Capítulo 20: Dualidade Elemental.

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Os olhos de Sayne faiscaram ao encontrar os de William, o qual afundou ainda mais na cadeira. Ela avançou para ele severamente, exigindo explicações que justificassem tal ato jamais violado desde a fundação da Congregação.

Mel colocou-se entre eles, contendo a Diretriz, que praticamente tentou agredi-lo.

— Controle-se, Sayne — ordenou o guardião gesticulando.

Marine encarou a Diretriz de maneira assustada, contudo manteve o rosto erguido controlando o caos interno.

— Ele violou regras seculares trazendo uma estranha para nossa sede — acusou a mulher hesitante.

Wagner aproximou-se da mesa. Havia entrado com Sayne e surpreendeu-se com a garota sentada diante do guardião. Condenou William com os olhos arredondados.

— Fui obrigado. — contrapôs William, buscando apoio em Mel. — Fomos atacados.

— Cala boca, você não é digno deste lugar, das nossas tradições, do nosso segredo — continuou Sayne aos gritos.

— Sayne! — interviu Mel, abismada com a reação. — Se eles não entrassem, poderia ter acontecido algo pior.

— Que morressem! — rechaçou, afastando-se contrariada. — Você esqueceu do juramento mágico que fez, Collins?

— Não. Sempre respeitei e honrei nossa tradição. — Respirou devagar, receoso. — Contudo, diante de uma ameaça brutal como o Encapuzado que instigou Susan Behan e Marine a virem até aqui, não havia alternativa, senhora.

Sayne virou-se para Dhorion bufando e disse:

— O segredo deve ser mantido, mesmo sob grave ameaça. Ela é uma estranha — acresceu exaltada.

Mel alinhou a coluna e decidiu esquecer o que prometera há muitos anos, diante do que estava ocorrendo:

— Não há mais como fugir do óbvio. Ela não é uma estranha — acresceu com medo fervilhando em sua mente.

Sayne a encarou lívida.

— Marine Talbott sempre soube que foi diferente, afinal seu pai fazia parte desta Congregação. Ela enfrentou um incêndio, agora o Encapuzado os encurralou. — Enumerava tudo o que ocorrera com a garota colocando-se n o lugar dela. — Tenho certeza que William jamais a traria se não houvesse outra possibilidade. E deixá-la trancada na casa de Claire Behan não me parece justo.

— E o que seria justo para você? Trazê-la para cá e tomarmos um chá? — perguntou Sayne de maneira discordante.

— Se eu fosse você, era exatamente isso que faria. Afinal, sabemos o poder que habita nela e a deixarmos andando a esmo atrás de respostas, perdoem-me... — Mel olhou para todos. — É absurdo!

Sayne encostou-se na estante hesitante.

O guardião voltou a cruzar as mãos, raciocinou por certos segundos de maneira enigmática e declarou:

— Todos aqui possuímos uma parcela de culpa diante da negligência que você tem sofrido desde o atentado, semanas atrás. — Observava Marine, ocultando um sorriso fraterno. — E realmente você caminhando por aí pode causar certos estragos.

Dhorion ergueu-se de seu trono e colocou as mãos para trás, unindo-as. Caminhou devagar até o grande livro branco no fundo da sala.

— Você é uma bruxa excepcional, senhorita Talbott. — Fez uma pausa e sorriu discretamente com o canto da boca. — Sinto a energia que envolve seu ser faiscar sob a sua aura. Você oculta forças que desconhecemos, as quais provavelmente herdou de seu pai.

ELEMENTAIS vol.1 - Labirinto de Fogo.Onde histórias criam vida. Descubra agora