ELEMENTAIS vol.1 - Labirinto de Fogo.

Capítulo 29: Suspeitas Dolorosas.

A manhã chegou fria, assim como o rosto gélido de Zenneher que passou a noite em claro analisando documentos e investigando com afinco tudo a respeito da dualidade elemental de Marine Talbott. Tudo o levava a crer que ela poderia ser a pessoa mencionada na profecia escrita no século XIX. Nada do que Dhorion, Sayne e Wagner falaram, a seu ver, fazia sentido. Abismava-se de como Mel os defendia. Ela não poderia estar envolvida, sendo que possuíam uma relação de quase 17 anos.

Os fatos pesavam, como o furto da chave, a ameaça enviada à igreja com a assinatura de Bernard Milligan, a chegada repentina de Marine na cidade, cumprindo assim os desígnios que Dylan previu antes de sua morte. Ele poderia ter tido alguma ligação com Kiara Finnin?

A dualidade chamava ainda mais sua atenção. Até então sabia da existência de apenas uma pessoa com o mesmo dom e ocultou de todos como forma de proteção. O que isso poderia significar? Quem de fato era Marine Talbott e o que fez Dhorion a manter protegida por todo esse tempo?

As perguntas fuzilavam sua mente aturdida; afinal, se tudo fosse uma mentira, sua irmã e sobrinha haviam morrido em vão, e o homem que idolatrava e passou a odiá-lo após o fatídico ato cruel e imperdoável seria inocente.

Por fim, observou que a mesma arma que serviu para assassinar Bernard Milligan também foi usada contra Marine. Ela encontrava-se envolta de um domo de vidro em uma sala de utensílios de guerra. Das seis munições, duas disparadas.

O Eminente partiu para a sala do Guardião com fúria nos olhos e frustrou-se ao bater violentamente e ninguém responder. Em seguida, avançou para a da Diretriz e ao notar que estava aberta, entrou violentamente, surpreendendo a mulher que arrumava alguns livros nas prateleiras.

— O que você está fazendo aqui? Não autorizei sua entrada — recriminou-o bruscamente.

Zenneher aproximou-se, passando a mão no rosto suado.

— Juro a você que tento efusivamente acreditar nas versões rasas que vocês expuseram. Contudo nada faz sentido. — Riu nervoso. — Vocês subestimam minha inteligência — afirmou agressivamente.

Sayne o analisava um tanto assustada pelo descontrole e averiguou:

— Do que você está falando?

— Não se finja de ignorante, porque você é uma das pessoas mais espertas e inteligentes deste comando. — Colocou toda sua pesquisa sobre a mesa da Diretriz. — Até mais que Dhorion, que tenta distorcer uma história que está clara, por isso pediu segredo.

Sayne não demonstrou receio, contudo estava absurdamente alarmada.

— A dualidade de Talbott era algo sigiloso e o bloqueio foi requerido pelo pai dela, por medo disso lhe causar algum mal. Você não viu a autenticidade da carta, Zenneher? Não há mentiras — foi prática. — As Sombras descobriram e querem usá-la contra a Congregação por não aceitarem nosso pacto com a igreja. O que mais precisa ser esclarecido? — Demonstrou raiva, ignorando os papéis e jogando-os no chão.

— A verdade por trás dessas desculpas aparentemente convincentes para leigos que não conhecem a história — gritou no mesmo tom. — E se Marine Talbott fosse a verdadeira criança?

Sayne sentiu o rosto esquentar.

— Essa dualidade, essa obscuridade e poder sem precedência não te fazem questionar isto, Sayne? — indagou Zenneher impulsivo.

Sayne respirou profundamente tentando ser ainda mais objetiva.

— Não entendo o seu descontrole. Você estava aparentemente normal...