Marine continuou a passos largos, enquanto William questionava a respeito do livro. Assim que chegaram na varanda, ela despediu-se e agradeceu pelo passeio, fechando a porta praticamente na cara dele. Ao virar-se, deparou-se com Claire empurrando um carrinho com Alice dentro. Após a conversa reveladora que tiveram, uma muralha invisível caiu sobre elas. Era uma situação completamente constrangedora. Claire logo anunciou que iria passear no bosque com Alice, e que não demoraria. Thereza respondeu da cozinha que já estava preparando o almoço.
Despediram-se friamente e Marine praticamente correu para o andar de cima, trancando-se no quarto. Sentou-se na poltrona, abrindo o livro.
— Ele pertence à Congregação! — Notou o emblema carimbado na primeira página. — Fora o amuleto... — Mantinha-se absorvida em sua busca por mais detalhes.
O coração da garota parecia explodir.
— Iniciantes. — Lembrou-se do que ele havia dito, seria uma espécie de convocação? Ou uma armadilha? — Ficou receosa, contudo a curiosidade gritou em sua mente.
Ergueu-se da poltrona e debruçou-se sobre a cama. Decidiu começar a lê-lo.
Os dedos trêmulos moviam as páginas enquanto o cérebro processava a leitura feita pela íris agitada pelo nervosismo que fora implantado no seu corpo serelepe.
O jovem que dera o livro à Marine caminhava pela praça e avistou Claire atravessando-a e comprando um balão para Alice. Ele sorriu, apanhando um isqueiro estilizado no bolso. Desviou a atenção da senhora para a casa, na terceira janela do segundo andar, o quarto em que Marine estava hospedada, e sorriu diabolicamente.
Do lado oposto da praça, mais próximo à residência dos Behan, William aproximou-se devagar, como se estivesse se escondendo de Claire. Encostou-se no poste, pegou o telefone celular e ligou para Marine, a qual recusou a chamada.
A garota jogou o telefone para o lado e mergulhou na leitura, quando viu parte de uma foto entre as páginas. O estômago efervesceu ao retirar a imagem e constatar ser a mesma que estava no livro em Dublin e no diário de Claire: a fotografia de seu pai.
Colapso dominou todas as suas células. Não havia mais o que pensar, que decifrar, tudo definitivamente estava interligado.
Os dedos anelares continuaram marcando a página de onde a foto estava guardada, o título do capítulo versava sobre "Feitiços da Intuição aos naturais do Elemental da água".
Marcou a página e levantou-se rapidamente, apertando a foto entre os dedos. Sentou-se na cama, tentando conter a euforia.
Abriu o livro, deparando-se com um capítulo instigante.
Feitiço da Intuição:
Na chama da vela, água e fogo se fundem e os dois se prolongam sem senso de premonições e intuição. O futuro incerto se desfaz e o presente real se faz diante dos seus olhos em meio ao fogo.
Enquanto lia e absorvia os parágrafos, os pensamentos maquinavam para fazer o que estava descrito. Após saber de todas as instruções, decidiu executá-lo. Embora sabendo do perigo que um ritual mal feito representava, averiguou com bons olhos a imagem do pai, pois todas as vezes, mesmo em sonhos ou na realidade, lhe rendeu boas descobertas.
Desceu até a cozinha e notou que Thereza mantinha-se no quintal, estendendo lençóis no varal. Aproveitou a oportunidade e procurou pelos itens necessários, encontrando todos na despensa. Retornou apressadamente e trancou a porta do quarto. Preparou tudo com extrema cautela e sentou-se ao chão.
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ELEMENTAIS vol.1 - Labirinto de Fogo.
Fantastik"A mentira lhe salvou a vida, enquanto a verdade lhe condenará a morte." Após uma evocação quase fatal aos deuses da Magia, os dons de Marine Talbott foram misteriosamente despertados e com isso um passado obscuro trilhado por farsas começará a emer...