Fiquei no quarto o resto da tarde a estudar a ver se me distraía um pouco dos meus problemas.
Um deles foi resolvido ainda esta manhã. Isto de me refugiar nos estudos já é um hábito bastante antigo.
Mas também os problemas são sempre os mesmos. O meu pai.
Eu sei que ele se refugia muito no trabalho, mas não justifica trocar o pouco tempo que tem com a filha pelo trabalho. Eu preciso bastante dele e não sei se ele sabe disso. E ele também precisa muito de mim, pois ambos sofremos muito com a morte da minha mãe e acho que devemos nos apoiar um ao outro.
Mas ele, com o passar dos anos, parece que esta cada vez mais distante. E eu, com o passar dos anos, sinto-me cada vez mais sozinha. Apesar de agora já não passar os dias aborrecida e deprimida, o meu pai faz-me falta.
E de hoje não escapa. Eu quero que ele saiba tudo aquilo que estou a sentir. Pode ser que alguma coisa mude. Mas eu também vou ter cuidado com a maneira com que lhe vou dizer as coisas. Não o quero magoar nem ser rude, mas eu tenho a sensação que não me vou controlar. E tenho a certeza que me vou arrepender e direi alguma coisas que não quero.
Olhei para o telemóvel e vi que tinha uma mensagem do Connor.
Connor
Espero que saibas que tudo aquilo que aconteceu hoje foi verdadeiro. Eu realmente estou a gostar muito de ti. Nunca penses o contrário. Adoro-te 💝
Isto sim, ainda dá alguma felicidade à minha vida. Aquela mensagem fizera-me sorrir que nem uma parvinha.
— Uma mensagem do Connor? — uma voz surgiu atrás de mim.
— Credo! Que susto, Xiumin... já te tinha dito para não entrares no meu quarto assim. É a minha privacidade!
— Desculpa... mas posso continuar aqui?
— Pois... agora que já estás... e sim, era uma mensagem do Connor.
Voltei para os meus livros e, durante algum tempo, não foi dita qualquer palavra.
— É bom ver-te feliz assim.
Sorri para mim e logo continuei o que estava a fazer.
Passou-se uma meia hora e eu já achava que o Xiumin já não estava ali. Mas ele voltou a falar e eu voltei a assustar-me.
— O teu pai acabou de chegar.
Olhei para ele surpresa. Mas logo ouvi a porta da entrada bater. Levantei-me e foi em direção à porta.
— Eu vou falar com ele. Por favor, quero falar com ele a sós.
— Podes estar descansada.
Abri a porta do meu quarto e logo vi o meu pai com sacos de supermercado na mão, pousando-os em seguida em cima da bancada da cozinha. Fechei a porta e fui ter com ele.
— Olá, meu amor — beijou-me a testa.
— Olá.
— Está tudo bem? — ele arrumava às compras enquanto falava comigo.
— Achas que sim? — ele parou o que estava a fazer e olhou para mim.
— O que é que se passa, Alex?
— O que é que se passa? Prometeste-me que íamos passar o fim de semana juntos. Tu prometeste!
— Eu sei... desculpa... não volta a acontecer...
— Não digas isso quando sabes que não vais cumprir! Há quase oito anos que ouço a mesma coisa! Há quase oito anos que ouço as mesmo desculpas mas a verdade é que volta sempre a acontecer! Tu achas que eu não tenho motivos para não estar bem?
— Eu sei que não tenho te dado a atenção que devias mas sabes que a minha profissão também não permite que esteja tanto tempo em casa. E como também já tens quase dezoito anos, já não me preocupo muito eu deixar-te aqui sozinha.
— A minha idade não tem nada a ver. Mudámos-nos para esta cidade há pouco tempo, eu não conheço ninguém. Eu sinto-me sozinha pai! Sabes muito bem que eu não tenho muita facilidade em fazer amigos. Eles não gostam de pessoas como eu...
— E achas que eu não me sinto sozinho? Eu admito que me refugiu no trabalho um pouco por causa de tudo o que aconteceu. A tua mãe era a mulher da minha vida!
— Não sofreste tanto quanto eu! Eu estava lá e vi-a morrer sem puder fazer nada! Às vezes, preferia ter morrido com ela.
— Não digas isso... — já chorávamos os dois.
— É o que sinto. Agora já sabes o que é perder uma mãe e praticamente não ter um pai...
Corri para o meu quarto para chorar tudo o que eu queria. Eu não queria chorar na frente dele.
Aliás, é muito difícil eu chorar à frente de alguém. Quando abri a porta, vi o Xiumin sentado na minha janela a olhar lá para fora mas nem liguei e atirei-me para a cama, virando-me para o lado contrário de onde ele estava.
— Sai daqui, por favor.
— Não queres conversar?
— Não, obrigada.
— Eu ouvi tudo.
— O quê? — levantei-me um pouco e olhei para ele- eu disse-te que queria falar com ele a sós! Confiei em ti!
— Alex... desculpa... eu não tenho culpa.
— Se não quisesses, não tinhas ouvido. Tens culpa sim. Saí daqui. Já!
— Alex... tu podes confiar em mim.
— Não, não posso. Traíste a minha confiança. Sai! Já disse para saíres!
Voltei a enfiar a minha cabeça na almofada e esperei ouvi-lo fechar porta para começar a chorar tudo aquilo que tinha guardado. Eu realmente posso garantir que é a melhor maneira de aliviar o stress.
Estive quase uma hora a chorar. E não conseguia parar. Eu estava tão magoada... e pensar na minha mãe não ajudava.
Mas o que mais me estava a partir o coração era ouvir o choro do quarto do meu pai.
Eu tinha feito o maior erro da minha vida.
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My Sweet Ghost | Xiumin
Fiksi PenggemarO que farias se te mudasses para uma casa onde vive um espírito? Alex nunca pensou ficar tão ligada a um ser sobrenatural. ✅ CONCLUIDA ➼ copyright © xisweet 2018 | todos os direitos reservados