XXIII

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O morro tava um fervo, noite de baile só falta a putaria ser na rua, porque só por Deus fih

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O morro tava um fervo, noite de baile só falta a putaria ser na rua, porque só por Deus fih. A coisa fica loucona, doeira é pouco. É uma mina dançando pra três, e é novinho que encosta pa casa com mais de duas.

E fora isso pra me preocupar, tinha aquela bixa afrontosa, me encarando no veneno desde que chegou.

Os moleque, pra dá uma diferenciada ainda, só falava da desgraçada, e a fiah, sabendo que era alvo de atenção, se invocava ainda mais naqueles passinhos.

Minha única reação é fingir que tava tudo ma satisfação total, sem nada pra me preocupar, e principalmente, me controlar pra não ficar observando a mina feito um maluco, porque só por Deus, fih.

O lado bom da fita é que ela mexia o pé. Antes isso que a bunda. Se os Zé Coxinha já tava de queixo caído com os passinhos dela, imagina se descobrem o que ela sabe fazer com a bunda.

Tá repreendido e amarrado, cê é louco?!

— E ai, patrão — Negão deu o ar da graça

Dei risada quando olhei pra cara do molecoti.

— Ialá, acho que a Mariana esqueceu o batom dela na tua cara.

Negão sorriu, todo trabalhado nas intenção.

— Tinha que tirar o atraso né, patrão?

— E aquele papo de "só volto com tu se tu sai do corre"?

— Carne é fraca né mano, e eu não so nem doido de não tá a disposição das recaídas dela. Vossa tristeza é nossa alegria.

E o safado ainda pisco.

— Tá na envolvência então? Era dito e feito que ela ia cair no teu charme.

— Claro né patrão, so sedutor.

— Interessante — dei risada

— Patrão? — LP chegou apressado, roubando atenção

— Solta a fita — revirei os olhos já me levantando

— É tua mina patrão, a Geisa.

É o que?

Fiquei quieto, incentivando ele a continuar.

— O cana tá de tocaia na casa dela.

— Diacho que não aprende a lição — passei a mão no cabelo, impaciente

— E não para por ai, patrão — Negão se meteu — Geisa tá indo mais Mariana pro banheiro.

— Deu pra controlar quantas vezes as mina mija agora? Taquepariu, hein.

— É isso não, patrão. Problema é o BM e o LK indo atrás.

— QUE?!

Olhei pra baixo, e la tava os maldito esperando na porta do banheiro.

— Esses aí não são os drogadinho do asfalto? Aqueles que dão problema? — LP se meteu

— Esses merda mesmo. Bando de talarico.

Fui até a saída do camarote, olhei pro lado, nada.

Bufei.

— Tá esperando convite formal pra ir defender tua mina, Negão?

Quando desci, geral deu passagem.

Assim que eu gosto.

Eu podia não ser um monstro feito meu pai. Mas eu ajudava os moradores, e sabia castigar quem fazia por merecer.

— Qual foi de ficar babando ovo na minha mina, bando de Zé Ruela?

Direto mesmo, quem faz curva é chinelo de mãe.

— Tua mina? — Geisa chegou

Lá vai a barraqueira. Ô mina encrenca.

— Foi mal aí, LM, sabia que era tua fiel não — BM se apressou em responder, todo assustadinho

— Vai passar cebo nessa cara de pau, BM. Me passaram a visão que tu tá de envolvimento com as mina dos baile só pra roubar coisa pra bancar tuas drogas. Mais um B.O que eu ouvi a teu respeito, já sabe né tio? — apontei o dedo na cara do mesmo — Tu leva uma coça jamais avistada. Quer vir roubar no morro de bandido? Pega a visão que o coro come e tu nem vai saber de onde veio o soco.

BM engoliu a seco, todo quietinho. Olhei pro companheiro de aventuras do malandro, o tal do LK.

— E tu, malandro? Já peguei tua cena. Acreditei em tu naqueles teus papo de tá a fim da Larissa, mina responsa. Mas aí chega ao meu ouvido que além de fazer a vida da mina um inferno com esse teu nariz de pó ai, ai quer meter de machão de bater na mina dentro do meu morro? — me aproximei, no olhar fatal — Mais uma merda que eu ouvi a teu respeito, é tu que apanha nessa bosta. Se eu souber, sequer desconfiar — me aproximei ainda mais, semisserrando os olhos —  que tu tá fazendo mais mal pra mina que já faz, tu vira lanchinho de traficante, morô?

O moleque assentiu, se tremendo todo. Pra bater em mulher é a coragem, pra enfrentar as consequências fica todo na maria-mole.

— E tu — apontei pra Geisa, que acompanhava toda a situação — Vamo lá fora que eu quero bate um papo com tu — ela tentou abrir a boca — Tô te pedindo — a fiah ainda faz questão de soltar um suspiro todo cansado, bixa mais afrontosa tá pra nascer. Revirei os olhos — E tu — apontei pra Mariana — ouvi os boato de tu toda beba por aí. Te controla, Mariana, que depois é no ouvido do Negão aqui, que Dona Morena fala groseia.

Fui em direção a saída, quando do nada, sinto uma mão brotar no meu braço.

— Ei ei, que intimidade é essa doi... — paro assim que vejo Vanessa, toda chorona — Ué fiah, que que foi dessa vez?

— Eu... e-eu tô grávida LM — ela soltou

Arregalei os olhos.

— Só por Deus, fiah. Sabe de quem é a cria?

— É sobre isso que eu queria falar contigo, LM.

— Nem te inventa de dizer que é meu.

— Não é isso, LM. A criança é... ela é... é...

— Desembucha Vanessa. Eu hein, travou o disco. Tenho tempo não — fui me virando pra sair, vendo Geisa já na porta, olhando tudo já bem irritadinha.

Sorri. Olha o ciúmes.

Senti meu braço sendo puxado de novo.

— Que que é, Vanessa?

— O pai é o teu irmão.

Meu sorriso morreu

— É O QUE? — gritei, fazendo o baile parar

Vanessa agora não só chorava, soluçava

— Tu tá me dizendo que um pia de nem 16 anos na cara, é pai de um filho teu, Vanessa?! — falei mais baixo, procurando me acalmar, sentindo aos mãos de Geisa nas minhas costas. Ela veio assim que me viu gritar.

Vanessa, ainda chorando, só balançou a cabeça.

E o pior.

Confirmando.

DE VOLTA AO MORRO - EM REVISÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora