✖️ Capítulo 2 ✖️

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Jantámos e o meu pai foi chamado para o hospital agora mesmo. É estranho que ele chegou hoje, ainda nem sequer lá foi e é chamado de urgência. Ainda por cima não queria ficar sozinha nesta casa. Estou com medo? Claro que não. Só vi uma pessoa atrás de mim no espelho, além de alguém andar a tomar conta desta casa, tenho a certeza.

Decidi distrair-me um pouco ver televisão. Estava a ver um dorama. Adoro isto. Decidi ir buscar um gelado. Um pote de gelado. TPM é lixada.

Enfiava colheres enormes na boca de gelado de chocolate, pouco me importando na dor de dentes. Até que ouvi um barulho. Parei de comer e paralisei. Se fosse uma situação normal não ligaria, mas está casa não é normal e nada aqui faz sentido. Levantei-me do sofá, desligando a televisão e largando o meu pote de gelado. O som parecia ter vindo do meu quarto, então fiz o meu caminho para lá e depois percebi. Um dos stores da janela estava a bater com o vento. Fui lá, tranquei os dois e suspirei de alívio. Tenho que afastar estes pensamentos todos da minha cabeça antes que fique maluca. Estas coisas não existem.

1 hora depois.

Fui para a cama depois do dorama acabar. Amanhã tenho que acordar cedo porque tenho que me ir inscrever na escola da cidade a que está terrinha pertence e que, pelos visto, é a 5 km daqui. Um pouco longe ainda para ir a pé.

Estava quase a adormecer quando senti uma brisa fraca na minha cara. Assusto-me e sento-me na cama rapidamente.

Olho para a minha janela. Trancada. Olha para a minha porta. Fechada. Vou mas é dormir que o meu mal é sono.

Dia seguinte.

Acordei com o despertador. 8h00. Sentei-me na cama, passei a mão pelos meus cabelos, pondo-os para trás e esfreguei os olhos. Tinha um bilhete em cima do meu telemóvel.

"Tive que ir trabalhar cedo. Tens o pequeno-almoço feito e não te esqueças de ir à escola! Beijinhos. Pai."

Ele mal deve ter dormido. Mas ele já está habituado. E eu também.

Levantei-me, pus as pantufas e arrastei-me para o chuveiro tomar banho, a ver se acordo.

Visto uma camisola de manga curta cinzenta, umas calças pretas rasgadas nos joelhos e um casaco verde. Lavo os dentes e vou para a cozinha comer. Tinha duas torradas e sumo de laranja feitos. Voltei para o quarto, lavei novamente os dentes, agarrei no meu telemóvel e carteira e saí, levando a chave.

Chamei um táxi e pedi-lhe que fosse até à escola secundária mais próxima.

Uns 15 minutos depois e chegámos à escola. Agradeci-lhe e paguei-lhe, entrando na escola. Pelos vistos uma escola onde se usa uniforme. Que seca. Mas já que estou aqui, não vou embora.

Entrei e estava um pouco perdida. Não havia maneira de eu conseguir encontrar a direção.

Precisas de ajuda? — disse um rapaz alto, olhos azuis e moreno. Nada coreano. E giro.

Preciso de ajuda para encontrar a direção.

Vens inscrever-te?

Sim.

Eu levo-te.

Segui o rapaz por um corredor e no fim dele, ele parou.

É aqui.

Obrigada...

Connor, o meu nome é Connor.

Alex, prazer — disse-lhe estendendo-lhe o braço e ele apertou-me a mão.

Tenho que ir andando. Adeus.

Xau.

Vi-o desaparecer pelo corredor. Ele é simpático, não é coreano, o que é um bom começo. Pode ser que arranje o meu primeiro amigo cá.

2 horas depois.

Depois de horas a preencher papéis e a apanhar uma seca, saio daquela sala e vou para o exterior da escola. Vi um grupo de miúdas, quatro, que olhavam para mim e falavam aos segredinhos. Também se riam. Odeio sempre que me fazem isto. Qual é o problema delas de uma pessoa ser diferente? Apetece-me ir lá e dar-lhes um murro na cara.

Apenas fecho os punhos, respiro fundo e continuo o meu caminho.

Decidi ir ao shopping que havia lá perto. Fui ver algumas lojas de roupa para me distrair enquanto não era hora de almoço.

3 horas depois.

O diretor acabou por me dar a lista dos livros que preciso para as aulas. Aproveitei e fui a uma livraria encomenda-los. Só começo para a semana. Hoje é sexta.

Decidi ir engordar mais um pouco e fui comer uma crepe com gelado e chocolate. Amo de coração mesmo. É das coisas que mais amo.

Já eram 18h00 então decidi voltar para casa.
Fui de táxi e, quando cheguei a casa, o meu pai estava lá no sofá.

Finalmente estás em casa.

Desculpa. Tem havido muito trabalho pelos vistos no hospital.

Quem diria. Uma terrinha como estas, ter assim tanta gente para o hospital.

Mas sempre vem mais dinheiro.

Sabes muito bem que preferia que trabalhasses menos. Mas olha, já me inscrevi na escola.

Boa. E como é que é a escola? Gostaste?

Sim. Razoável.

Inscreveste-te em Educação Física?

Sabes muito bem que não. Não me sinto bem em estar lá no meio daquelas miúdas todas e ainda por cima só sabem julgar.

Se tiveres problemas outra vez lá, fala comigo, está bem?

Claro. Não te preocupes. Mas tudo menos Educação Física.

Eu não te vou obrigar a nada. Só quero que te sintas bem.

Obrigada. Vou para o meu quarto. Chama-me para ajudar com o jantar.

Está bem. Eu vou só ao supermercado. Até já — ele disse agarrando nas chaves do carro e saiu.

Fui para o meu quarto e deitei-me na cama. Fiquei um tempo nas minhas redes sociais. Decidi ir ver os perfis das pessoas daquela escola. Só miúdas daquelas que acham que são bonitas e tiram fotos daquelas que só falta tirar o sutiã. Se bem que nas fotos parece mais que estão sem ele.

Ouvi um barulho na sala e saltei da cama, assustada. Fui devagar até à sala onde parecia ter vindo o barulho.
Vi um vulto passar na porta da entrada.

Está alguém aí? Começo a ficar farta disto.

My Sweet Ghost | XiuminOnde histórias criam vida. Descubra agora