✖ Capítulo 30 ✖

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— Desculpa a minha atitude de ontem contigo.

Íamos os dois a caminho da escola. Era estranho para mim estar ali ao lado dele depois de lhe ter partido o coração.

O caminho era longo então acho que dava tempo para dizer tudo o que tínhamos a dizer um ao outro e resolver a nossa relação.

— Eu é que tenho de pedir desculpa pela maneira como te contei as coisas.

— Não tens de pedir desculpa por uma coisas que não pudeste controlar.

— Mas podia ter evitado.

— Talvez. Mas eu não estou magoado contigo, só teria razões para isso se não mo contasses.

— Tu és um anjo, sabias?

— Sabia — rimos — mas... eu conheço essa pessoa?

— Não... ele não anda na nossa escola, nem sequer é bem desta zona.

Tentei mentir um pouco pois também não sabia bem o que dizer. Ia dizer o quê? Que ele nem sequer existia? Que só eu é que o via então era por isso que ele não o conhecia?

— Mas não significa que não tenha sofrido um pouco e ainda esteja a sofrer. Eu gosto muito de ti.

— Eu sei que sim...

— Não há sequer uma hipótese de... te ter de volta?

— Connor... eu não te quero dar esperanças. Eu não adivinho o futuro mas sei que neste momento... não.

— Tudo bem... pelo menos tentei.

Por mais que já não sentisse o mesmo por ele, continuava a gostar dele e muito, mas como amigo, e magoava-me vê-lo daquela maneira, por minha culpa.

Não sei o que é ser magoada desta maneira nem ser traída, mas deve ser horrível. Consigo ver isso só de olhar nos olhos dele.

— Bem, mas tenho mais uma coisa para te contar. E não é assim tão boa.

— O que é que se passa? — percebi que ele estava nervoso só pela sua voz.

— A minha mãe teve uma proposta de trabalho muito boa para ir gerir um hotel.

— Boa! Mas... o que é que isso tem de mal?

— Tem de mal porque essa proposta é para o estrangeiro. Na Austrália.

— A sério? Então mas isso é bom, aliás não sei se te tinha dito mas Austrália é o país onde a minha mãe nasceu.

— Sim, já me tinhas dito. Mas o problema é que... nós vamos com ela.

— Vocês... mas quem?

— Eu, o meu pai e o meu irmão. Vamos todos com ela. Acho que o meu pai já conseguiu emprego lá também.

— Mas assim do nada?

— Sim, também fiquei tão chocado quanto tu.

— Mas vais quando?

— Depois de amanhã.

— Já? — parei de andar e encarei-o. Ele parou também e virou-se para mim.

— Já. Desculpa não te ter dito mais cedo mas eu não sabia como te dizer. Ainda namorávamos quando recebi a notícia, não era tão fácil de te dizer como está a ser agora.

— Entendo... mas mesmo que já não estejamos juntos, eu vou sentir muito a tua falta.

— Eu também, mas isto vai ajudar-me a ultrapassar isto mais rapidamente. É mais difícil quando te vejo todos os dias.

— Talvez... mas eu não deixo de me sentir culpada do facto de ires embora.

— Não, nada disso! Não tem nada a ver contigo, já tínhamos tomado essa decisão antes de acabarmos.

— Mesmo assim.

— Não te sintas culpada. Tu fizeste o que estava certo, o que o teu coração disse.

Acenti e senti-me um pouco emocionada, apesar de nem sequer ter razões para isso. Acho que desejava continuar a gostar dele e nada disto ter acontecido, para não o ver mais sofrer e por ele ser literalmente um anjo.

Ele percebeu o meu estado e abracou-me, beijando a minha testa.

Ficámos assim durante alguns segundos até que vimos que já estávamos atrasados para as aulas e corremos em direção à escola.

5 horas depois.

Cheguei a casa completamente exausta depois de uma semana comprida e exausta de aulas.

Estamos na altura de entrega de trabalhos e estive sobre grande stress durante estes dias. É juntando aos problemas com o Connor, agora parece que me tiraram um saco de 50 kilos das costas.

Mesmo assim, ainda pensava no facto de o Connor se ir embora.

— Alex? Estás bem?

Estava sentada na cama há uns minutos sem fazer nada quando ouvi o Xiumin e reparei que ele estava mesmo na minha frente.

— Estás aí há muito tempo?

— Desde que me ignoraste quando entraste em casa e te enfiaste aqui.

— Desculpa, nem sequer te vi.

— O que é que se passa? Estás assim porquê? Foi alguma coisa com o Connor novamente?

— És adivinha, é?

Ele suspirou e sentou-se do meu lado. Com ele aqui do meu lado, parecia que tudo tinha ficado melhor de um momento para o outro.

— Tentei entender a tua expressão e olhar. É um das minhas vantagens — ele sorriu — Mas ele não aceitou bem o vosso término, foi isso?

— Não, não foi isso. Ele foi um anjo, ele compreendeu as coisas e acho que o facto de lhe ter assegurado que não o traí ajudou um pouco, mas ele não deixa de ser uma das pessoas mais compreensivas e espectaculares que já conheci.

— Fico contente que tenhas uma pessoa assim na tua vida. Mas... afinal o que é que aconteceu?

— Ele veio-me buscar a casa hoje e fomos a conversar até à escola. Ele contou-me que os pais dele vão emigrar para a Austrália... e ele vai com eles.

-—A sério? Mas assim do nada?

— Ele já sabia mas como namorávamos ele tinha medo de me contar.

— Pois... entendo.

— Eu sinto-me tão culpada...

— Porquê?

— Por mais que não tenha culpa, sinto que influenciei um pouco na decisão dele de ir para a Austrália com a mãe.

— Não penses assim, por favor. Se eles já tinham decidido antes de vocês acabarem, claro que a decisão dele não teve nada a ver contigo.

— Sim, estou a tentar convencer-me disso. Mas não vou deixar de sentir muito a falta dele. Ele é o meu único amigo naquela escola.

— Vai ficar tudo bem, vais ver. Se calhar isto vai ajudar a que encontres mais alguém com que te identifiques na escola. Além disso, eu vou estar sempre aqui. Talvez não consiga substituir o Connor mas vou fazer de tudo para te ver feliz.

Aquelas palavras foram algo que eu precisava de ouvir há já algum tempo e aquele momento tinha sido o perfeito. Ele sempre soube o que me dizer e como me consolar, em qualquer circunstância.

Aquilo que iria fazer poderia até me arrepender, mas era aquilo que mais queria naquele momento.

E fi-lo. Olhei nos seus olhos, antes de me aproximar mais ainda de si e beijei-o.

My Sweet Ghost | XiuminOnde histórias criam vida. Descubra agora