A adrenalina quase fez o coração de William estourar. Avançou corajosamente contra a pessoa que entrara, no entanto, estancou hesitante diante de uma mulher de cabelos laranja, que sorriu para os dois.
— William Collins! — falou surpresa.
Seu tom de voz agudo fez William comprimir os lábios e passar por ela, observando a escadaria.
— Você não o viu? — perguntou desconfiado.
— Quem? — investigou a ruiva cheia de sardas pelo rosto. Seus olhos verdes lunáticos giraram para a escada, gesticulando.
William a encarou exaltado, enquanto a porta se fechava. Não acreditava.
— Tem certeza que não viu ninguém? — Aproximou-se bruscamente da recém-chegada.
— Claro, acabei de chegar e você está machucado... — Moveu a cabeça e analisou a jovem. — Ela também. Vocês foram atacados?
— Sim, há poucos instantes. — Tentou recuperar o fôlego, observando Marine.
— Quem é ela, William? — indagou Hellen.
Ele se aproximou de Marine, que observava atentamente o grande salão oval.
— Uma amiga — respondeu receoso.
Marine cruzou os braços, boquiaberta.
— Esse lugar... — ela estava tendo dificuldades em pronunciar as palavras com perfeição. — É o que estou pensando?
Um misto de medo e deslumbramento invadiu o corpo dela. Contemplava duas estátuas de bronze, cada uma representando o deus e a deusa da magia. Acima, em ouro, o nome "Congregationis Occultatum Sapientes".
Logo abaixo dos pés descalços das grandes imagens, havia um círculo de prata no chão e, do teto cavernoso, uma fonte de água descia e preenchia todo o ambiente circular, emitindo cores cinzas. Ao redor, nas paredes de pedra, inúmeros quadros representavam todos os rituais anuais celebrados pela sociedade secreta.
A iluminação opaca advinha das grossas velas em pedestais de prata, colocados em inúmeros pontos do grande recinto. O lugar era uma espécie de altar pagão.
— Hellen Donnell — apresentou-se a sardenta, estendendo a mão.
— Marine Talbott — respondeu como se estivesse anestesiada.
Hellen olhou para os dois com censura.
— Algo me diz que ela não deveria estar aqui. — Repousou seus olhos redondos em William, repreendendo-o.
O jovem, por sua vez, passou a mão pelo rosto suado e sujo.
— Preciso comunicar ao guardião. — Hellen virou-se de costas e dirigiu-se para a porta angular ao lado da deusa de bronze.
William a observou se afastar com um semblante de dor no rosto contraído. Não tinha o que fazer, o mundo sucumbiria sobre sua cabeça.
Marine estudou o olhar perdido do rapaz, que afirmou ter cometido um erro.
— Me trazer aqui... — concluiu ela, compreendendo a situação.
William a tocou hesitante e apontou para a porta angular.
Caminharam silenciosamente e chegaram em uma sala nove vezes maior que a anterior.
A amplitude era titânica e com uma arquitetura medieval extraordinária. Inúmeras pessoas transitavam em várias direções com livros e athames em mãos e dialogavam sobre feitiços, evocações, rituais... Tudo de forma natural.
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ELEMENTAIS vol.1 - Labirinto de Fogo.
Fantasía"A mentira lhe salvou a vida, enquanto a verdade lhe condenará a morte." Após uma evocação quase fatal aos deuses da Magia, os dons de Marine Talbott foram misteriosamente despertados e com isso um passado obscuro trilhado por farsas começará a emer...