XXVII

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As coisas estavam estranhas

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As coisas estavam estranhas. Bem estranhas. Minha tia conversou comigo sem brigas, contei tudo a ela que, finalmente, se animou e pareceu reconhecer que Luís era diferente, que faria diferente.

Honestamente eu estava cansada de arranjar barreiras e querer resolver todos os nossos problemas assim, de imediato. Fiz muita pressão sobre ele, cobrando e duvidando de mais para quem dava a entender que estava aqui. Acabei surda, sem realmente ouvir, apenas compreendendo na velocidade das minhas opiniões as coisas que ele falava.

Querendo ou não, eu estava feliz, estava casada com o cara que eu amo. Iria poder viver com ele e ter um cantinho só nosso. Não vou dizer que foi tudo como esperado, mas também não nego que se fosse seria tudo óbvio de mais para ser a vida, ainda mais se tratando de quem fazia parte da minha.

Minha admiração por Luís criou raízes. Durante minha conversa com dona Morena deixei meus pensamentos e meus medos se esvairem para pensar como seria daqui em diante. Nossa vida de casados, nosso mundo, nossas coisas, nossos conflitos, nossas soluções.

Mas, voltando ao fato inicial, não era isso que eu estava estranhando, e sim o sumiço das garotas. Não havia sinal de Mariana, Nicoly, Camila nem de Vanessa.

A casa de Luís estava vazia, basicamente abandonada. Sem cristividade pelo cansaço mental que eu tive de passar durante o dia, o sono me parecia uma fuga muito justificável.
E foi assim que fiz. Ou ao menos, assim que tentei fazer.

Já era duas e poucas da tarde. Minha conversa com minha tia me rendeu comidas, um almoço e a cocada que só ela faz mas que eu tive o prazer de ajudá-la a fazer.

Sendo esse horário, foi estranho ver entrar, do nada, uma cambada de gente que parecia mais exausta que eu, porta a dentro. Isso incluía Luís Felipe.

— E aí morena do LM — um dos homens me comprimentou, causando uma revirada de olhos de Mariana

Ué, o que eu perdi?

A cambada de homens suados passou por mim, sorridentes, acenando. Acabei por rir, tamanha surpresa da calorosa recepção.

As garotas passaram por mim, apressadas, fazendo sinais para que eu subisse.

Meneei a cabeça concordando, para logo depois atrair minha atenção para o moreno poucos passos a minha frente. Ele estava distraído com algo no celular enquanto largava a chave da casa nas pequenas madeiras que se encontravam unidas a parede.

Aproveitei o momento. Calmamente, me aproximei. Havia o tratado como frieza nessa manhã, mesmo sabendo que nos últimos dias, desde minha chegada, tudo que esse homem a minha frente fez foi tentar me provar de todas as formas que me amava.

Eu me sentia, sem sombra de dúvidas, sortuda. Sortuda por cada detalhe que compunha aquele ser tão maravilhoso a minha frente. O amor que tinha dentro dele me parecia maior do que a de tantas outras pessoas que já cruzaram meu caminho.

— Oi meu amor — o abracei por trás, dando um beijo molhado em seu pescoço, surpreendendo o mesmo, que teve como reação sua pele arrepiada

Ele se virou para mim, com um sorriso no rosto, me fazendo me sentir ainda mais feliz.

— Oxi, fiah. Saio de casa com uma lição de moral e volto recebendo todo dengo do mundo? Que foi, pequena? — ele me abraçou, puxando-me para mais perto, causando em mim uma pequena inundação concedida pelo cheiro que ele exalava

— Fui muito dura com você essa manhã, amor. Tudo que vem acontecendo é tanta doideira aglomerada que me sufocou naquela hora. Mas eu entendi tudo que fez, entendi que depois desse nosso vai e vem foi seu jeito de mostrar que tua antiga vida tinha sido realmente deixada pra trás.

— Percebeu? — ele soou surpreso

— Percebi sim, meu amor — dei outro beijo em seu pescoço, para distribuir outros mais, até me aproximar de sua boca — Senti tanta saudade disso. Não quero mais ficar longe.

— E tu não precisa, pequena — sua voz denotava tanta urgência quanto meu interior gritava

Tanta recusa ao sentimento, tanta esperança e frustração numa parcela tão pequena de dias só me fazia querer me sentir extramente próxima do homem que eu amava, e principalmente, ser centro de todo amor que ele pudesse me oferecer.

— Amor? — susurrei, em meio a um beijo urgente que tunha tido início a poucos segundos atrás

— O que? — ele soava desesperado, ainda distribuindo beijos pelo meu pescoço

— Tem gente de mais aqui — sussurrei, corando

Ele sorriu, entendendo exatamente ao que me referi.

De repente se afastou, foi até a cozinha, voltando minutos depois, com toda a combada atrás. O garoto que tinha me cumprimentado subiu, para logo após voltar com as garotas a sua volta.

Nessa hora, eu parecia um pimentão, sendo vítima de vários okhares malicosos furtivos, que pareciam ter plena noção de cada detalhe do que aconteceria nessa casa.

— Usem proteção — Mariana gritou, em coro com o tal garoto

  Tapei meu rosto com as mãos, ouvindo os passos de Luís se aproximarem mais e mais.

— Fica a sim não, pequena. Não vamos fazer nada de errado — disse ele, para logo em seguida continuar a distribuir seus beijos

— O que você disse pra eles? — questionei, já envergonhada

Ele deu uma leve risada rouca, evidenciando seu desejo

— Falei que se eles liberassem a casa em menos de cinco minutos, eu pagaria tudo que eles comprassem na pizzaria do seu Júlio.

Eu ri, voltando a beija-lo.

— Senti tanta saudade de nois assim, Cachinhos.

— Faz nem três dias que minha tia nos pegou logo depois, amor, não lembra?

— Pra mim é uma eternidade sem tu — ele deu um breve sorriso, antes de tirar a camisa

— Você ficou chateado comigo, depois de toda nossa enrolação não foi? — ousei o questionar outra vez, puxandomo temível assunto, acabando por tirar minha blusa em sequência

— Fiquei puto por não te ter aqui, mas entendi o teu proceder, assim como sabia que tu tinha noção do meu, pequena — foi as calças que foram vítimas do seu descaso, retirando-as sem cuidado algum

— Então ambos estamos perdoados nesse vai e vem? — retirei a minha

— Não sei qual a dúvida, Cachinhos — ele me pegou no colo de surpresa, me fazendo soltar um arquejo e permitir que um sorriso tomasse conta do meu rosto

— Eu te amo tanto, Magrelo — falei, o beijando, enquanto acariciava seu rosto

Ele subia as escadas com uma precisão incrível, pra quem só fazia me beijar e acariciar comigo no colo.

Pude sentir a maciez da sua cama me envolver, e a pressão dele em cima de mim, sem desgrudar meus lábios dos seus.

A saudade nos fazia ter a sintonia perfeita. Eram tantos conflitos acumulados que, a única coisa que eu desejava era esquecer minha existência por um breve momento e aproveita-lo de todas as formas ao lado de Luís. Ele me alucinava de tal forma que, tudo que eu via e queria aqui e agora, era ele, como uma tábua de salvação, um colete em meio ao oceano.

Nosso beijo se intensificava a cada segundo mais e, após nossas peças íntimas ganharem assas em meio ao quarto, ele parou o beijo, me olhou intensamente, e disse a frase que só me deixou mais desejosa de sua atenção.

— Eu te amo, Cachinhos.

DE VOLTA AO MORRO - EM REVISÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora