Capítulo 19: A Congregação.

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adrenalina quase fez o coração de William estourar. Avançou corajosamente contra a pessoa que entrara, no entanto, estancou hesitante diante de uma mulher de cabelos laranja, que sorriu para os dois.

— William Collins! — falou surpresa.

Seu tom de voz agudo fez William comprimir os lábios e passar por ela, observando a escadaria.

— Você não o viu? — perguntou desconfiado.

— Quem? — investigou a ruiva cheia de sardas pelo rosto. Seus olhos verdes lunáticos giraram para a escada, gesticulando.

William a encarou exaltado, enquanto a porta se fechava. Não acreditava.

— Tem certeza que não viu ninguém? — Aproximou-se bruscamente da recém-chegada.

— Claro, acabei de chegar e você está machucado... — Moveu a cabeça e analisou a jovem. — Ela também. Vocês foram atacados?

— Sim, há poucos instantes. — Tentou recuperar o fôlego, observando Marine.

— Quem é ela, William? — indagou Hellen.

Ele se aproximou de Marine, que observava atentamente o grande salão oval.

— Uma amiga — respondeu receoso.

Marine cruzou os braços, boquiaberta.

— Esse lugar... — ela estava tendo dificuldades em pronunciar as palavras com perfeição. — É o que estou pensando?

Um misto de medo e deslumbramento invadiu o corpo dela. Contemplava duas estátuas de bronze, cada uma representando o deus e a deusa da magia. Acima, em ouro, o nome "Congregationis Occultatum Sapientes".

Logo abaixo dos pés descalços das grandes imagens, havia um círculo de prata no chão e, do teto cavernoso, uma fonte de água descia e preenchia todo o ambiente circular, emitindo cores cinzas. Ao redor, nas paredes de pedra, inúmeros quadros representavam todos os rituais anuais celebrados pela sociedade secreta.

A iluminação opaca advinha das grossas velas em pedestais de prata, colocados em inúmeros pontos do grande recinto. O lugar era uma espécie de altar pagão.

— Hellen Donnell — apresentou-se a sardenta, estendendo a mão.

— Marine Talbott — respondeu como se estivesse anestesiada.

Hellen olhou para os dois com censura.

— Algo me diz que ela não deveria estar aqui. — Repousou seus olhos redondos em William, repreendendo-o.

O jovem, por sua vez, passou a mão pelo rosto suado e sujo.

— Preciso comunicar ao guardião. — Hellen virou-se de costas e dirigiu-se para a porta angular ao lado da deusa de bronze.

William a observou se afastar com um semblante de dor no rosto contraído. Não tinha o que fazer, o mundo sucumbiria sobre sua cabeça.

Marine estudou o olhar perdido do rapaz, que afirmou ter cometido um erro.

— Me trazer aqui... — concluiu ela, compreendendo a situação.

William a tocou hesitante e apontou para a porta angular.

Caminharam silenciosamente e chegaram em uma sala nove vezes maior que a anterior.

A amplitude era titânica e com uma arquitetura medieval extraordinária. Inúmeras pessoas transitavam em várias direções com livros e athames em mãos e dialogavam sobre feitiços, evocações, rituais... Tudo de forma natural.

ELEMENTAIS vol.1 - Labirinto de Fogo.Onde histórias criam vida. Descubra agora