Capítulo 67

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Isa On

Chegou a minha parte favorita do ano, o fim dele. Onde acontecia as maiores festas pela cidade e é claro, aqui no morro. Uma delas, era a festas de fim de ano que minha prima Babi fazia. Era uma forma de nos despedir de mais um ano das nossas vidas e refletir que nossa juventude está nos deixando. Estamos crescendo, em breve a vida adulta vai bater na porta de cada um de nós e eu me pergunto se é adequado pular a janela ou se seria mais educado eu apenas ignorar a vida batendo a minha porta.

Marquei de encontrar com a Babi no shopping, eu não tinha nenhuma roupa para usar na festa dela hoje a noite. Eu não podia fazer feio já que a festa dela era a que abria as festas de fim de ano.

Eu me sentia estranha, jamais fui para uma festa sem minha prima Ju. Ela sempre me acompanhava em todas as festas, mesmo que ela estivesse com vontade zero de ir em qualquer uma delas. Era estranho festejar sem ela, sem a animação dela e ouvir ela sempre dar a mesma desculpa para todo cara gato que pedia para ficar com ela. Julia sempre dizia "tenho namorado" a todos eles e eu me segurava para não rir, ela levava essa história de namorado tão a sério que já chegou a falar milhões de vezes dele para mim mas nunca chegou a me apresentar o cara de sorte. Eu o chamava de "homem invisível" o que a fazia subir pelas paredes e dar surtos muito hilários.

De longe eu vejo a cabeleira loura da Babi e dou um sorriso forçado, não queria que ela me perguntasse nada sobre meus pensamentos cheios de saudades e melancolia por aqueles que  foram tirados de nós esse ano.

Babi: Espero que você esteja pronta para gastar, porque só volto para casa quando eu comprar metade do shopping- diz animada e eu sorrio.

Eu provava um cropped preto simples de alcinha, nada de muito extravagante, deixei isso para a calça. Junto com o cropped, eu experimentava uma calça jeans de lavagem clara, cheia de rasgos bem chamativos o que eu adorava. Eu estava me sentindo uma deusa naquela roupa e não perco a oportunidade de tirar uma foto e postar aquela fotinho básica no provador nas redes sociais.

 Troca o disco por favor, foi um lance e não amor.

Assim que posto a foto, minha prima não perde a oportunidade de ser a primeira a comentar e é claro, fazer o que sabe de melhor

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Assim que posto a foto, minha prima não perde a oportunidade de ser a primeira a comentar e é claro, fazer o que sabe de melhor. Falar merda. Apenas rio do seu comentário maldoso e engraçado na minha foto dizendo : "Você tem que comprar a roupa primeiro e depois postar foto com ela priminha" , o que atrai muitos "haha" no seu comentário.

No fim das contas, minha prima realmente comprou metade do shopping enquanto eu só comprei aquela roupa mesmo e decidir usar hoje com a minha jaqueta de couro preta.

(. . .)

Os primos estão reunidos em volta de uma mesa redonda, onde se encontra várias bebidas ao redor da mesa, estando uma do lado da outra e uma garrafa vazia no centro. Era uma tradição idiota e ao mesmo tempo divertida, deixava a gente no pique de festa antes mesmo da festa. Olho para meu irmão que está de cara fechada e eu não faço a mínima ideia do porque ele esta assim, já que ele sempre foi o mais animado e assanhado da turma.

Ele gira a garrafa e acaba ficando um uma smirnoff ice de limão, ele bebe tudo em apenas dois goles e todos vão a loucura

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Ele gira a garrafa e acaba ficando um uma smirnoff ice de limão, ele bebe tudo em apenas dois goles e todos vão a loucura. Depois dele vai a Babi, em seguida o Felipe... já é minha vez, sou a última a ir e torço para não cair em vodka pura, tudo menos vodka. Giro a garrafa e ela gira, gira e acaba apontando pra vodka. Amaldiçoou aquela garrafa e sinto o líquido transparente descer seco e ardente pela minha garganta, reprimo a careta e forço um sorriso.

Os convidados vão chegando, todos estão acomodados com suas bebidas e companhias. As pessoas dançam enlouquecidamente sob a batida da música estrondosa que não reconheço. Me sinto deslocada, o que não é normal para mim e vejo meu irmão mais a frente. Pela sua expressão, deve estar se sentindo como eu.

Vou até o Arthur, ele segura uma cerveja na mão e suspeito que esteja segurando aquela cerveja a um bom tempo, deixando ela quente e ruim.

Isa: Quem diria, os irmãos Queiroz em uma festa que não estão agindo como adolescentes insolentes e rebeldes.- dou de ombros e ele abre um sorriso.

Arthur: Por mais que a Babi e todo o resto tente fazer isso parecer o que era antes, sabemos que não é.- ele suspira tristonho.- Já não é a mesma coisa. A Júlia não está aqui, os tempos mudaram e não podemos fazer nada para mudar isso a não ser seguir em frente.- sua voz sai embargada e eu encaro seus olhos. Eu sei que ele está se segurando para não desabar e chorar, ele ainda não tinha superado a ida da Lua.

Por alguns instantes eu fico em silêncio, sem saber o que dizer ou fazer. Olho ao redor e vejo todos rirem, dançar e viver suas vidas e por um segundo, eles parecem ser perfeitos com suas vidas perfeitas quando na verdade todos estamos bem longe da perfeição. A diferença é que alguns de nós sabemos esconder nossas dores  e amarguras melhor que do que as outras.

Isa: Uma vez, a mamãe me disse que não importa o quanto a dor e a ausência tente nos sufocar. Se não aprendermos a lidar com ela, ela poderá causar nossa ruína nos transformando naquilo que mais tememos. Agora vejo que ela está certa, estamos deixando a mudança nos abalar, estamos nos entregando ao medo. Medo de um futuro diferente, um futuro que jamais imaginamos sem a pessoas que amamos. Isso não significa que o futuro será ruim, a não ser que não façamos nada para mudar.- eu encaro seus olhos, ele me ouve com toda a atenção e pela primeira me vez eu sei como ele se sente em relação a ser o irmão mais velho. Proteger o mais novo e dar exemplo, desejar somente o bem.- Por uma noite, vamos esquecer tudo isso que nos vem atormentando nos últimos meses, vamos nos entregar a loucura nesta noite e por uma noite, nos embebedar ao lado das mudanças.- sorrio e puxo meu irmão para a pista de dança.

Pela primeira vez em anos, é como se estivessemos voltado a ser crianças inocentes e levadas. Protegendo um ao outro mesmo com todas as provocações.

Meus primos se reúnem a mim e ao meu irmão, enchendo nossas bocas de whisky e de piadas idiotas, lembranças antigas e hilárias. Um momento que jamais será esquecido, uma lembrança valiosa demais para deixar despercebida, agarro esse momento com unhas e dentes e o aproveito. Vivo como se não houvesse amanhã.

Começa a tocar "undiscovered"  e deixo as batidas me envolverem, deixo a letra da música me embriagar. Naquele momento, olho para a minha família. Unida depois de tantas brigas idiotas, de tantos altos e baixos que já passamos juntos e mesmo assim, continuamos ao lado um do outro.

Sorrio com o momento e danço loucamente, pulando junto deles derrubando a bebidas em nós. Eu queria, eu precisava vivenciar essa noite como se fosse a última. Porque eu sentia que ela realmente seria a última e que as coisas jamais seriam como antes, e por mais que eu não admitisse, isso me aterrorizava.

MEUS AMORES, ESTE É O PENÚLTIMO CAPÍTULO DO LIVRO. ISSO MESMO, O PENÚLTIMO. AGORA TEMOS APENAS O ÚLTIMO E O EPÍLOGO E EM BREVE ESTAREMOS JUNTOS NOVAMENTE COM A TERCEIRA TEMPORADA DE AMOR E ÓDIO.

Amor e Odio   2°tempOnde histórias criam vida. Descubra agora