✖ Capítulo 31 ✖

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Uma semana depois.

— Como é que te sentes, querida?

Estava a jantar com o meu pai enquanto víamos um filme na televisão. É raro nós jantarmos no sofá porque o meu pai tem um pouco de pavor com a sujidade mas ele percebeu que eu não estava muito bem, aliás na última semana não tenho andado mesmo nada bem. Por diversos motivos.

— Em relação a quê?

— Em relação ao teu ex-namorado — o meu pai sempre foi muito direto, mesmo em relação a estes assuntos.

— Estou bem, Só sinto um pouco a falta dele — não fazia ideia de quem me estava a referir, se era mesmo ao Connor ou não.

— É normal, mas isso vai passar com o tempo, vais ver. Além disso, se continuam amigos, podem continuar a falar, como fazes com a Zoe.

— Ele ligou-me ontem a dizer que estava tudo a correr e conversámos um pouco.

— E está a ser fácil lidar com isso?

— Acho que começa a ser mais fácil.

Sim, nunca cheguei a contar ao meu pai que fui eu que acabei com o Connor. Não tive tempo nem cabeça então acabei por lhe contar apenas que acabámos porque não queríamos uma relação à distância.

Bem, depois também há outro problema. Há uma semana atrás fiz uma coisa que, se soubesse as consequências, não o teria feito.

Apesar de esperar há algum tempo que aquilo acabasse por acontecer, não tenho a certeza se foi a melhor decisão a tomar.

Depois daquele beijo, o Xiumin tem me evitado ao máximo. As coisas entre nós ficaram super estranhas e constrangedoras, porque eu também não sei o que lhe dizer depois do que fiz.

Não tenho coragem de lhe dizer na cara que estou a ficar apaixonada por ele, além de que pensando bem, ele nem sequer é um ser humano. É um fantasma... meu Deus, eu estou mesmo apaixonada por um fantasma?

Quando acabámos de jantar e arrumámos tudo, decidi ficar no meu quarto até me dar o sono a acabar o resumo para o teste que vou ter na quarta-feira. Hoje mal consegui estudar o dia inteiro, apesar de ser domingo. A minha cabeça mal se consegue concentrar e me preciso mesmo de concentrar para ter uma boa nota, é preocupante.

Fiquei ali ainda uma hora e meia até que os meus olhos já começavam a arder e também acabei finalmente o resumo.

Levantei-me da secretária e fui para a casa de banho, tomei um bamho, vesti o meu pijama e voltei para o quarto.

Quando me sentei na cama, já debaixo dos lençóis, olhei para a minha mesa de cabeceira e lá estava o diário.

Aquilo estava a fazer-me confusão estar ali, então simplesmente agarrei nele e atirei-o para cima da secretária.

Mas ao meio do voo, uma folha acabou por cair em cima das minhas pernas.

— O que é isto?

Agarrei na folha e ela estava dobrada muita vezes, como se fosse algo que não pudesse ser visto ou lido.

Comecei então a desdobra-lo e quando estava aberto por completo, percebi que estava completamente escrito com coisas que nem dava bem para entender o que eram.

Alguns minutos a tentar entender o que lá estava e quando percebi, fiquei chocada.

O que estava lá escrito era nada mais nada menos do que um Ritual para trazer o Xiumin de volta. Não dizia exatamente o nome dele no papel, simplesmente estava "Ritual de transição entre os dois mundos".
Se isto dava para fazer uma transição entre o nosso mundo e o deles, queria dizer que ele pode sim voltar a ser humano!

Meu Deus...
Agarrei no papel e corri, tentando fazer o menos barulho possível, até à sala, sei que o Xiumin dorme lá todas as noites, sem exceção.

E estava certa, mas ele não estava a dormir, simplesmente estava sentado a olhar pela grande janela da sala.

— Xiumin...

Ele virou-se para trás e sorriu para mim, um sorriso que mal se viu e eu fui-me sentar ao seu lado.

— Estás a fazer o quê?

— A olhar as estrelas. Faço-o sempre antes de dormir. Ajuda-me a acalmar.

— Obrigada pela dica — ele riu.

— Mas o que é que se passa? Vieste ter comigo porquê?

— Xiumin... nós somos amigos. Não posso vir simplesmente ter contigo?

— Não.

— Porquê?

— Porque eu conheço-te. Além disso, tens aí um papel na mão e vieste a correr. De certeza que não vieste só para me ver- foi a minha vez de rir.

— Sim, eu queria que lesses isto.

Dei-lhe o papel na mão e ele olhou alguns segundos para mim para depois começar a ler o papel. Porque é que o meu coração está a bater tão depressa?

— O que é isto?

— Encontrei isso no teu diário. É isso mesmo que leste, ainda há uma possibilidade de voltares a ser humano.

Dia seguinte.

Ontem a conversa com o Xiumin ficou mais ou menos por ali, não dissemos mais grande coisa um ao outro. Eu percebi que ele ficou chocado com aquilo então eu decidi simplesmente deixá-lo sozinho. Mas prometemos que iríamos falar sobre aquilo quando eu chegasse da escola.

Hoje o meu pai está de folga então decidiu dar-me boleia para a escola. Há uns anos que isso não acontecia, sem exageros.

Quando lá cheguei, fui direto para a sala porque já estava um pouco atrasada. Mas antes que eu pudesse entrar no corredor depois de subir as escadas, alguém me agarra pelo braço.

— Quero falar contigo — a Yura falou cruzando os braços.

— Agora não posso. Já tocou — já não havia praticamente ninguém fora das salas.

— Vamos falar agora, sim. Até porque aquilo que tenho para te dizer é rápido — suspirei.

— Fala então.

— O Connor foi embora por tua culpa, não foi?

— O quê? Não, nós acabámos depois de ele saber que ia embora.

— Mentirosa! Tu traiste-o não foi? Por isso é que ele quis ir embora.

— Não, Yura. Felizmente eu não sou como tu. Eu gostava mesmo do Connor. Mas eu não tenho que te estar a dar justificações nenhumas.

— Estúpida!

As suas mãos foram até aos meus ombros e depois foi tudo muito rápido. O empurrão, a perda do equilíbrio, a dor horrível nas costas e depois caí num "sono" profundo.

My Sweet Ghost | XiuminOnde histórias criam vida. Descubra agora