✖️ Capítulo 13 ✖️

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Fiquei no quarto o resto da tarde a estudar a ver se me distraía um pouco dos meus problemas.

Um deles foi resolvido ainda esta manhã. Isto de me refugiar nos estudos já é um hábito bastante antigo.

Mas também os problemas são sempre os mesmos. O meu pai.

Eu sei que ele se refugia muito no trabalho, mas não justifica trocar o pouco tempo que tem com a filha pelo trabalho. Eu preciso bastante dele e não sei se ele sabe disso. E ele também precisa muito de mim, pois ambos sofremos muito com a morte da minha mãe e acho que devemos nos apoiar um ao outro.

Mas ele, com o passar dos anos, parece que esta cada vez mais distante. E eu, com o passar dos anos, sinto-me cada vez mais sozinha. Apesar de agora já não passar os dias aborrecida e deprimida, o meu pai faz-me falta.

E de hoje não escapa. Eu quero que ele saiba tudo aquilo que estou a sentir. Pode ser que alguma coisa mude. Mas eu também vou ter cuidado com a maneira com que lhe vou dizer as coisas. Não o quero magoar nem ser rude, mas eu tenho a sensação que não me vou controlar. E tenho a certeza que me vou arrepender e direi alguma coisas que não quero.

Olhei para o telemóvel e vi que tinha uma mensagem do Connor.

Connor

Espero que saibas que tudo aquilo que aconteceu hoje foi verdadeiro. Eu realmente estou a gostar muito de ti. Nunca penses o contrário. Adoro-te 💝

Isto sim, ainda dá alguma felicidade à minha vida. Aquela mensagem fizera-me sorrir que nem uma parvinha.

Uma mensagem do Connor? — uma voz surgiu atrás de mim.

Credo! Que susto, Xiumin... já te tinha dito para não entrares no meu quarto assim. É a minha privacidade!

Desculpa... mas posso continuar aqui?

Pois... agora que já estás... e sim, era uma mensagem do Connor.

Voltei para os meus livros e, durante algum tempo, não foi dita qualquer palavra.

É bom ver-te feliz assim.

Sorri para mim e logo continuei o que estava a fazer.

Passou-se uma meia hora e eu já achava que o Xiumin já não estava ali. Mas ele voltou a falar e eu voltei a assustar-me.

O teu pai acabou de chegar.

Olhei para ele surpresa. Mas logo ouvi a porta da entrada bater. Levantei-me e foi em direção à porta.

Eu vou falar com ele. Por favor, quero falar com ele a sós.

Podes estar descansada.

Abri a porta do meu quarto e logo vi o meu pai com sacos de supermercado na mão, pousando-os em seguida em cima da bancada da cozinha. Fechei a porta e fui ter com ele.

Olá, meu amor — beijou-me a testa.

Olá.

Está tudo bem? — ele arrumava às compras enquanto falava comigo.

Achas que sim? — ele parou o que estava a fazer e olhou para mim.

O que é que se passa, Alex?

O que é que se passa? Prometeste-me que íamos passar o fim de semana juntos. Tu prometeste!

— Eu sei... desculpa... não volta a acontecer...

Não digas isso quando sabes que não vais cumprir! Há quase oito anos que ouço a mesma coisa! Há quase oito anos que ouço as mesmo desculpas mas a verdade é que volta sempre a acontecer! Tu achas que eu não tenho motivos para não estar bem?

Eu sei que não tenho te dado a atenção que devias mas sabes que a minha profissão também não permite que esteja tanto tempo em casa. E como também já tens quase dezoito anos, já não me preocupo muito eu deixar-te aqui sozinha.

A minha idade não tem nada a ver. Mudámos-nos para esta cidade há pouco tempo, eu não conheço ninguém. Eu sinto-me sozinha pai! Sabes muito bem que eu não tenho muita facilidade em fazer amigos. Eles não gostam de pessoas como eu...

E achas que eu não me sinto sozinho? Eu admito que me refugiu no trabalho um pouco por causa de tudo o que aconteceu. A tua mãe era a mulher da minha vida!

Não sofreste tanto quanto eu! Eu estava lá e vi-a morrer sem puder fazer nada! Às vezes, preferia ter morrido com ela.

Não digas isso... — já chorávamos os dois.

É o que sinto. Agora já sabes o que é perder uma mãe e praticamente não ter um pai...

Corri para o meu quarto para chorar tudo o que eu queria. Eu não queria chorar na frente dele.

Aliás, é muito difícil eu chorar à frente de alguém. Quando abri a porta, vi o Xiumin sentado na minha janela a olhar lá para fora mas nem liguei e atirei-me para a cama, virando-me para o lado contrário de onde ele estava.

Sai daqui, por favor.

Não queres conversar?

Não, obrigada.

Eu ouvi tudo.

O quê? — levantei-me um pouco e olhei para ele- eu disse-te que queria falar com ele a sós! Confiei em ti!

Alex... desculpa... eu não tenho culpa.

Se não quisesses, não tinhas ouvido. Tens culpa sim. Saí daqui. Já!

Alex... tu podes confiar em mim.

Não, não posso. Traíste a minha confiança. Sai! Já disse para saíres!

Voltei a enfiar a minha cabeça na almofada e esperei ouvi-lo fechar porta para começar a chorar tudo aquilo que tinha guardado. Eu realmente posso garantir que é a melhor maneira de aliviar o stress.

Estive quase uma hora a chorar. E não conseguia parar. Eu estava tão magoada... e pensar na minha mãe não ajudava.

Mas o que mais me estava a partir o coração era ouvir o choro do quarto do meu pai.

Eu tinha feito o maior erro da minha vida.

My Sweet Ghost | XiuminOnde histórias criam vida. Descubra agora