ELEMENTAIS vol.1 - Labirinto de Fogo.

Capítulo 36: Consequências Inimagináveis.

A porta da sala da casa dos Behan abriu-se, o que fez Marine saltar do sofá. Fazia as dificultosas lições aplicadas por Sayne. Ao ver Claire, correu até ela abraçando-a carinhosamente. Automaticamente, fez inúmeras perguntas a respeito de Alice, que ainda se mantinha em observação. Thereza ficara com a criança.

Foram à cozinha, onde Claire narrou por bastante tempo sobre o procedimento que fizeram, sempre com um sorriso cordial.

— Às vezes sinto falta de conversa informal — confessou a senhora. — É bom ter alguém como você por perto.

Marine agradeceu e Claire logo formulou perguntas risonhas acerca de William.

— Sinto uma conexão entre vocês — observou, movendo os dedos ligeiramente. Buscava palavras. — Como se algo estivesse prestes a entrar em ebulição — instigou.

Marine não negou, porém não confirmou nada. Logo questionou a respeito de Dhorion, arrependendo-se em seguida.

— Me perdoe, fui extremamente invasiva, de novo. — Marine sentiu seu rosto esquentar.

— O meu passado é algo curioso e engraçado — analisou com um sorriso saudoso. — Andávamos em bandos, quando jovens, e sabíamos tudo um do outro. Eu, Dhorion, Martha e Bernard. Isso tem mais de 30 anos.

Marine sentiu um leve desconforto ao ouvir o nome dele.

— Os dois casais mais badalados na nossa época. — Deixou escapar uma risada engraçada. — Dhorion e eu nunca fomos um casal de fato, como Martha e Bernard, não porque eu não queria. Sim, confesso, o amei sem freios. A ponto de cometer algumas falhas, porém, como disse, faz parte do crescimento individual. — Elevou o rosto tentando equilibrar as emoções, relembrando tudo. — Não éramos um casal propriamente dito, afinal ele sempre amou Martha e tiveram um relacionamento às escondidas antes do casamento dela — confessou com uma sombra de mágoa escondida.

— Se eles se gostavam, por que não ficaram juntos?

Claire sentiu aquela pergunta fuzilar sua alma. Engoliu a seco e não se sentiu constrangida ao responder.

— Talvez por mim — foi bem direta. — Martha era uma pessoa extremamente educada. Não quis destruir a amizade de um grupo inteiro por amor.

— Era? Desculpe, mas ela morreu?

— Não sei — foi honesta. — Simplesmente desapareceu com o filho após a morte do marido.

Marine percebeu que o assunto estava sendo proferido com dificuldade e quis mudar. No entanto, Claire preferiu continuar falando na tentativa de exorcizar esse passado tão presente no oceano de seus pensamentos.

— A criança não era bruxa. Ela não desejava este mundo para ele.

Marine refletiu, vendo a história mais uma vez se repetir.

— Os pais e avós sempre querendo decidir o destino dos filhos. — Sorriu, elevando os ombros.

Claire riu, abaixando o olhar, e disse:

— Sempre queremos afastar aquilo que julgamos ameaçador, sendo que, na maioria dos casos, as pessoas precisam enfrentar o perigo para crescer. Nunca almejamos que filhos, netos, pessoas que amamos repitam os nossos erros — avaliou, observando o teto com os olhos marejados. — O passado é nostálgico e assombroso. — Voltou a rir.

A campainha tocou, surpreendendo-as.

— Você está esperando por alguém?

— Não — respondeu Marine, indo até a porta. Abriu-a com cautela. Era Sarah.