Capítulo 18: Encapuzado.

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O dia amanhecera coberto por muitas nuvens escuras, e o clima frio, associado ao vento forte, cortava a pele das pessoas que se mantinham na praça, cercando a equipe de investigação enviada pela capital do condado. O grupo foi destacado para investigar o incêndio na floresta. Depois de uma análise minuciosa, o laudo afirmava que teria sido intencional, logo o assunto espalhou-se rapidamente e o nome de Marine Talbott fora citado por inúmeras pessoas, que apontavam para a casa de Claire Behan, indicando seu atual endereço. A garota observava atentamente toda a movimentação pela janela do seu quarto e notou a aproximação do chefe de polícia e alguns guardas.

Marine foi interrogada por Harold Gambon, o qual enumerou os acontecimentos desde sua fatídica chegada e questionou o motivo da viagem, já que estava durante o período de aula na faculdade.

Marine esclareceu alguns fatos e alegou certo desinteresse pelo curso e que a amiga estava com saudade da avó. Ele deu-se por satisfeito, porém afirmou que estaria sempre por perto, caso alguma coisa ocorresse. Ela certamente seria uma suspeita, pois alguns testemunharam que ela adentrou preocupada antes de o incêndio ser avistado.

A garota não entendeu, mas também preferiu não questionar.

Ao passar pela porta do quarto, a bateu com força e foi até a janela novamente, observando a guarda da capital do condado adentrar no carro oficial. Encostou a testa no vidro e colidiu três vezes, tentando abstrair a raiva que sentia. Apanhou o celular no bolso e discou o número de William, em vão.

Decidiu ir até o hospital e saiu de casa sem se despedir de Thereza.

Assim que Marine chegou à recepção do hospital, foi informada que Claire havia recebido alta, porém transferiu Alice para outra unidade em Cork, para obter resultados mais específicos, pois a criança havia inalado bastante fumaça.

Após as informações, recebera um crachá de visitante e rumou para o quarto de Susan. Ao entrar pela porta, viu a amiga parada diante da janela, apoiando o corpo com as mãos trêmulas e tossindo profundamente.

— O que está fazendo? — bradou Marine, aproximando-se ligeiramente e a segurando pelo braço.

— Vendo o mundo lá fora — respondeu com dificuldade.

— Vem, vou te levar para a cama.

— Não! — Encostou a face direita na vidraça e olhou Marine de lado. — Vê como estou?

Marine apenas a observou em silêncio.

— Preferia ter morrido a estar assim! — confessou, fechando os olhos.

— Não fale besteiras, vem!

— Já disse que não! — rebateu, empurrando-a e sentando-se violentamente na poltrona ao lado, quase derrubando o suporte do soro.

Susan olhava de cima para baixo, esboçando um sorriso torto. As olheiras gritantes e o rosto magro completavam a fisionomia terrível.

— Você está ótima — analisava. — Sofreu mais coisas do que eu e continua perfeita.

— Perfeita? — Uniu as sobrancelhas.

— Foi uma das palavras que a minha avó usou para te descrever — ponderou de forma venenosa.

— Não estou entendendo aonde você quer chegar. — Ajoelhou-se na frente da amiga.

— Soube que Thereza também te adorou, assim como aquela criança insuportável. — Umedecia os lábios secos e roxos.

— Não fale assim! Eu sei que não está sendo fácil para você, mas... — Tocou no joelho de Susan, que a repeliu bruscamente.

— Não tenha pena de mim! — era uma ordem.

ELEMENTAIS vol.1 - Labirinto de Fogo.Onde histórias criam vida. Descubra agora