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- Ficou pequeno pra ti, né não, LM?

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- Ficou pequeno pra ti, né não, LM?

Negão parou frente a frente. O baile tinha acabado, e eu tava só largado.

- Tá de intimidade pro meu lado, Negão? Toma jeito que o que é meu é meu.

Me levanto, bolado com essa parada toda de virar  cara de respeito e ainda te que bater lero com folgado, sobre minha história.

- Ué, sossega ai, LM. Vim na paz. 

- Tá achando de que tem moral, Negão? - me virei pra ele - Tu não sabe nem cuidar da tua mina, quer me ensinar como cuidar da minha?

- Aew, abaixa a arma, mermão.

- Não tô pra papo, Negão.

- Percebi.

Bufei, voltando a me sentar.

- A mãe da Mariana veio com papo de elefante pra cima da Geisa também? - ele sentou do meu lado

Mexi no cabelo, impaciente.

- Coé a tua, Negão? Quer me mandar teus conselhos, 0800? Não tô desesperado, tá ligado?

- Tá pistola. E do jeito que tu tá, só Geisa te deixa. Levar isso com tu não é dahora. Põe pra fora ai.

- Virou psicologa, Negão? Te manda.

- Já que tu não tá pra papo, eu tô. Tô com saudade da pequena. Vi ela rebolando, cheia dos sorriso, dando moral pra Deus e o mundo. Tô ligado que é pra me atingir e me fazer mudar, mas não tô a pampa pra ficar lidando com essa pressão, saca? Ela quer me ver muda, e tal. Vê ela agir assim, nesse fluxo todo pra me abalar, não tá sendo bacana pra me dar motivo pra muda.

- Não te abala pelo que ela faz ou deixa te fazê, e se for pra muda, muda por ti e pelo que tu qué. Se tu decidir correr pelo certo, ela tem que te apoiar. Mas não muda porque ela te exige. Senão dá dois toque e tu tá lá. fazendo merda de novo. Aproveita esse meu conselho, é 0800.

Me levantei outra vez

-E eu achando que eu que te daria uma moral

- Tô ligado

- Mas fala aí, patrão. Se pra tu é tão fácil saber os rumo que vai tomar, tá perdendo tempo por quê?

- Dá teu tempo, logo  tu descobre, Negão. Fica ciente.

- Tá indo falar com ela?

- Ela não tá aqui, Negão. Tá sabendo não. Notícia corre pelo morro. Ela tá na casa do Guilherme.

- Tá não. Sou doido mas não tanto, tio. Ouvi direitinho a Mariana falando com as mina. Vanessa mandou a ideia de possar ela mais a pequena, e ai a pequena deixo claro que a Geisa vai tá lá. Pelo que ouvi, o cana não pode da as moral, e vim dar o bonde pra ela voltar, e tu sabe como funciona a dona Morena. Sem bonde, de mercedes é que ela não ia.

- Tu tá falando papo reto? Sem caô?

- Tô te falando, tio. Ela tá lá. Antes de vim pra cá, dei um mix pelo morro. Vi ela na janela, tava sentada lá, olhar perdido, tá ligado?

- Sei não, tio. Capaz de eu chegar lá e ela me mandar vazar.

- Corre o risco, ué. Se ela te mandar embora pelo menos tu tentou.

- Na real mesmo, nem tem motivo pra mim ir atrás. A gente bateu um lero antes. Assunto sério mesmo, saca? Ela falo, eu falei. Comunicação, tá ligado? E não foi de boa. Acho melhor dá um tempo, deixar ela refrescar as ideia, e decidir. 

Negão ficou em silêncio.

- Já que tu resolveu falar - ele começou - Manda a real aí. Tá pensando em abandonar o corre, né  não?

- Não posso abandonar o que nunca participei, suave? So cachorro loco mas não so doido de deixa ela ir desse jeito.

- Tu vai sair do comando, patrão?

- Vou.

- Fácil assim? - ele arregala os olhos

- Vou ficar esquentando a cabeça com tudo isso aqui pra que? Dou chance pra muleque, e mesmo assim pego eles nos beco, fumando um. Ajudo os moradores e tal. Vou continuar ajudando. Mas não do posto que eu já ocupei.

- Tá ligado que se não for tu, vai ser outro pior, e que o morro todo vai pagar por isso.

- Tô sabendo, é isso que me deixa bolado.

- Isso é pelas boca de fumo, né?

- É.

- Se desfaz disso.

- Tá doido, tio? Tá no mundo dos unicórnio? Se eu me desfazer, vem tropa até do outro morro pra cá, ganhar território.

- Tu vai falar com o cana?

- Vou.

- Tu vai se entregar? Tu vai ser preso por tráfico.

- Do jeito que é aqui, saio ainda no mesmo dia.

- Pode crê. Ma, sei não, patrão, tu tá sendo bacana, e tá tudo dois pro morro inteiro. Se tu sair, mundão vai girar, e tudo aqui vai cair. Não é quere fala groseia no teu ouvido, mas poh, mano, tá chave com tu aqui. Nóis tudo se completenta, tá ligado?

- Mano, tu não tá sacando azideia. Eu mais Geisa, é papo reto, tio, é realidade das boa, tá entendo? Não vo perde ela pela sujeira dos otro. So nascido e criado no morrão, cachorro loco memô. Minha história tá aqui. Aqui é pocas ideia, e acho que tu já saco que prefiro ela a tudo isso aqui. O bagulho aqui tá no peito, me sinto no poder e tenho amor pelo povo, tá ligado? Tô refletindo aqui, cabeça tá mil grau.

- Tu vai continuar morando aqui na comunidade, patrão?

- Cê é louco tio, bem fora se acha que vo abandona meu mundão pra dá uma de granfino.

- Então toma as providencia, mano.

- Já tô tomando, fih, vai segurando - virei o boné pra trás - Aqui é poucas, ladrão.

- Ué, que que deu que já tá todo cerelepe?

- Ialá, mas respeito com teu patrão, que ainda tô eu na atividade, tio! - dei um tapa no folgado - Vo encosta pa casa da Cachinhos, fala dos sentimento, fala que vo larga essa vida por ela. Cê é louco tio! A mina me sumiu das vista por anos tio, dessa vez ela não me foge mais não!

- Vai na fé, patrão.

Desci a quebrada na malemolência, doido pra chega na loirinha e manda o papo.

- É hoje, tio, é hoje hein! Segura nóis, ladrão! - gritei pro vento, só no sorriso

Pena, foi, o sorriso morre quando cheguei em frente a casa da loirinha. Tá ligado que, papo do coração, te destrói quando acerta de jeito.

E agora, eu fui esmurrado sem misericórdia.






DE VOLTA AO MORRO - EM REVISÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora