capítulo 2

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"Eu costumava ser uma pessoa bem insegura e sozinha, se preocupava muito com a opinião alheia. Superar essas falhas, foi minha melhor superação."

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Quando te dizem que você é padrão, significa que na sociedade você é como todas as outras pessoas de cabelos e olhos claros.
Não é como se você pudesse ter uma espinha ou engordar alguns quilos.

Enquanto me olho no espelho, penso em fugir de casa e dizer que não vou mais para Los Angeles.

O fato de me mudar, quer dizer acima de tudo que irei escutar todos os dias de pessoas novas, que não sou diferente do que a sociedade impõe.

O conteúdo que me acompanha não é relevante para as pessoas. Os meninos não vão querer namorar comigo porque sou legal ou engraçada, vão querer estar comigo por que sou aquela menininha loira dos olhos azuis que eles gostam de mostrar para o time de futebol, ou que as líderes de torcida gostam de colocar uma sainha curta para exibir o time perfeito.

Acordo para a realidade quando a porta do quarto se abre, deixo meus pensamentos de lado. Me levanto e encaro minha mãe.

-Achei que já estaria pronta.- ela diz sentando-se na cama. Sento-me novamente virando a cadeira, desviando me do espelho e olhando para ela.

-Estava quase, mas acabei me distraindo...O que você acha de eu pintar o cabelo de preto?- pergunto e ela juntas as sobrancelhas.

-Por que quer ter cabelos pretos? O seu loiro é natural Mia, sabe quantas pessoas querem ter essa cor de cabelo?- ela fala se apoiando em uma das mãos.

-Exatamente por que todo mundo quer, eu não quero. Vai chamar atenção e vão ficar falando.- coloco a mão na testa.

-Filha, para de se importar com a opinião alheia, você é linda do jeito que é. Agora vai tomar banho!- ela atira o travesseiro em mim e dou risada quando ela sai.

[•••]

Depois de tomar um banho bem quente e relaxante para tirar a pressão de cima de mim, acabo de me secar e escovo os dentes colocando um vestido preto simples de alcinhas e um tênis também preto.
Assim que termino desço as escadas e vou colocando minhas malas na sala, só levaríamos roupas e coisas pessoais, a casa era mobilhada então não precisaríamos de nada além disso. Eu estava olhando a casa com mais calma, como se estivesse me despedindo. Na verdade eu estava...

Procuro um de meus pais para dizer que estou indo me despedir das minhas amigas. Encontro meu pai encostado no armário da cozinha mexendo no celular com um sorrisinho no rosto.

-Pai, estou indo no parque me despedir das meninas- falo.

Ele não tira os olhos do celular, mas me responde mesmo assim.

-Tudo bem querida, daqui a pouco passo lá para te pegar para podermos ir- ele diz.

-Certo, pai- falo.

Abro a porta da frente e me deparo com a placa no chão escrito "vende-se". Era tão sério que iríamos embora que pelo visto nem tínhamos mais planos de voltar e só de pensar nisso me revirava o estômago.
Me agarrei a uma mínima esperança que isso seria um fiasco na primeira semana e logo voltaríamos, mas se eles venderem a casa, não terá mais como voltar...
Não sei se seria legal dar errado, mas também não estou totalmente certa de que não daria...já me complique só de imaginar.

Começo a afastar esses pensamentos antes que chore igual uma criança no meio da rua.

Minha casa ao parque era apenas 10 minutos, o que me fez fazer o trajeto em 20 para apreciar meu bairro uma última vez. Já fiz um tour pela cidade sozinha, queria sentir tudo uma última vez, e agora vou finalizar com minhas melhores companhias.

Assim que chego vejo naty deitada no colo de luisa que fazia tranças nos seus longos cabelos pretos e mely mexendo no celular como sempre.

-E aí pessoas.- falo me sentando no banco de frente a elas.

-Ooiii- falam em coro.

-Eu já quero chorar- naty fala me abraçando e em seguida todas fazem o mesmo.

Depois de longos 20 minutos de conversas paralelas Luísa fala por fim:

-Você pode pegar o filho dela- ela fala e todas riem.

A Luísa é aquele tipo de garota popular que fica com os meninos bonitos e deixa eles logo em seguida. Ela era como os meninos cachorros, só que quem iludia era ela.
Tem toda a autoconfiança que eu gostaria de ter e não liga para o que as pessoas acham dela ou de seu corpo cheio de curvas.

-Sabe o que posso pegar?- falo e elas me olham curiosa.

-O que?- mely pergunta.

-Um saco de pipoca com meu cobertor e maratonar 5 temporadas de supernatural sem parar- falo.

-Você vai acabar virgem desse jeito Mia Dolan! - ela fala colocando a mão no rosto em sinal de reprovação.

-Virgem sim, com fome nunca- caímos na gargalhada.

-Certas coisas não mudam né minha garotinha exemplar?- Luisa aperta minhas bochechas e eu olho com uma cara estranha para ela nos fazendo rir.

Sempre nos divertimos quando estávamos juntas, mas hoje era uma diversão diferente, era mais triste do que feliz.

Em poucos minutos o carro do meu pai para e buzina significando que devo ir embora.
Nos despedimos e choramos muito.

-Nós te amamos!!- elas gritaram enquanto eu caminhava para o carro com lágrimas escorrendo por meu rosto.

-Eu mando mensagem. Não se esqueçam de mim. Amo vocês.- deu um aceno e um coração com as mãos.

O caminho todo até o aeroporto foi em total silêncio, ninguém sequer abriu a boca.
Acho que eles estavam com medo de dizer a coisa errada e eu ter uma crise nervosa e pular do carro para não ir embora de Chicago.

Eu só consegui fechar os olhos naquele momento, encostar a cabeça no banco e deixar as lágrimas descerem.

Por mais que eu não queira ir, espero realmente que tudo dê certo, acho que eu não teria psicológico para ver meus pais sofrendo se desse errado como eu gostaria...ou não gostaria?

Sinto que se pensasse mais um pouco iria enlouquecer e acabar em uma clínica psiquiátrica jogando xadrez.

Mas por que a sensação de borboletas na minha barriga não sumia? E o frio na espinha ainda estava aqui....

[•••]

"Ainda consigo sentir aquelas borboletas, e também a saudade continua de uma despedida dolorosa, talvez se eu soubesse o que me esperava, haveria lutado mais para ficar..."
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Beyond- |H.S| (editando) Onde histórias criam vida. Descubra agora