Capítulo 53

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Grego On

A situação era estranha, eu olhava para o chão enquanto Magrin mantinha seu olhar sobre mim. Não vou negar, a situação era constrangedora e desconfortável. Não fazíamos ideia de como chegamos aqui ou de onde estamos e isso torna tudo pior.

Sinto que se ele pudesse, me matava apenas com o seu olhar. Não conseguia entender seu olhar, era tão neutro e isso me deixava irritado. Cada minuto que se passa fica tudo ainda pior, cansado de encarar o chão, volto meu olhar para o Magrin que parece dizer alguma coisa mas antes que ele fale, a porta é aberta bruscamente e me sinto atordoado. Luane.

Ela chega com um sorriso medonho e satisfatório, atrás dela vem mais dois homens e um deles seguram uma pessoa. Reconheço no mesmo instante. Heloisa. Ela estava vendada e com as mãos amarradas com força, um dos caras colocam uma cadeira e sentam a heloisa que continua vendada. Confuso olho para o Magrin que tem a carregada a mesma expressão que eu.

Luane: Olá meu amor - ela diz enquanto passa suas garras em meu rosto.- Achei melhor a gente descontrair um pouco e sei lá, jogar um joguinho.

Grego: O que ela faz aqui ?- digo falando da helo, que mesmo não nos vendo pode nos escutar.

Luane: Ela faz parte do jogo.- ela da um sorriso maldoso e seus olhos chegam a brilhar

Grego: O que você quer ?- vocifero e ela se assusta com meu tom de voz.

Luane: Olha como fala comigo benzinho, não vai querer que pessoas que você ama se machuquem não é mesmo ?- ela olha para a helo com um olhar perverso.- Bate nela, agora !

Sem entender nada, fico olhando para ela. Helo estava imóvel, um dos capangas tira a sua venda e nossos olhares se cruzam, seu olhar estava neutro. Ela parecia tão forte e intocável.

Luane: Bate agora ou a sua filha vai apanhar no lugar dela !- ela rosna impaciente e eu respiro fundo.

Olho para a Helo que pede para que eu faça o que ela mandou, me aproximo dela e respiro fundo mais uma vez criando coragem. Seus lábios sussurram "vai" e eu apenas concordo, eu sabia que estava com medo mas diferente de mim ela jamais demonstraria, manteria a pose de forte até o último segundo. O Magrin encara tudo, ele estava pálido, atordoado com toda aquela situação mas a Luane estava amando. Vadia desgraçada. Antes de bater no rosto dela, vejo ela soltar um palavrão que por pouco não ouvi, procuro de onde vem a dor até notar que sua perna estava mal enfaixada estava sangrando.

De olhos fechados eu dou um soco na sua ferida e ela tenta abafar o grito mordendo os lábios.

Luane: ISSO !- diz animada.- Agora sua vez.- diz apontando para o Magrin que a olhou assustado.

Os olhos da Helo estavam lacrimejando e ela pescava várias vezes para conter as lágrimas. Quando ele bate na cara dela mais sem muita força, Luane diz para nos revezar e isso me corrói por dentro, a cada vez que sou forçado bater nela, é como se eu mesmo estivesse me destruindo. A cada olhar de socorro que ela me dava, era um aperto no meu coração. Eu faria tudo para livrar ela desse sofrimento, de estar no lugar dela. Eu não aguentava ver a mulher que eu ainda amo sofrer nas minhas mãos, ela estava tão ensanguentada, quase inconsciente.

Luane se aproximou dela e puxou seu cabelo, nesse momento quase eu vou pra cima daquela vadia demoníaca mas para minha surpresa, magrin me segura e sibila "pode piorar as coisas para ela" se referindo a helo. Vejo as lágrimas caírem de seu rosto e ela reclamar de dor.

Luane: Isso foi só o começo vadia.- ela rosna e cospe na cara da helo.

Se minha ex esposa estivesse com forças, com toda certeza a Luane era uma mulher morta.

(. . .)

Magrin estava em um canto, isolado e eu aposto que estava pensando no que fez, aliás, eu também estava.

Grego: Fizemos o certo.- sussurro mais para mim do que para ele.

Magrin: Acho que temos visões bem diferentes do que é "certo"- ele da de ombros

Grego: O que você quer dizer ?- digo confuso.

Magrin: Não é certo se machucamos outra pessoa apenas para manter a outra bem.- ele me encara, seus olhos estavam vermelhos. Eu nem se quer percebi que ele estava chorando.

Fico em silêncio, pensando em suas palavras. Fico pensando no que estariam fazendo com a helo nesse momento, será que minha família está bem ? Meus pensamentos me deixam inquieto. Nunca pensei que um dia chegaríamos nesse ponto.

Minha vida parecia tão errada, eu perdi tanta coisa que eu achei que jamais perderia. Por uma mentira que guardei a 17 anos, perdi a minha mulher. Por minhas atitudes egoísta, perdi meus filhos. Pelo meu eco, perdi o respeito dos meus amigos. Confesso que quando a heloisa dormiu comigo pela a última vez, tive uma pequena esperança que fôssemos voltar. Mas não voltamos e isso de alguma forma me destruiu. Mais ver ela feliz com alguém que realmente ela mereça, é algo que não tem preço.  A felicidade dela, é a minha. Aos poucos fui conquistando meus filhos e os meus amigos novamente.

Por mais que eu não tente pensar na helo, eu não consigo. O silêncio é uma tortura, eu só quero sair daqui com todos vivos e bem. Preciso de um plano, mas nada aqui poderia ajudar a favor de uma fuga ou de um combate. Vejo o Magrin se revirar no colchão, ele suave demais, se debatia e chamava pelo nome da helo. O coitado sofria tanto quanto eu, o amava muito e eu não sabia ainda como reagir isso. Eu não podia culpa-lo e muito menos o tratar mal. Aliás, ele jamais me fez alguma coisa de ruim.

As horas passavam, a fome estava me matando, Magrin estava calado como sempre e mantinha seus olhos fixos no chão. Eu não aguentava mais ficar aqui, minhas mãos ainda estavam um pouco sujas por causa da sangue da helo, isso era um fardo que eu teria que levar para o meu túmulo.  Eu só queria que isso fosse um pesadelo.

Já preparem os lencinhos porque o próximo cap será bem triste e cheio de emoções. Ansiosas ?

Amor e Odio   2°tempOnde histórias criam vida. Descubra agora