Capítulo 37

822 76 12
                                    

Isa on


A alguns dias, minha mãe me pediu para que eu saíssem da vista do Th. Ela me mandou para uma casa bem longe do morro, mais não vi ninguém até agora e não faço a mínima ideia de onde o meu irmão possa estar.

Vou para cozinhar comer alguma coisa e acabo ouvindo o som da porta abrindo, pego uma faca e me escondo atrás do balcão, fico atenta a qualquer coisa.

Escuto uma voz familiar e fico mais aliviada do que imaginava, fica de pé e meus olhos encontram os dele, o encaro de cima a baixo e sua cara não estava lá das melhores. Volto a me movimentar pela cozinha como se ele não estivesse ali, percebo que ele faz o mesmo e não menciona uma palavra se quer a mim. Quando me viro, dou de cara em seu peito, vejo ele segurar a risada e isso me irrita.

Cadu: Não vai falar comigo ?- ele sorri.

Isa: O que você faz aqui ?- reviro os olhos e me afasto.

Tento não dar muita bola pra ele e ignora lo mas algo dentro de mim se recusava a fazer isso, é como se eu tivesse a necessidade que quebrar a cara com as pessoas.

Cadu: Eu teria vindo antes mas as ordens da sua mãe foram bem claras, eu só deveria vim te buscar quando o Léo e nem o Th fossem mais uma ameaça para você e seu irmão.- ele da de ombros.

Isa: Entendi.- finjo não estar curiosa no assunto quando na verdade eu morrendo de curiosidade.

Vou pra sala e me sento no sofá, tento ignorar a presença do Cadu que vem logo atrás. Minha mente e meu coração parecem gritar um com o outro, numa guerra onde um sairia ferido ou os dois. Lembro de quantas vezes meu coração gritou de saudade pelo Cadu em meio a madrugada, quantas lágrimas se foram ao lembrar dos momentos ao lado dele e de como ele me fazia bem.

Cadu: Precisamos conversar, não acha ?- ele se senta de frente para mim.

Isa: Talvez.- dou de ombros e encaro o chão.

Realmente precisavamos conversar, ter uma conversa madura. Tento acalmar essa briga que ocorre dentro de mim para que eu possa me concentrar nessa nossa conversa.

Cadu: Assim como você eu sei que errei, mais eu fiz o máximo para tentar o meu erro e te mostrar que já não sou mais aquele cara que antes era envolvido com o Th.- ele faz uma pausa e passa as mãos pelos cabelos.- Pow tio, eu conversei com tua mãe e ela confiou em mim pra te manter segura e não tem um dia que eu não pense em você e em como te quer ter em meus braços, sei que você esta passando por um momento difícil, a separação dos seus pais, sua mãe com outra pessoa, a morte do th e do léo que a tua mãe ainda ta tramando. Deixa eu ser teu ponto de paz morena, deixa eu te fazer feliz em meio a esse caos, deixa eu te amar e fazer tu se sentir amada, deixa eu te mimar, cuidar e te proteger. Eu sou louco por você, to amarradão na tua, me da uma chance isa- ele se ajoelha na minha frente com os olhos lacrimejando.- Eu te amo menina.

Fico em silêncio por alguns minutos processando tudo o que havia saído, meu coração batia rápido e minha mente se passava um turbilhão de pensamentos. Eu sabia o que dizer mas não sabia se queria o se estava pronta pra dize las, ele continua a me encarar esperando uma resposta e aos  poucos eu vou me esforçar para me abrir o máximo com ele e ser o mais sincera possível e ser sincera comigo mesmo.

Isa: Não vou dizer que não quero te dar uma chance mas eu não estou preparada, minha vida está de ponta a cabeça e você já pisou na bola. Se você diz que pode fazer tudo isso por mim, me conquiste do jeito certo e me mostre que você quer fazer isso, me mostra que você me quer.-seguro a mão dele e olho no fundo dos olhos dele.- Não me leve a mal, não é o momento ideal para me entregar a alguém. Cadu, eu gosto de você, sinto sua falta, sinto mesmo mas eu tenho coisas maiores para me preocupar, então por favor, deixe a poeira baixar e minha vida se ajeitar e então a gente vê como ficaremos.- Dou um sorriso leve e ele apenas concorda com a cabeça.

Ele levanta e me d um beijo na testa, me abraça e ficamos ali por um longo tempo. Ele pediu para que eu ajeitasse minhas coisas para voltar para casa, vou ajeitando tudo direitinho e eu começo a pensar em como a minha vida havia mudado, em tão poucos meses eu tinha perdido tanta coisa, tantas pessoas. A separação dos meus pais me abalaram tanto, dói tanto saber que não vamos mais nos ver todo dia, que não verei meu pai reclamando de manhã por ter acordado cedo quando podia acordar tarde ou dele bravo com algum vaporzinho, não veria mais meus pais sorrindo um pro outro com o olhar tão apaixonado e isso me doía, minha família estaria dividida. E tem a morte do meu irmão que na verdade é um verme e que vou ter o prazer de ve ló morrer. A dor da perda dos meus entes queridos ainda é tão recente, perder minha prima Julia e meu padrinho Gui foi enorme, sinto tanta falta deles e as vezes eu não sei lidar com a ausência deles, as vezes a saudade é tão grande que transborda em lágrimas e gritos sufocantes. Era em momentos como esses que eu me sentia tão fraca e sozinha mais eu entendi que não sei dizer adeus, não consigo me despedir e que muitas vezes eu nem tenho a oportunidade de tentar me  despedir das pessoas  e isso me dói. Minha vida mudou e nesse momento eu não sei se foi pra melhor ou pra pior, espero que tenha algo que me mostre que tudo isso vai mudar pra melhorar e o que eu quero dizer é que eu amava tanto minha vida antiga que talvez eu tenha medo do que esta por vir, tenho medo de não ser tão feliz como era antes, tenho medo do futuro e o que ele guarda para mim e para a minha família.

Dou uma última olhada na casa onde eu estava escondida, logo atrás estava o Cadu segurando uma das minhas malas e ele sorria para mim.  Entro no carro e damos partida rumo para o morro, observo tudo da janela pensando no que o futuro prepara para mim.

Amor e Odio   2°tempOnde histórias criam vida. Descubra agora