Lua on
Ando pelas ruas de Londres distraída, me torturando com perguntas sem respostas. Fico pensando em como ele está, se ainda sente raiva ou mágoa de mim. Não deixo de pensar nele um dia se quer, sou incapaz de apagar nossas fotos e conversas, me recusando a esquecer tudo que já vivemos, tentando acreditar que isso não vá acabar desse jeito.
Sento em um banco solitário, a noite gélida londrina deixa minhas bochechas coradas e esfrego minhas mãos nela, numa tentativa para aquece-las. O inverno chegou aqui em Newcastle, meu celular vibra e meu coração bate forte com a esperança que seja uma mensagem dele. Sinto toda aquela esperança escorrer entre meus dedos e um aperto no coração, me sinto um pouco desapontada por não ser Arthur o dono da mensagem e sim a minha mãe querendo saber se eu já me interessei por algum inglês filhinho de papai.
Abro a galeria e começo a olhar nossas fotos desde que nos conhecemos na pista de corrida até a última onde nos vimos pela última vez.
A lembrança de cada beijo passa como um filme em minha mente me fazendo sorrir feito boba, com toda certeza quem passasse na minha frente me acharia louca. Eu realmente o amava, isso eu jamais poderia negar. Apenas não queria que nossa história acabasse assim. Durante todos os meus meses ao lado dele, fiz de tudo para não magoar ele mas ao mesmo tempo tive medo de enfrentar meus pais e acabei colocando um fim na gente.
A lembrança amarga e dolorosa me faz querer encolher e chorar mas contenho os olhos lacrimejados . Uma das fotos me chama a atenção, ela foi tirada enquanto nos fugíamos de todos, viajando pelo mundo. Conhecendo praias desertas e encantadoras, cidades movimentadas e iluminadas.. Nessa foto, íamos para uma festa de um cara muito rico, estávamos de penetra, Arthur disse que deveríamos nos aventurar nela e comer o quanto puder de cada comida chique metida a besta.
Levanto dali e vou para o bar do outro lado da rua. Assim que eu entro, sou recebida calorosamente pelo ambiente quentinho. O bar estava repleto de pessoas jovens, aposto que a maioria está na faculdade, assim como eu. Todos parecem relaxados e despreocupados com a vida lá fora. Nesse momento a coisa mais importante para eles deve ser quem bebe mais e quem terá as melhores histórias sobre a faculdade para contar ao seus filhos.
Vou até o bancada, desviado das meninas que dançam ao som de uma música de origem britânica. Sento na bancada e antes de fazer o meu pedido, observo o local. O lugar era aconchegante, tinha um visual rústico. O chão e o teto era de madeira enquanto as paredes eram de tijolos bem clarinhos, deixando o ambiente leve e acolhedor. Penso em Arthur, ele com certeza faria piadas sobre esse lugar, ele ia adorar aqui.
Lua: Uma rodada da Newcastle.- peço e o homem logo me entrega a cerveja.
Ele diz algo que não entendo muito bem, eu estava aérea demais para prestar a atenção no que ele dizia com seu sotaque muito charmoso e elegante.
Tomo um gole e a bebida desce gelada em minha garganta. Meu corpo sente a bebida gelada e acaba reagindo de forma peculiar, me encolho na tentativa de absorver o calor do lugar.
Eu não fazia ideia de quantas bebidas eu já tinha tomado, mas sabia que tomei o suficiente para ver tudo girar a minha volta. Eu tentava reprimir o riso que crescia dentro de mim, pego o celular e entro na minha conversa com o Arthur, releio quase toda ela e acabo ligando sem querer.
Ligação on
Arthur: Alô ?- diz meio sonolento depois de atender no terceiro toque e faz meu coração palpitar. Posso ouvir sua respiração e isso tem um efeito enorme sobre mim, sinto que estou preenchendo o espaço vazio dentro de mim.
Lua: V-você ainda me ama ?- digo com a voz enrolada, fraquejando. Mordo os lábios e faço o máximo de força para conter as lágrimas que ameaçam cair.
Arthur: Lua ? Você ta... bêbada ?- por mais hesitante que ele esteja hesitante, posso ver a preocupação na sua voz.
Lua: Você não me ama mais, n-não respondeu minha pergunta.- a dor na minha voz me deixa ainda mais triste. Cambaleando eu saio do bar, ainda ao telefone com ele. Sua respiração está pesada, ele não diz nada mas eu sei que ele está ali.
Arthur: Onde você está ? Tem alguém com você para te ajudar ?
Lua: Eu vou ficar bem.- desligo.
Ligação off
As lágrimas caem, meu coração está em partido em mil pedacinhos minúsculos, virando pó. A dor é agonizante, deixo toda a angustia tomar conta de mim. Deixando tudo aquilo que antes me sufoca, sair.
Enquanto ando pela rua, naquela noite solitária e fria. As pessoas me olham, sentindo pena por me verem em um estado tão deplorável. Eu precisava me livrar desse sentimento horrível que me maltrata.
Minha mãe sempre me dizia que eu não poderia me apaixonar por um homem como ele, mas eu acabei me apaixonando. Eu me apaixonei por ele, justamente ele, com tantos cara no mundo. Foi ele que meu coração escolheu se entregar e minha família escolheu se desfazer ele. Entro no meu apartamento, o efeito do álcool esta passando mas o efeito da saudade só está começando. Deslizo pela parede, até o chão, onde eu me encolho abraçando minhas pernas. Encolhida no chão frio, me esforço para afastar qualquer pensamento que me leve as lembranças com o Arthur. Para as nossas promessas, nossos segredos e nossos planos para o futuro. As lembranças se recusam a ir, então eu as deixo me encobrir como um cobertor doloroso e ao mesmo tempo cheio de sentimentos tão bons.
Lua: Eu te amo, Arthur.- sussurro para mim mesmo.- Mais terei que abrir mão de você. Não importa o quão doloroso isso possa ser, eu terei que te arrancar do meu coração a qualquer custo e seguir minha vida.- digo limpando as lágrimas e tento acreditar em minhas próprias palavras.
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Amor e Odio 2°temp
Teen Fiction17 anos se passaram e Heloisa e Grego continuam firme e forte depois de terem passado por tantos altos e baixos. Agora já mais velhos e com filhos eles vão enfrentar ainda mais problemas em relação ao morro e até mesmo problemas com suas vidas pesso...