Capítulo 6: Realidade Sombria.

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Enquanto a mente turva de Marine não conseguia processar o que acabara de ocorrer, a de Susan entrava em ebulição. Uniu os dois momentos em sua cabeça e constatou que realmente haviam despertado os poderes misteriosamente aprisionados, e que o invisível, a magia, se tornara límpida e real.

Ergueu-se com certa dificuldade, foi até a amiga, ignorando a dor nas costas, e a abraçou fortemente, indagando se estava bem. Notou diversos machucados no rosto e nos braços, além de hematomas. A conduziu até a cama e correu até a porta, trancando-a.

— Ele não irá mais voltar, pelo menos por enquanto — afirmou Marine, sentindo a garganta abrasar. Moveu o rosto de um lado para o outro e foi até o banheiro com certa dificuldade, mirou-se no espelho.

Abriu a torneira e lavou o rosto.

— Você quer ir até o hospital? À polícia? Isso precisa ser denunciado, Marine — alertou Susan, eufórica e ao mesmo tempo preocupada com a amiga.

— Não. Nada do que eu disser vai valer a pena diante do que estou sentindo. — Olhava-se admirada. — Você viu o que aconteceu? — indagou, como se estivesse com um nó na garganta.

— Vi, apenas constatei o que o Encapuzado me disse.

Marine sentiu seus pelos eriçarem e virou instantaneamente, questionando do que se tratava.

Susan contou detalhadamente o que acontecera minutos atrás.

— Espere um momento — disse, apanhando o atiçador e abrindo a porta.

Susan desceu até a sala com cautela e procurou pela pedra deixada pela misteriosa pessoa. Agachou-se e avistou o objeto que parecia emanar uma fraca luz avermelhada debaixo da poltrona. Levantou-se depressa e retornou para o quarto.

Fechou a porta e entregou à Marine, que encontrava-se ao lado da cama olhando para a desordem, ao tocar no objeto sentiu uma energia extremamente avassaladora conectá-la a algo que jamais sentira.

— Os bruxos nos sentiram após a evocação — contou eufórica. — Isso é louco demais.

A claridade vermelha adentrou seu corpo e instalou-se no fundo de seus olhos. A voz grave de um homem ressoou em seus ouvidos. Não conseguiu entender o que ele dizia, apenas deixou o objeto cair sobre a cama.

— O que aconteceu? — Susan preocupou-se.

— Você não ouviu? — indagou Marine com o coração batendo aceleradamente.

— O quê? — Coçou a nuca.

Marine baixou o olhar, voltou a fixar o objeto e respondeu:

— Nada. Como assim uma pessoa encapuzada te visitou e deixou isto?

— Não sei, mas eles nos sentiram. — Queria parecer óbvia, sem sequer entender de fato o porquê. — E disse para regressar às minhas raízes, Ennead — acrescentou bastante surpresa. — Que a floresta oculta um segredo e que lá encontraremos nossas respostas — discorreu extremamente empolgada. — Aquela floresta realmente é muito tenebrosa.

Marine passou as mãos no rosto e arguiu temerosa:

— Isso não te parece estranho? Alguém encapuzado nos instigar a ir até sua cidade natal?

Susan prendeu os cabelos claros e aproximou-se da amiga, respondendo:

— Totalmente. Enquanto vinha para cá, pensei: por que nunca vi nada antes? Mas a resposta estava clara, eu mesma não procurava. Você despertou essa busca em mim, e ele disse que tudo acontece no momento certo. Causalidades — falou bem devagar, recordando de sua vida apática em Ennead.

ELEMENTAIS vol.1 - Labirinto de Fogo.Onde histórias criam vida. Descubra agora