XXVI

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Magrelo...

— Não sei o que é pior, viado. Tu pagando de romantico, ou te ver mais branco que palmito — Gabriel se sentou do meu lado

— Me zoa não tio, tô cansadão. Se ela não gostar disso sei nem o que mais vou fazer pra pequena me perdoar.

O lugar do baile tava daquele jeito, tudo esquematizado pra acelerar o coração da minha princesa.

JP encomendou não sei de onde um tapetão vermelho pra por na entrada, tava tudo no luxo, só granfino no nível. As mesas tinha uma pá de comida daquelas cara pra caramba. A pista tava no estilo, sem uns perreco chamativo, mas que tava no pique, tava.

— Ela vai gostar sim, LM. Fica tranquilo. Duvido tu baixar hospital não, eu hein, nervoso desse jeito vai te um treco.

— Vira essa boca pra lá, Mariana! Só por Deus, eu hein — bufei

— Isso aí, chefia. Te ilude não, Mariana, vaso ruim não quebra — Rodrigo deu uma de zoeiro

— Cala boca ô pneu de bike. Dá jeito na tua vida pra depois vir questionar minha história.

— Ih, a donzela tá na TPM — Hugo se jogou do meu lado

— Pra casar escondido da tua mina tem coragem, pra fazer um pedido de desculpa vira marica? — playboy aparece, com um doce na mão

— Deixa de gula, saco sem fundo. Dalhe a pouco as pessoas chega e tem mais nada aqui — Mariana ralha com o mesmo, pegando o doce da mão de Matheus e terminando de comer

— Vixi, tu pode até ser ousada, mas eu sou mais, fiah. Desencosta do meu cangote — Matheus deu uma de irritadinho, pegando mais um doce

— Ialá, olha o estrume se achando glitter. Pira não, lindo, que encostar em ti tá longe dos meus objetivos.

— Não foi o que pareceu, né fiah, quando tu enfiava tua língua da boca do estrume aqui.

— Cala a boca, cotovia!

— Deu de picuinha aí os dois pompinhos? Vão para um quarto — Gabriel revirou os olhos

Eu ri.

— Só tô esperando Negão voltar do morro vizinho.

— Tá louco por uma treta, né não mano? — Matheus soou todo magodinho

— Pra ver talarico apanhar? Tô as pampa — debochei

— Isso aí é falta de Geisa na cama — Mariana provocou

— Ialá, tá querendo se meter nos meus assuntos porque? Tem dois macho ciscando no teu terreno e quer fiscalizar vida alheia, Mariana?

— Óia só, tá venenosa a víbora — a piadinha de Hugo se dirigiu unicamente a mim

— Tô falando. Isso é falta dos beijo da Geisa. Amanhã isso muda.

— Se ela perdoar ele né — Gabriel falou, me deixando ainda mais nervoso

— Deixa de maluquice, alemão — Rodrigo usou o apelido de infância de Gabriel, chamando sua atenção — A mina é doida pelo cara desde pirralha. Ela ficou bolada mas isso não quer dizer que tenham mudado o sentimento. Papo de coração é mais embaixo que orgulho tio, te liga nos papo.

— Não sei como vai se ligar — playboy se meteu — esse aí teve a chance dele de se amarrar com uma mina responsa e deixou ela vazar por fogo no rabo

— Fogo no rabo é tu que tem, playboy, mira na tua mina e desvia de mim. Se deixei a minha ir foi porque tava desejando outras, ia fazer a bixa de trouxa na minha mão? Sou tu não, Matheus. Tem medo da solidão e fica aí querendo pagar de fodão e dono delas.

Clima pesou.

Matheus tinha uma história pesada nas costas, eu não concordava com as escolhas dele mas não ia me meter.

O cara perdeu os pais cedo, ficou sozinho no mundo. Ninguém da família brotou pra ajudar. Nicolau, o dono do morro do Alemão, passou pra ele a chefia, já que era bom em unir meu morro ao deles.
Era pressão em cima dele adoidado e ai, apareceu a Letícia, feito salvação imediata, pronta pra dar amor.

Geral achava a mina firmeza, que ia pra frente. Uma patacada de mentira. Mina meteu o pé assim que arrancou uma cota de dinheiro de Matheus, e fugiu com um outro vapor. Última notícia que se teve dela foi que tava em sampa, curtindo adoidado as noitada com o dinheiro de Matheus.

O viado imputeceu, agiu feito louco. Bebeu, fumou  e mergulhou de cabeça nessa putaria sem fim, de usar e largar quem ele quiser. Quando ele tava nessa fossa eu tava na mesma, achando que a Geisa não ia voltar, com meus pais a sete palmos do chão, um irmão pra cuidar e um morro como legado. Me afundei junto com ele, mas mantive minha consciência no conforme, no fundo tive esperança que Geisa fosse aparecer do nada e me tirar do atoleiro de merda que minha cabeça tava. E foi dito e feito, quando eu tava prestes a entrar mais fundo na merda, ela apareceu.

Mal sabe ela que eu tinha, um dia antes da chegada dela, marcado um corre. Era um hotel ali do asfalto. Os vapor tava tudo pronto, ansioso pro morro voltar a ativa nos furto, como era quando meu pai comandava.

E então aí Geisa surgiu. De início pensei em me afundar de propósito, só pra mostrar a merda que ela tinha me causado. Mas aí cai na real, vi a infantilidade e a falta de controle que minha mente tava.

Tinha marcado aquele baile pronto pra fazer merda na impulsão, pegar geral e provocar a Geisa.

Fiquei em casa naquele dia, matutando as ideia, pensando nas possibilidades. Percebi que se fizesse essas merdas só perderia o respeito dela e a afastaria de mim, sendo que tudo que eu precisava era o oposto.

Depois disso inverti os planos. Foquei na ideia de demonstrar que eu sentia uma coisa forte por ela, que tava aqui, que iria atrás dela, que tava arrependido pela forma que acabei contudo.

Namoral, meu jeito impulsivo sempre me detona. Tava tudo no esquema. Pronto pra sair dessa vida, falar com ela, ai resolvi que queria casar, que queria ela pro resto da vida. Sei nem o que me deu, quando vi ela já tava assinando o documento e eu arrependido.

Eu não posso perder essa garota.

— Oxi, tá com a cabeça onde, LM? Tamo te chamando a tempos — Mariana estala os dedos na minha frente, me tirando do transe de lembranças

— Tava pensando na morena, né fiah. Que dúvida — Matheus soou sarcástico, ganhando um tapa de Mariana certeiro em sua cabeça

— Já mandei calar a boca, cotovia — disse ela, nos fazendo rir

DE VOLTA AO MORRO - EM REVISÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora