Capítulo 28: "Eu te ordeno."

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A garota caiu de costas no chão com os braços abertos, tremendo, um filme de sua vida tomou sua retina, visualizando opacamente detalhes jamais vistos. Inclinou o pescoço para o lado e enxergou Sayne vindo em sua direção. Não conseguia mais respirar, o coração parando a cada segundo, podia ouvir a pulsação diminuir, o olhar cada vez mais difuso.

Sentiu o sangue parar de correr pelas suas veias gélidas. O corpo se contraiu e soltou um sopro angustiante, estendeu os braços.

— Me ajuda — falou engasgada.

O rosto desfigurou-se enquanto os olhos se fechavam vagarosamente. Uma dor incompreensível apoderou-se do corpo sem vida, em seguida, não sentiu mais nada. Marine Talbott jazia no chão de pedra em meio ao círculo de velas acesas.

Sayne abriu o livro que pegara e rodou pelo círculo de velas acesas, foi até a porta e rodou a chave três vezes na fechadura. Logo, sentou-se na poltrona, folheou algumas páginas e mirou em um feitiço que achara ousado, completamente impassível à cena que ocorrera diante de si e do corpo inerte da jovem no chão da sua sala.

O ambiente ficou escuro, as luzes fantasmagóricas de coloração amarela da caixa de vidro iluminavam todo o recinto sombrio.

Uma luz começou a brotar do corpo morto da garota, Sayne olhou minuciosamente por cima do livro. Um espectro branco foi saindo lentamente do cadáver, algo incrível aconteceu.

Era a própria Marine que emanava aquela luz prateada e flutuava por cima de seu corpo morto. A garota não pensava, não sentia, não respirava, olhou em volta e viu Sayne sentada na poltrona. Então olhou para si mesma, a visão desfocada.

— O que está acontecendo? — disparou com uma voz fantasmagórica.

— Você está morta — respondeu sem dar importância e ficou de pé.

— Não, eu não posso estar morta, isso é loucura. — Franziu.

Porém não havia sensação física. Suor, adrenalina, batimentos cardíacos, uma vez que não estava em seu corpo, apenas uma profunda sensação de que aquilo estava errado.

— Não. Clinicamente, você se encontra morta. Coração parado, não respira, morte cerebral... Você é apenas um espectro — avisou arrogante.

Marine não acreditava. Olhava-se morta e erguia os braços prateados, não acreditando. Sayne não poderia tê-la matado, sua raiva não poderia ser tanta.

— Mas não se preocupe, você está "quase morta" — alertou, arqueando os ombros.

— Quase morta? — indagou atônita, continuava flutuando.

— Controlar o espírito, a mente e a matéria para voltar a viver, Talbott, terá que provar que seu espírito domina o seu corpo. Que a mente domina a matéria — avisou, estreitando os olhos.

— Você está louca? — perguntou incrédula, olhando seu corpo logo abaixo de sua versão translúcida e fantasmagórica.

Sayne fechou a expressão.

— Não, mas posso ficar.

Marine se preocupou. Queria sair, ir embora, buscar ajuda.

— Nem pense em buscar ajuda, você não conseguirá — acrescentou sombriamente.

Marine desesperou-se.

— Eu não fiz o aprendizado inicial, lembra?

A mulher lhe observava com fúria.

— Eu sei, contudo, infelizmente não posso fazer nada. Se não conseguir provar que o espírito domina a matéria, você realmente morrerá.

— Não! Isso não existe, você não pode fazer isso comigo! — Não sabia o que fazer.

ELEMENTAIS vol.1 - Labirinto de Fogo.Onde histórias criam vida. Descubra agora