Capítulo 4: Causalidades.

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Joanne mantinha-se sentada na mesa da cozinha, comendo sua refeição matinal ao lado de Ben, conversavam a respeito de notícias do jornal que assistiram na televisão quando Marine entrou e sentou-se o mais distante dos dois.

— Bom dia — falou a mãe de cabelos claros e ondulados. Os olhos verdes investigativos.

— Bom dia, filhinha — prosseguiu Ben de forma burlesca.

A jovem nada respondeu.

— Você pode nos dizer o que fez para ter chegado tão tarde? — sua mãe indagou, deixando a xícara no pires e encarando-a com feições raivosas.

— Se você tivesse atendido ou ouvido os meus áudios, me pouparia desta pergunta — respondeu Marine, servindo-se sem dar importância.

— Exijo que você me responda com educação. — Bradou.

Marine respirou profundamente e olhou para a mãe com frieza.

— Susan sofreu um acidente — informou.

Joanne espalmou as mãos na mesa, em fúria.

— Óbvio que estava com essa desequilibrada — elevou o tom de voz. — Quantas vezes precisarei repetir que não quero você na companhia dela? — despejou com raiva.

Ben encarou Marine, estreitando os olhos como quem dizia "a-há!".

— Ela é minha amiga — prosseguiu, tentando manter-se inabalável. — E precisou de mim.

— Você é surda? — protestou Joanne, rangendo os dentes e comprimindo o rosto magro em uma carranca de desgosto. — Ou tem algum problema mental? Eu proibi você de andar com ela! — Estreitou os lábios.

Marine serviu-se de um copo de suco e voltou a encarar a mãe.

— Eu também nunca quis você na companhia desse ser repugnante — disse, apontando com a cabeça na direção de Ben. — E nem por isso o impedi de entrar aqui, então, por favor, não questione minhas amizades e principalmente o que quero ou não fazer — completou de forma suave.

A resposta soou como uma ofensa incisiva para a mulher, Ben a encarou de forma inquisitiva, exigindo uma atitude.

— Que ousadia é essa? Quem você pensa que é? Atreva-se a me desrespeitar dentro da minha casa? — Ficou de pé.

— Nossa casa. — Tomou um gole do suco, sua garganta em brasas.

Deixou o copo no lugar e pegou uma fruta.

— E fala com a mais profunda naturalidade, como se eu fosse uma desconhecida! — Bufou raivosamente.

— Bem, é o que nos tornamos há muito tempo: estranhas! — desfechou a garota sem temer as consequências. — E piorou desde que você colocou este verme dentro da nossa casa.

Joanne contornou a mesa e parou diante da filha, com os olhos saltados.

— Você ainda está bêbada? — questionou, tremendo de raiva. — Ou foi algo mais pesado?

Marine encarou Ben, que continuava com a mesma expressão sórdida de quem estava adorando aquilo tudo.

— Foi isso o que ele falou? — Fixou nos olhos na mãe. — Não, não estou bêbada, muito menos sob efeito de algum entorpecente. Mas creio que ele estava quando tentou me agarrar na escada no momento que cheguei.

Com a mão esquerda, Joanne deu uma bofetada violenta no rosto da filha, que, por sua vez, segurou-se na mesa para não cair da cadeira.

Ben controlou o riso.

ELEMENTAIS vol.1 - Labirinto de Fogo.Onde histórias criam vida. Descubra agora