Capítulo 50

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Helo on

Sinto uma vontade enorme de comer batata frita com bastante ketchup e mostarda junto de um copão de suco de laranja natural que só tem no mercadinho do seu Jorge. Coloco meu chinelo e vou pra lá já com água na boca de pensar em saborear minhas batatas fritas feita pelo seu Jorge.

Quando chego lá, meu sorriso vai de orelha a orelha. Procuro pelo seu Jorge mais não há nenhum sinal do bom velhinho. Meio perdida em meio a tantas prateleiras com um monte de comida deliciosa, sinto o cheiro de pão doce feito na hora. Vou até a padaria no fundo do mercado e vejo alguém de costas arrumando o pão feito na hora para vender. Até que é bonitinho e logo me sinto tola por pensar isso. Quando vejo a cara de surpresa estampada em seu rosto, mordo os lábios para conter o sorriso.

Não imaginava que ele estava trabalhando para o seu Jorge. Ele me encara desconfiado, abre a boca dezenas de vezes para dizer algo mas sempre desiste. Respiro fundo e reúno forças para dizer o que eu realmente vim fazer aqui.

Helo: Onde está seu Jorge ?- minha voz soa suave.

Grego: Ele está doente e acabou se afastando um pouco do mercado.- da de ombros e volta a se concentrar em seu serviço. Sua respiração está pesada, não deixo de notar que ele me observa de canto de olho.- No que posso te ajudar ?- diz dando as costas para mim

Helo: Queria saber se o seu Jorge ainda frita batata frita.- sento na bancada onde os clientes desocupados costumam sentar para apreciar as maravilhas da padaria do seu Jorge.

Grego: Frita. É pra agora ou pra viagem ?- diz de um jeito formal, quase não reconheço seu tom de voz.

Helo: Pra agora, por favor.- digo e no mesmo segundo ele desaparece me deixando só.

Eu não podia acreditar no quanto ele estava mudado. Confesso que fiquei surpresa ao ver ele trabalhando justo aqui, aparentava um ar tão maduro, mais humilde  e até mais bonito. Ele estava tão diferente e ao mesmo tempo era o mesmo de anos atrás. Não fiquei abalada e muito menos senti recaídas, fico feliz em saber que minha vida já não gira mais em torno do meu drama amoroso com o Henrique.

Eu já estava dois meses de gravidez e todos do morro já sabiam, não era de se surpreender. Magrin fez questão de espalhar para os quatro cantos do mundo que vai ser pai, não ficaria se o Henrique soubesse e que muito menos quisesse tocar no assunto.

Estava tão perdida em pensamentos que nem percebi quando o Henrique voltou com uma cestinha cheia de batata frita, ele coloca os recipiente de ketchup, mostarda, cheddar e maionese. A batata já estava com sal e antes de que eu caia naquela tentação não posso deixar de notar o Henrique me observar, seus olhos entregam que ele andavam carregando um fardo em seus ombros mas mesmo assim sorria.

Helo: Poderia fazer um suco de laranja para mim ?- peço enquanto me concentro em minha batatas, ele apenas assente e some novamente.

Me delicio com minhas batatas, eu parecia uma criança que ganhou um doce e comia ele com tamanha vontade. Logo meu suco chega e eu apenas sorrio para ele. Continuo a beber e comer em silencio, sem me importar em como minha boca e meus dedos melados de  ketchup e mostarda. De alguma forma, aquele silêncio me incomodava e parecia não incomodar só a mim.

Grego: Como anda você e o Magrin ?- diz de forma tranquila. Tento achar qualquer sinal de amargura ou deboche, mas não há.

Helo: Vamos bem. E você ? Esta namorando ? Como vai a vida ?- digo enquanto limpo meus dedos e minha boca.

Grego: Estou tentando focar em outra coisa que não envolva minha vida amorosa, aliás, minha vida vai bem. - ele sorri e eu fico feliz em saber que ele esta bem.- Sem contar que eu descobri meu talento para cozinhar. E não adianta negar, eu vi como estava se acabando na minha batata.- sorri orgulhoso e isso me provoca risos.

Helo: Por que não terminei com você antes ? Quando estávamos juntos você conseguia queimar até água.- digo e vejo seu semblante fechar e depois um sorriso amargurado aparecer em seu rosto.

De repente o Henrique fica sério e eu não entendo o motivo. Quando sinto uma mão massagear meus ombros e sinto sua respiração em meu pescoço, descubro o motivo da mudança de humor do Henrique. Magrin se senta ao meu lado e pega uma das poucas batatas que sobraram, ele sorri e pousa sua mão em minha coxa. Ele não conseguia disfarçar a cara de cu que ele estava e o grande incomodo de ver eu conversar com meu ex marido.

Magrin: Finalmente te encontrei, deveria ter te procurado aqui primeiro.- diz fazendo careta e depois sorri.- Queria te contar uma coisa, mais acho melhor quando chegar em casa.- de forma discreta ele encara o Henrique que tenta se ocupar e não direcionar seus olhos até a gente.

Helo: Já estava indo embora mesmo, pode me contar durante o caminho até em casa.- De certa forma, tento não demonstrar o quanto estou desconfortável com essa situação.

Magrin: Henrique ?- ele o chama e nesse momento eu fico perplexa. Não sabia o que ele faria e isso me deixava ainda mais desconfortável.- Poderia fazer mais algumas batatas pra viagem, por favor ? Elas estão muito boas. Aqui está o dinheiro.- Com gentileza ele coloca uma nota de 20 reais em cima do balcão. Fico impressionada da forma que ele dirigiu ao Henrique, meu peito se enche de orgulho dele e seguro sua mão.

Vejo o Henrique olhar para ele surpreso com sua gentileza, sem falar nada ele apenas força um sorriso e assente.

Fico pensando em como agiria se e estivesse no lugar do magrin. Será que eu teria toda essa maturidade ? Será que eu seria tão boa quanto ele ? Eu o admiro como homem, me apaixono cada dia mais por ele.  É incrível a forma que ele tem, toda a garra e determinação. A forma em como ele lida com coisas tão difíceis de lidar.

Quando chegamos em casa, tenho uma enorme surpresa. Meus olhos enchem de lágrimas de felicidade, meu coração da piruetas e eu me pergunto se sou capaz de lidar com tanta emoção. Vejo o Arthur sorrir de forma sapeca parado diante de mim enquanto a Lua não perde tempo e de forma eufórica corre para os meus braços. Recebo minha nora de braços abertos e a aperto bem forte. Eu tinha um enorme carinho por ela, aliás, ela faz do meu filho um homem cada dia melhor. Depois que me separo da minha nora, fico admirada ao ver meu filho cumprimentar o Magrin de forma tão íntima, cheio de apertos de mãos e abraços. Um parabeniza o outro por algum motivo que eu ainda não sei mas quando me aproximo eles se calam de imediato. Desconfiada olho para os dois que não se esforçam para esconder os sorrisos travessos. Meu filho me abraça com força e depois acaricia minha barriga, dizendo amar muito o irmão ou a irmã que ainda não conhece. Meu filho e meu marido me envolvem um abraço maravilhoso e eu novamente me sinto grata por tudo que Deus me deu.

Amor e Odio   2°tempOnde histórias criam vida. Descubra agora