Capítulo 7

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"Eu me sentia demais por entrar naquele joguinho com ele...ele era tão provocador"

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Me surpreendo quando ele me estica sua mão esperando que eu pegue a mesma. Penso por um momento no que ele estava fazendo, mas quando não descubro, entro no seu joguinho pegando sua mão.

-Prazer, sou Harry.- ele diz todo simpático, nem parecia a mesma pessoa do corredor. Aquela pessoa autoconfiante.

Apenas resolvo seguir o roteiro de "Olá, não conheço você, fim"

-Prazer, Mia!- falo e dou um sorrisinho sarcástico, ele entende o recado pois levanta uma sobrancelha e dá um sorriso antes de se sentar à minha frente.

O jantar todo se passou com meus pais e Anne falando sobre a cidade e da movimentação de dinheiro.
Eu estava com uma mão no rosto que me escorava na mesa e brincava com os meus dedos. Resolvo olhar para frente e vejo que o fingido do filho da Anne me encarava, começo então ao encarar também.
Ele era bom nisso...

Anne quebra o silêncio me assustando, como se eu estivesse fazendo algo errado.

-Filho por que não apresenta o lugar para a Mia, para ela ir se adaptando ao lugar?- ela diz intercalando seu olhar entre eu e ele.

-Eu estou bem aqui- falo e Harry complementa.

-Eu insisto Mia, vamos?.- Harry fala se levantando e eu o encaro sem expressão alguma.

O que ele está planejando afinal?

-Isso filha, vai ser legal.- Meu pai fala e com delicadeza me levanto da mesa sem falar nada e esbarro em Harry no caminho que dá um passo para trás. Idiota.

Meu momento comigo mesma foi adiado por motivos que andam e falam...

Abro a porta e a fecho com calma por que não era minha casa, se fosse eu ainda assim fecharia com calma, senão minha mãe me mataria. Fico olhando para as árvores em frente à casa que se mexiam conforme o vento batia nelas.
Sinto então uma mão puxando meu braço novamente e me virando para si.
Seus olhos estavam em um tom bem mais escuros de verde, não sei se era pela noite ou pelas suas pupilas dilatadas. Mas não me afetavam menos por isso...

-Está tudo bem?- ele pergunta.

-Por que fingiu que não me conhecia?- seguro seu braço assim como ele faz com o meu, mas apenas para me apoiar e não cair. Ele era forte, acabo soltando um suspiro involuntário e ele ri deixando agora as duas covinhas aparecer em suas bochechas.
Se não fosse uma risada tão agradável, talvez eu estivesse envergonhada de novo.

-Só não estava afim de falar para a coroa que te intimidei, acho que você não se sentiria a vontade também.- nós dois franzimos o cenho ao mesmo tempo e solto uma risada.

-Certo, certo. Hey, você poderia me soltar?- olho para nossos braços que se seguravam.

-Ah, não.- ele nega com a cabeça torcendo seu lábio para o lado e me encarando de canto de olho.

Sua risada surge uns segundos depois, me fazendo fingir estar brava.

-Para de rir de mim toda hora seu chato.- me solto dele cruzando os braços e sentando no gramado.

-Também gostei de você loirinha.- ele se senta de frente comigo.

Loirinha? Sério isso? Talvez esse apelidinho nada convencional tenha me feito não querer pintar os cabelos de preto, afinal de contas.

Ele segura uma risada enquanto me encara, e viro a cabeça para o lado.

-Qual a graça?- digo descruzando os braços e apoiando na grama um pouco atrás da minha cintura.

Ele da de ombros e abraça seus joelhos com seus braços.

-Você fica rindo de mim o tempo todo, me fala, por favor.- quase imploro para ele.

-Só não estou acostumado com uma mulher tão tímida como você.- ele morde seu lábio inferior soltando bem devagar, algo bem provocador.

Acho que essa é primeira vez que alguém se refere a mim como mulher e não como menina ou garota, mulher...
Meu coração acelera um pouco me fazendo soltar uma risadinha.

Não sei por que fiquei feliz, mas me senti extremante bem com suas palavras sobre mim. Apesar de simples.

Parte das minhas inseguranças é pelas pessoas me tratarem como criança, mas quando alguém se refere a você como uma pessoa de pensamento além, é uma sensação inovadora.

Minha outra parte insegura é sobre não saber agir com homens. Mas parece que Harry acertou em cheio meus pontos fracos, mesmo ainda me sentindo intimidada por ele e por sua beleza cativante.

-E você está acostumado com muitas mulheres?- pergunto involuntariamente, com receio de parecer enxerida, encaro meus pés.

-Talvez, curiosa demais em loirinha.- sua fala me faz sentir envergonhada de novo. E não é novidade que ele dá um sorriso de lado.- Para de ficar assim por tudo.

-Eu não controlo minhas emoções!- falo meio exasperada.

-Estou mexendo com suas emoções então, hum?

-Arg- ele é irritante quando quer.

Uma movimentação na porta nos faz cortar nossa ligação de olhares e direcioná-los para a frente da casa.

-Vamos embora querida?- minha mãe fala.

Eu até que estava gostando da minha pequena conversa, mas no momento prefiro ir para casa, deitar na minha cama e refletir um pouco.

Me levanto sendo seguida por Harry, dou umas batidinhas na minha calça para tirar o mato seco enquanto minha mãe se aproxima.

Harry se aproxima de mim ficando uns dois passos de distância, acho que ele também está um pouco perdido.

-Até mais Mia, adorei conhecê-lá- ele fala o mais doce possível e não aguento, dou uma risadinha de lado para ele que retribui o gesto.

-Até mais harry.- falo educadamente olhando de canto de olho minha mãe disfarçando um meio sorriso.

Sigo com minha mãe pelo caminho de pedras brancas que leva para a calçada de nossa casa.
Olho rapidamente para trás afim de ver se ele ainda estava lá, e para minha surpresa ele estava e mantinha o mesmo sorriso de quando sai de lá.

-Eu falei que ele era um belezinha, mas não sabia que era tanto.- minha mãe me cutuca com o cotovelo fazendo graça.

-Mãe!- repreendo.

-Mas deixe de ser besta menina, um partido desses não aparece todos os dias. Só não deixe seu pai saber.- ela dá risada e eu a encaro incrédula enquanto entramos em casa.

[•••]

"Ele era provocador e intenso, mas me fez sentir a mulher mais feliz do mundo, ele me fazia sentir mulher acima de tudo.
Eu era sua loirinha..."

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Beyond- |H.S| (editando) Onde histórias criam vida. Descubra agora