Epílogo.

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A porta de madeira do casebre que Feltrin usava como esconderijo foi arremessada impetuosamente para o meio da sala.

A brisa que soprava na copa das árvores tornou-se violenta e o sol que estava se pondo ao fim de um anoitecer rubro escureceu, assim como o coração do ser, o qual tocou as botas pretas ao chão desnivelado e adentrou emitindo aquela respiração gélida por baixo do capuz.

Jeremy, o qual tomava um café, ficou de pé apontando o athame, instantaneamente fora arremessado contra a parede e desabou no chão, desacordado.

Feltrin colocou-se entre os dois, observando-o com os olhos estreitos, quando as mãos, encobertas por luvas negras, agarraram seu pescoço de forma veloz.

— Como você pôde me trair dessa forma?

Feltrin fechou os olhos e todos os móveis moveram-se, o Encapuzado fora repelido e impedido de se aproximar. Uma energia invisível os separava, protegendo o homem.

— Não ouse tocar em mim! — rechaçou, apontando o dedo. — Ou será a última coisa que fará na vida. E não te trai, acabei de ser informado do que ocorreu no labirinto, não temos nada a ver com isso.

— Como pode ter certeza de que ele não está te traindo? — Olhava para Jeremy.

— Porque ele estava o tempo todo aqui, me ajudando a pensar como recuperar a chave.

O encapuzado mantinha-se estático, observando-o através da pequena fenda.

— Levaram o athame de Letes! — Havia fúria nas entrelinhas daquela voz dúbia. — O athame que eu sempre quis. Você sabe que esse era o meu intuito após destruir Dhorion — frustração definia aquele ser misterioso.

— Sei exatamente o que você quer, apesar de não saber quem você é — rechaçou com raiva. — E isso, honestamente, me frustra, pois somos aliados, e aliados não ocultam rostos.

— Não significo nada — falou automaticamente. — Vivo apenas ansiando o extermínio de Dhorion. — Soltou uma respiração pesada. — Não as desbloqueei e entreguei a chave à Susan à toa, para simplesmente a igreja nos enganar. — Desarmou-se e os ombros relaxaram. — Eu quero mais, não quero só vingança, preciso...

Feltrin o encarou ansioso pelo fim da frase.

O Encapuzado andou em círculos, bufando.

— Nossa ligação termina aqui — sentenciou Feltrin. — Não irei confiar se não revelar quem é e, principalmente, me explicar o porquê do seu ódio.

Um silêncio assombroso os conectou. Seus porquês se mesclavam, apesar de Feltrin desconhecer a identidade da figura sinistra parada à sua frente, existia um segredo incomum que os unia, mesclando o passado ao presente.

Não havia mais alternativas. A sentença de uma vida seria revelada naquele momento.

— Se você me olhar, não precisarei te dizer mais nada — anunciou a pessoa misteriosa.

Feltrin avançou destemido, enquanto o Encapuzado girou em torno dele como um fantasma e pairou um pouco mais alto.

— Como prova da minha lealdade... — Havia certa confiabilidade.

A escuridão foi revelando o rosto, enquanto os olhos de Feltrin foram se estreitando, abismado.

Os olhares se cruzaram. Habitava uma verdade macabra por trás daquela íris.

O antigo guardião mal conseguiu raciocinar e proferiu com certa dificuldade:

— Você? — murmurou, franzindo o cenho e profundamente assustado. — Por quê?


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ELEMENTAIS vol.1 - Labirinto de Fogo.Onde histórias criam vida. Descubra agora