Assim que deixou o carro na frente de casa, Sarah foi abordada por dois bruxos que inspecionaram tudo o que ela carregava, além do veículo. A garota não se opôs, desejava colaborar com a segurança.
Havia passado no mercado e trouxe frutas, bolos e doces e despachou alguns documentos que seu pai precisava. Ele passaria mais tempo longe.
Logo que chegou a cozinha e deixou os itens no balcão, foi até a amiga que lia um livro indicado por Peter. Perguntou se estava tudo bem e contou que trouxe comida. Marine não se animou, mas a amiga insistiu.
— Vou guardar algumas coisas e vamos comer — disse Marine desanimada.
Assim que Sarah fechou a porta do quarto e dirigiu-se à cozinha, uma atmosfera gélida dominou, como se um nevoeiro congelante invadisse o espaço. Ao mesmo tempo, uma voz conhecida ecoou em seus ouvidos. "Ela é a portadora da escuridão."
Sarah reconhecera a voz sussurrante de imediato e ficou ofegante, tanto pelo medo quanto pelo frio. Todos os seus pelos eriçaram-se. "Ela condenará todos à morte."
Sarah virou-se devagar buscando a voz e surpreendeu-se ao ver sua mãe passos à sua frente, desacreditada. Seu corpo travou e tentou engolir uma saliva, em vão. Nada funcionava, como se estivesse entrando em uma paralisia mortal. Ela estava viva diante de si.
— Mãe? — a voz saiu devagar dos lábios petrificados.
Em breve, o legado sanguíneo fluirá de suas veias, minha filha, e a portadora da escuridão se beneficiará, pois o passado, presente e até mesmo o futuro estarão interligados por essa obscuridade de almas.
Sarah olhou incrédula, tentou aproximar-se com dificuldade.
— É a senhora mesmo? — A voz mal saía e uma lágrima descia sob seu rosto pálido.
Se tudo se cumprir, muito em breve estaremos no mesmo plano. Cuidado com a traidora.
— Quem é a traidora?
Kiara desfragmentou-se, levando consigo a gelidez e o nevoeiro.
Sarah manteve-se assustada e mirou a porta do quarto de Marine, que se abriu devagar rangendo sombriamente, enquanto ela estava no banheiro escovando os dentes. A respiração de Sarah manteve-se ofegante e entrelaçou os dedos, visivelmente preocupada e assustada. Contaria à amiga o que vira, ou foi um surto momentâneo?
Na manhã seguinte, sob a grama, próxima ao lago, um pouco distante da grande Casa de Campo, Marine lia atentamente o livro sobre a manipulação de seu elemento natural e observava os desenhos e palavras. O livro sobre a pronúncia de feitiços recomendado por Sayne, sob a fiscalização de Peter, não saía do seu lado.
Seu novo Guia a pediu para ficar de pé e evocar sua essência. Peter desembainhou seu athame, conjurou um círculo ao redor e disse as palavras olhando diretamente nos olhos da jovem, que fez como ele recomendara.
Pareciam estar protegidos por um casulo gasoso faiscante.
Marine apontou o braço esquerdo, concentrou-se em tudo o que buscava e disse:
— Ut excitandis potentia aquas.
Nada aconteceu.
— Você precisa de mais força na fala. Sinta as palavras, sinta a natureza fluir do seu corpo. Você faz parte da água, e ela de você. São uma só energia.
Marine cerrou os olhos e estendeu o braço novamente, pronunciando com afinco, sentindo como se as palavras fluíssem de seu espírito. Seu braço pesou, e pôde notar que seu corpo parecia entrar em ebulição. A superfície agitou-se vagarosamente com pequenas ondulações, girando como se estivessem sendo drenadas por um funil.
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ELEMENTAIS vol.1 - Labirinto de Fogo.
Fantasia"A mentira lhe salvou a vida, enquanto a verdade lhe condenará a morte." Após uma evocação quase fatal aos deuses da Magia, os dons de Marine Talbott foram misteriosamente despertados e com isso um passado obscuro trilhado por farsas começará a emer...