Prólogo

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   A escuridão asfixiante moldava o espaço silencioso em torno da garota de 19 anos, que buscava compreender o porquê de estar ali. A brisa gélida colidia em seu rosto pálido, quando ouviu um ruído seguido por um brilho fosforescente de uma arma escarlate insurgindo passos à frente. Um raio cortou o céu daquela noite obscura e iluminou o ambiente, possibilitando-a contemplar uma misteriosa pessoa que empunhava a estranha pistola em sua direção, logo atrás, na margem do lago, inúmeras pessoas com vestes escuras empunhavam punhais e digladiavam-se, quando tudo foi paralisado após o som do violento disparo.

   A fumaça bailou sob o ar gélido da parte frontal do cano por onde o projétil havia sido efetuado, ao passo em que a vítima caiu no chão bruscamente, agonizando. O caos se instalou no local aberto de rala vegetação e muitas pessoas correram em direção a ela, que se arriscava levantar, porém suas costas mantinham-se presas ao chão após o impacto excruciante em seu abdômen. O autor do disparo moveu a mão livre em direção ao solo e desapareceu, projetando uma vasta barreira de fogo que impediu a multidão de avançar, exceto duas pessoas.

— Socorro! — clamou, levando a mão até o ferimento. Os dedos trêmulos agarraram a grama úmida na tentativa de canalizar a dor enquanto um gosto amargo ascendia pelo esôfago em brasas, corroendo-o.

As duas pessoas rumaram ao seu encontro e ajoelharam-se, uma de cada lado.

A garota os encarou com seus olhos azuis assustados, almejando compreender a situação.

— Ela estava viva por todo esse tempo... — contemplava o misterioso homem com ódio nos olhos.

À medida que o sangue vertia paulatinamente pela cintura, tudo à volta da garota desfocava e a dor, até então neutra, enraizava em seu corpo, entorpecendo-a. Gaguejou algumas palavras: "Quem são vocês?". "Por que fizeram isso comigo?".

Pôde apenas ver a silhueta de uma mulher loira pressionando seu ferimento conforme assimilava as palavras ditas.

— Você nos enganou! — protestou o homem de voz hipnótica.

— Fiz o necessário para protegê-la! — rebateu a mulher, despejando um líquido viscoso e gelado no ferimento.

A garota teve espasmos de dor.

— Ela me pertence! — exasperou ele, segurando a garota com força pelo braço.

— Nunca! — a mulher rechaçou com aversão e conjurou uma espiral cinza ao redor das duas.

Tudo se distanciou e as palavras ficaram inaudíveis. O rosto pálido da garota tremia e já não conseguia sentir dor, como se um vazio indescritível a tivesse preenchido instantaneamente. Os batimentos cardíacos céleres não acompanhavam a linha de raciocínio lenta. Havia entrado em choque.

Os olhos expressivos tornaram-se ausentes, e as pálpebras pesaram após um suspirar agonizante. Um fio de sangue desceu pelo canto da boca seca, enquanto um aflito gemido ecoou em seus ouvidos moucos. Assim, como um feixe de esperança para cessar tal desespero, a escuridão letal arrebatou-lhe para o abraço sublime da morte.


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ELEMENTAIS vol.1 - Labirinto de Fogo.Onde histórias criam vida. Descubra agora