XXIV

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— Se acalma, Magrelo — segurei Luís com força

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— Se acalma, Magrelo — segurei Luís com força

— Me acalmar?! Eu vou te matar, Luan!

Estávamos na casa de Luís Felipe. Eu, Vanessa e Luan.

Luís Felipe estava totalmente consternado, tive que pegar uma água pra Vanessa, que não parava de chorar. E Luan tinha um sorrisão no rosto. O que só deixava LM ainda mais puto.

— Tira essa bosta da cara, pia! — Luís tentou se soltar, mas não deixei, peguei com as duas mãos seu braço, o mais forte que deu — Tu tem noção do que tu fez?! Tu tem 15 anos na cara e engravida uma mina de 17, Luan. 17!

Vanessa chamou nossa atenção, com outro soluço.

Já chega com essa palhaçada!

— Luan, te senta. Agora — mandei, apontando pra mesa. — Tu, Luís, senta ali. E tu Vanessa, me acompanha pra cozinha. Vamos deixar que os irmãos se resolvam.

Vanessa foi indo na frente, eu parei, voltei e me agachei ao lado de Luís.

— Fala direito com ele, Magrelo. Ele teve o mesmo pai que tu. Ele ainda não faz nem ideia do que é ser pai. Ele agiu errado, mas precisa do teu apoio, ok? — sussurrei. Ele apenas olhou nos meus olhos, e ali já tive a resposta.

Me levantei, olhando para o Luan.

— Tu, seja maduro nessa conversa. Esquece tua idade e essa paixão pela Vanessa, e foca na criança.

Luan concordou, agora mais sério.

Fui até a cozinha, encontrando uma Vanessa ainda muito abalada.

— Geisa, olha, eu sei que tu não deve ir com minha cara, te dei motivos, mas, preciso desabafar — ela se escorou no balcão, com as lágrimas escorrendo pelo rosto.

Me aproximei, abraçando a mesma, e fazendo carinho em seu cabelo.

— Pode falar, tô aqui.

— Começou no dia que fui atrás do LM, no topo do morro. Ele me dispensou, e ai fui pro par da dona Carmem. Eu acabei bebendo um monte. Luan veio, me consolou, falou uns papos maneiros sobre eu ter que me amar mais, e que tinha moleque pelo morro doido por uma chance comigo. Eu tava fora de mim pela bebida, e aí, comecei a tontear. Ele me levou até em casa, me colocou de baixo do chuveiro, com roupa e tudo. Me ajudou mesmo. No dia seguinte acordei com a cabeça doendo, e dormindo abraçada nele. Ele levantou e eu fingi que tava dormindo. Ele sumiu por uns tempos e achei que ele tinha ido embora. Ai ele chegou no quarto, eu tava sentada na cama. Ele tava com um prato na mão, uma torrada, um suco e o remédio pra dor. Sei lá, na hora eu agi feito idiota, coloquei o menino pra fora, falei que precisava de espaço e agradeci. Ai ele voltou pela noite, e sei lá, eu já tava toda derretida com ele, e ai, bom, o clima rolou. Na manhã seguinte ele veio com uns papo de sentimento, de sempre ter sido apaixonado por mim. Eu fiquei assustada, e me sentindo culpada, e ai mandei ele pra fora.

Estranhei.

— Se sentiu culpada?

— É que, bem, eu... eu fui a... a primeira... dele

Eita lasqueira

— Tiro foi certeiro hein — tentei descontrair, o que não foi legal da minha parte

— Eu evitei ele, Geisa, evitei mesmo. Ele não saia da minha cabeça, ai teve um dia que a gente se embolou em um beco, e acabou que tivemos uma recaída, mas não passou de uns beijos. Ai passou um tempo e, sei lá, comecei a enjoar, a tontear, e fui no médico — ela parou, pegando a bolsa — o exame tá aqui.

— Boooom — tentei pensar em algo pra falar — Vindo com saúde tá tudo nos conformes, né não?

— Não, Geisa, não tá! Não era isso que eu queria pra mim. Eu queria ter uma família, um amor de verdade. Mas eu nem tenho certeza se vou ser uma mãe dahora pra criança — ela voltou a chorar

— Hey — segurei o queixo dela, a fazendo me olhar — Ninguém tá preparado. Mas pensa bem, se aconteceu era porque era pra acontecer, era plano de Deus. Se sentir culpada ou se por como uma qualquer não vai te ajudar, nem será a verdade. Tu tem 17, e não vou mentir, tua vida não vai ser fácil daqui em diante, mas olha tudo que tu passou. Viu mãe e pai morrer em invasão, tua tia te criou daquele jeito solto. Tu procurou amor, e agora vai ter o que tu vai sentir pela criança e o dela por ti. Luan pode ser um pivete, mas é menino trabalhador, e não vai deixar te faltar nada, nem pra ti nem pra essa criança. Esquece essa besteira de medo, e aproveita. Olha que louco — passe a mão na barriga dela — tem alguém crescendo aqui, que já te ama de mais.

— Mas, Geisa, eu não sei nem cuidar de mim — ela limpou os olhos, que já estavam inchados

— Tudo no seu tempo, Vanessa. Apenas vive e curte esse momento sem pensar no lado ruim, okay?

— Obrigada — ela me abraçou apertado, toda chorosa. Quando se afastou, soltou uma leve risada. — Deve ser a gravidez me deixando sensível já.

— Deve — eu dei risada — Mas vem cá, vamos subir, arranjar um quarto pra ti descansar.

— Certeza, Geisa? LM não gosta de gente aqui.

— Deixa que com o Magrelo eu me resolvo. Agora vem, vamo subindo que tu tem muito pra descansar.

Honestamente, eu não conhecia a casa, mas ia conhecer.

Tinha um quarto, logo antes de um quarto que descobri ser o do Luan. Um quarto vazio, de paredes brancas, móveis de madeira davam formas a um guarda-roupa, uma escrivaninha, e um criado-mudo, que fazia companhia a uma cama de lençóis na cor creme.

De certeza que era o quarto de hóspedes.

— Aqui, fica nesse. — eu já ia saido pra dar privacidade para Venessa quando a senti segurar meu braço

— Minha tia me colocou pra fora quando descobriu. Disse que me venderia pro LM, e veio com aquele papo de que eu deveria pedir dinheiro e tirar a criança. Eu disse que não, e ela me expulsou. Ficou com minhas coisas, e me deixou sair só com a roupa do corpo.

Observei o short jeans, e a blusa preta solta, que ela teajava, reparando apenas agora, que realmente a roupa que ela usava não era uma em que Vanessa iria a um baile, nem muito menos, que diria estar grávida do irmão do dono do morro.

— Vou falar com o LM, ver de comprar umas roupas. Fica tranquila, vai dar tudo certo.

Ela assentiu, e suspirou, fechando a porta.

Respirei fundo, que dia.

Foi ai que algo me chamou atenção. Uma porta entre-aberta, no final do corredor. Sem me conter, andei até lá, e abri a porta, curiosa.

Me deparei com o quarto de Luís.

Móveis escuros, uma cama enorme, e uma parede com fotos, pegava parte de seu guarda-roupa.

A bem da verdade, aquilo não podia ser chamado de "parede de fotos" já que pegava apenas o vão entre o guarda-roupa e a parede.

Observei uma por uma. Eram fotos minhas, fotos minha e dele, de pequenos até namorados. Entre elas, tinhs fotos da mãe de Luís, soltas, segurando ele e em outras Luan, no colo. Abri uma porta do guarda-roupa, onde as fotos acabavam, e encontrei mais delas. Dessa vez recentes, minha dormindo, ele fazendo careta do meu lado, eu no primeiro baile, sentada, e mais fotos dele.

Uau.

Quando Mariana falou, não imaginava que fosse realmente assim, tão real e fofo.

— Parece que encontrou meu esconderijo — a voz dele soou em minha nuca, me arrepiando

DE VOLTA AO MORRO - EM REVISÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora