu meus pais continuaram comigo, desta vez sem perguntas. Minha mãe não conseguiu se conter e caiu em lágrimas, chorando ela deitou-se ao meu lado me abraçando, e eu estava apagando mais uma vez por conta da medicação que haviam acabado de me aplicar, sem a mínima brecha de poder acalmá-la.

Nicolas

5:54 da manhã de domingo, depois de tentativas falhas para conseguir dormir resolvi levantar de vez, tomei um banho gelado por meia hora, bastante pensativo. Me arrumei e fui a cozinha tomar café da manhã. Fiz um suco, uma omelete e comi com torradas, por último comi algumas frutas cortadas, quando acabei a refeição reforçada fui para a sala, deitei no sofá encarando a parede e esperei dar 7 horas para ir ao hospital onde Isabella está internada. Faz três dias que não a vejo, não me permitiram. Lorenzo e Marcele iriam pedir uma autorização para que pudesse enfim vê-la, espero que ao chegar lá não aja mais impedimentos.

Ao chegar encontrei Lorenzo e Marcele indo em direção a cafeteria do hospital. Os acompanhei e sentamos numa mesa pra 4 pessoas.

Lorenzo: um chocolate quente, um café sem açúcar e dois folheados de queijo, por favor_pediu a garçonete

- e você vai querer alguma coisa?_questionou olhando para mim

Nicolas: não, muito obrigada

- ok, vai levar alguns minutinhos

Lorenzo: tudo bem_retrucou e ela se retirou

Nicolas: e então, ela teve alguma melhora?_Lorenzo balançou a cabeça em sinal negativo

Marcele: os médicos querem conversar conosco, uma pequena reunião sobre o estado de Isabella

Nicolas: será que posso participar?

Lorenzo: claro, já até pedimos sua autorização para que possa vê-la_disse e suspirei aliviado

Nicolas: graças a Deus, muito obrigada

Lorenzo: por nada, você é da família

Quando Vem De Deus É Diferente [ Amor, Fé & Superação ]Onde histórias criam vida. Descubra agora